A diferença entre Luciano Huck e Deus

Quem já gastou algum tempo assistindo ao programa Caldeirão do Huck certamente já se emocionou ou deu boas risadas acompanhando os diversos quadros da atração global. Com destaque para os quadros copiados de programas norte-americanos, como “Lata Velha” e “Lar Doce Lar”, o paulista Luciano Huck ganha a cada dia status de um excelente empreendedor social, impulsionado também pelo cargo de criador e diretor-presidente do Instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias, uma ONG que promove o desenvolvimento social, profissional e pessoal de jovens por meio do audiovisual.

Sustentabilidade a parte, há algo de cômico e intrigante nos quadros do programa de Huck: a solidariedade barganhadora do apresentador. Funciona assim: “Eu reformo teu carro, mas para isso, você precisa se sujeitar a um número, fazer uma apresentação artística imitando, cantando, dançando, desde Ney Matogrosso até Silvio Santos, e se o público apoiar, aí sim, você terá o seu carro de volta”. Há também atividades lúdicas, com gincanas de escoteiros e coisas do tipo, tudo para obter o fim: a reforma da casa, por exemplo.

Este tipo de programação não só atrai o público como gera receita, como a atração de Huck, que está no mesmo horário do célebre programa do Chacrinha, e é líder de audiência no horário há um bom tempo.

No atual contexto eclesiástico evangélico, enganadamente, acontece quase que da mesma maneira da atração global. Deus, como uma espécie de Luciano Huck, se propõe a fazer favores a nós, e espera que assumamos performances ridículas, como castidades, atos proféticos, práticas religiosas não fundamentadas, “submissão” a líderes inescrupulosos, orações poderosas, campanhas e muitas outras atrações. E na mesma forma que Huck, só recebemos os favores de Deus se formos aprovados pela “plateia eclesiástica”, que inclusive nos aplaudirá caso consigamos cumprir, quesito por quesito, a “prova” proposta. Leso engano.

Enxergo aqui então, uma diferença abismal entre Luciano Huck e Deus. O Deus vivo não espera nada de nós para nos conceder seus favores, por isso tudo quanto recebemos, o recebemos pela graça. Alguns poderiam dizer que Ele espera de nós a fidelidade. Leso engano. Afinal, o que seria de nós se a fidelidade de Deus dependesse da nossa, se em verdade foi por pura obra de amor e misericórdia que ele nos deu vida? Não estaria contraditório à palavra que diz que estávamos mortos em transgressões (Efésios 2)?

Deus é fiel, não ao homem, mas à Ele e principalmente à Sua Palavra, pois garantiu que sempre estaria de braços abertos e amorosos para os receber, e é exatamente por sua fidelidade que a promessa se cumpre.

Ainda assim, outros também poderiam dizer que Ele espera de nós a santidade. Vejam só, a palavra santo, tanto no grego “hágios”, quanto no hebraico “kadosh”, denotam o mesmo significado, “separado” por Deus e para Deus. É Deus que nos separa para nos tornar santos. O tornar santo de Deus significa nos tornar cada dia mais parecidos com Cristo, pequenos cristos, “petrus” (pequenas pedras) da “Petra” (rocha, Cristo). Ora, a santificação vem também de Deus, não de nós.

Por fim, diante disso, alguns de vocês diriam que Deus espera de nós a fé. Mas incrivelmente e paradoxalmente, a fé que temos, que agrada à Deus, vem do próprio Pai, de acordo com Paulo em Efésios 2:8, e através do próprio filho Jesus Cristo, autor e consumador da fé, conforme ressalta o autor de Hebreus no versículo segundo do capítulo doze.

Fujamos todos do humanismo cujo a tônica é dizer que você pode fazer algo para que Deus se lembre de você, pois contrapondo a isso, o cristianismo afirma que você precisa de Deus e não que Deus precisa de você, das suas habilidades, do seu sacrifício, do seu dinheiro, como o humanismo ressalta. Triste e falsa ideia da modernidade.

Deus não é, de fato, o Luciano Huck. No “Caldeirão de Deus”, quem manda é Ele. O favor Dele para conosco, depende somente de sua soberana vontade. Não existe fé, santidade, oração poderosa que faça com que a mão de Deus se mova. A única coisa que faz a mão de Deus se mover é a sua soberana vontade. Ele, que diz “o meu propósito ficará de pé e farei tudo o que me agrada”(Isaías 46:10). Abandone o humanismo e venha conhecer a paradoxal loucura de 1 Corintios 1:18.

Ter isso em mente é simplesmente maravilhoso. Estamos com o Deus que não tem sua vontade manipulada por nós e nem por ninguém, mas faz tudo segundo o conselho da sua soberana vontade. E que além de tudo é um Deus Bom, de Amor e Santo, e que também faz tudo cooperando para o bem daqueles que o amam, e faz infinitamente mais do que pedimos ou pensamos. Loucura, loucura, loucura!


Por Luciano Bruno

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