Temos uma mensagem pra você!

Nesse momento de felicidade onde todos esquecem a condição financeira, raça, cor da pele, religião, nível intelectual, enfim, onde todos abrem mão das diferenças e de mãos vazias abraçam o próximo e comungam da felicidade que envolve o coração, escorre pelos olhos e toca o próximo num confortável abraço e num caloroso beijo. 

Se existe prova maior da existência de Deus que se apresente agora! 


É nessa época que nossa humanidade se revela e, por incrível que pareça, nos tornamos mais humanos. Que maneira melhor haveria de se despedir de um ano e entrar em outro? Que possamos prolongar esse clima durante toda a nossa vida! Que os próximos 365 dias que temos pela frente sejam para descobrir Deus no próximo e ama-lo de forma espontânea e sincera. 

Que 2012 seja um ano que acordemos para plantarmos amor e regarmos amizades. Dessa forma ao invés de nascer um jardim, o próprio Deus nascerá em nós e seremos, como nos velhos tempos, imagem e semelhança dEle!

Não desejo que Deus vos abençoe porque isso Ele já fez. Ele te deu o dom de viver. Isso é mais que uma benção. Mas desejo do fundo do meu coração que você seja uma maneira de Deus abençoar a vida dos outros. Ele já te abençoou. Agora cabe a você compartilhar essa benção. A vida! 

Viva o melhor que puder, ame o máximo que conseguir, sem esperar retribuição. Plante uma árvore mas não espere frutos dela. Eles são apenas uma consequência da sua atitude. Ame porque amar é divino. Não porque você será correspondido. Entenda que a única retribuição que devemos esperar do amor é ter alguém pra amar. Faça como Deus! Não ame alguém porque ele merece, ame porque ele precisa!

Isso é o evangelho. Isso é a vida. Isso é Deus!

Agradeça a Deus todos os amores, as decepções, conquistas, lágrimas, os amigos, parentes, as farras, os momentos de paz e de impaciência, os dias de sol e de chuva, os amores não correspondidos, as viagens canceladas, as fotos mal tiradas que nunca foram postadas, os amigos que marcaram, os inimigos perdoados,  agradeça a Deus pelas lutas e pelas perdas, pelo silêncio e pela resposta, pela salvação e pelo perdão! 

Que Deus seja procurado por você durante todos os dias que você tiver pela frente, que Ele se revele a você em coisas simples do cotidiano, que você o sinta de uma forma tão grandiosa que isso te leve a contar aos outros o quão louco isso é! 

Pra 2012 e os restantes dos seus anos, o JovenSapiens pede apenas uma coisa pra você: 
"Experimente Deus e o compartilhe com os outros!"

Abençoe!


Eliab Alves Pereira

Involução - Por Billy Graham

Durante a era Brezhnev, no auge da guerra fria, Billy Graham visitou a Rússia e encontrou-se com líderes do governo e da igreja. Os conservadores de seu país reprovaram-no por tratar os russos com cortesia e respeito. Ele deveria ter assumido um papel mais profético, disseram, condenando os abusos dos direitos humanos e da liberdade religiosa. Um dos críticos acusou-o de fazer a igreja retroceder cinquenta anos. Graham ouviu, abaixou a cabeça e respondeu: "Estou profundamente envergonhado. Tenho me esforçado muito para fazer a igreja retroceder 2 mil anos."

A alma que me cabe! (Vídeo)

As duas quedas de Ted Haggard

Um santo a menos e um ser humano a mais, e ainda um pecador impenitente.

Ted Haggard era até semana passada pastor principal da New Life Church, uma mega-igreja com 14 mil membros e dezenas de ramificações sediada em Colorado Springs. Um dos evangélicos mais influentes dos Estados Unidos, Haggard era presidente da Associação Evangélica Norte-Americana (que reúne 45.000 igrejas e 30 milhões de membros) e tinha encontros semanais com o presidente Bush e outros oficiais da Casa Branca. Ted Haggard era porta-voz exemplar dos valores associados aos evangélicos tradicionais, defendendo por exemplo o criacionismo contra ateístas articulados e ativistas como Richard Dawkins, e participando ativamente da campanha para limitar os direitos dos homossexuais no seu estado.

Na quinta-feira Haggard afastou-se voluntariamente de seus cargos na igreja e na Associação Evangélica, a partir de uma acusação de envolvimento com drogas e prostituição. Um sujeito chamado Mike Jones, ex-prostituto homossexual, alegara numa entrevista que durante três anos tinha vendido acesso a seu corpo e à droga meth a um homem que descobriu mais tarde, assistindo televisão, ser o pastor Haggard.

Mike Jones, que se afirma cristão, disse que o que motivou a vir a público com a sua denúncia foi descobrir que Ted Haggard e sua igreja apoiavam ativamente a proposta para tornar ilegal no Colorado o casamento de homossexuais. “Chorei muitas noites, em dúvida sobre se deveria fazer isso… mas concluí que era a coisa certa a se fazer”. Segundo Jones ele e Haggard viam-se cerca de uma vez por mês, e o pastor pagava 200 dólares em dinheiro por uma sessão de menos de uma hora. “Não era emocional”, garante Jones. “Era coisa física, estritamente física”. Jones afirmava ainda ter gravações “reveladoras” da voz de Haggard tiradas da sua secretária eletrônica.

A primeira reação de Haggard foi negar por completo as acusações. “Nunca tive um relacionamento homossexual com quem quer que seja. Estou firme com a minha esposa. Sou fiel à minha esposa,” disse Haggard, que é casado e tem cinco filhos. Perguntado se conhecia seu acusador, Mike Jones, garantiu que não, explicando ainda que afastara-se temporariamente do pastorado porque não podia “continuar a ministrar debaixo da nuvem criada pelas acusações feitas na entrevista de rádio desta manhã”.

No dia seguinte Haggard viu-se forçado a modificar sua versão. Ele agora admitia ter recebido uma massagem do homem que o acusava, mas negava ter mantido relações sexuais com ele; confessava ter comprado metanfetamina, mas “tinha comprado por curiosidade e jogado fora”. Para acreditar nessa versão era preciso mais fé do que na primeira, mas os membros da New Life Church estavam ali para fornecer esse improvável apoio. “A reação na igreja foi de tristeza e surpresa”, disse um dos pastores associados, “mas acreditamos nele. Estamos do lado dele”.

No sábado, no entanto, o corpo administrativo da igreja decidiu pela exclusão definitiva de Haggard, porque uma investigação interna havia “provado sem qualquer dúvida que o pastor Haggard cometeu conduta sexual imoral”.

Um trecho da declaração:
O texto do estatuto da nossa igreja afirma que na qualidade de supervisores devemos decidir, em casos em que o pastor principal demonstrou “conduta imoral”, se devemos “afastar o pastor de sua posição ou discipliná-lo do modo como acharmos necessário”.
Em consulta com líderes evangélicos e especialistas no tipo de comportamento demonstrado pelo pastor Haggard, decidimos que a medida mais positiva e produtiva para nossa igreja é sua dispensa e remoção (dismissal and removal).

Finalmente, pressionado por todos os lados e três dias depois da acusação inicial, Haggard admitiu, numa carta lida para sua congregação no domingo de manhã, ser culpado de “imoralidade sexual” e de ter cedido aos impulsos “sombrios e repulsivos” (dark and repulsive) que o “perseguiram durante toda a vida”.

Trechos da carta:

Por longos períodos eu conseguia desfrutar da vitória e regozijar-me na liberdade. Mas periodicamente a sujeira de que eu pensava ter me livrado voltava à superfície, e eu me pegava acalentando idéias e experimentando desejos contrários a tudo que eu cria e ensinava.
As acusações feitas contra mim não são todas verdadeiras, mas uma porção suficiente delas é verdadeira para justificar que eu tenha sido afastado.

Ted Haggard não é o primeiro pastor evangélico envolvido num escândalo sexual extra-marital, mas é certamente o primeiro do seu porte a ser pressionado a admitir uma transgressão que é tida nesse meio como particularmente abominável e sórdida, a relação sexual entre homens.

O que acho revelador neste caso é que no fim das contas, para si mesmo e para seus pares, a transgressão essencial de Haggard foi mesmo ter cedido a uma “conduta sexual imoral”. Qualquer outra eventual falha de caráter não é para comparar com a enormidade dessa baixeza, e é manifestamente por causa dela que o corpo administrativo da igreja viu-se forçado a remover do cargo o seu pastor. As verdadeiras falhas morais, fica implícito nessa reação coreografada, são todas da carne, e devemos orar no sentido de ver restaurada a castidade do pastor.

Essa linguagem supostamente piedosa só serve como cortina de fumaça para encobrir a verdade, que o pecado essencial de Haggard não foi – e nunca é – sexual.

Os cristãos podem ostentar um longo currículo de glorificação do sexo via sua demonização, mas não era assim no tempo e na ótica de Jesus. É natural que Jesus não ignorava o terrível potencial do sexo para promover o rompimento de relações entre gente que deveria se amar e respeitar; no seu tempo o emblema mais evidente desse potencial estava no adultério.

A diferença está em que Jesus não escolhia ignorar, como fazemos, que a imoralidade sexual (entendida como qualquer desejo ou conduta sexual que acaba promovendo alguma ruptura num relacionamento que deveria se caracterizar pela integridade) é coisa tão generalizada que se formos julgados ou julgar por ela não restará um sequer para continuar tocando o barco.

Para começar, Jesus minou nossas mais queridas seguranças quando opinou que sexo na cabeça é indistinguível do sexo no corpo: basta desejar uma mulher para ter adulterado com ela “no coração”. Jesus não estava com isso sustentando a ilusão de que com alguma disciplina nossas cabeças podem viver livres de imoralidade sexual; ele queria demonstrar o contrário, que os mais castos na carne permanecem ainda culpados dela.

Para Jesus, que não tinha aparentemente as nossas ilusões, a imoralidade sexual é coisa generalizada: um homem não vai pagar um prostituto apenas por uma massagem, e uma mulher não vai tirar água do poço fora de hora se não tiver mais do que um marido para esconder. O espírito pode estar muito vivo e bem-disposto, mas a carne não está morta. Numa das passagens mais esclarecedoras da sua postura a respeito do assunto, Jesus pede aos fariseus que estão “sem pecado” que atirem a primeira pedra numa mulher apanhada em adultério. Tremendamente mais honestos do que nós, os desafiados afastam-se um a um, dos mais velhos aos mais jovens. A coragem e honestidade desses homens fica enfatizada na confissão tácita, devido à peculiaridade da circunstância, de que seu pecado também era de natureza sexual. Os fariseus daquela época eram – pasme-se – menos fariseus do que nós.

Finalmente, quando todos os acusadores partem sentindo-se culpados e deixando em paz a mulher adúltera, Jesus exibe uma postura inesperada e maravilhosa, que os cristãos de todas as épocas têm encontrado a maior dificuldade para engolir. O Filho do Homem rejeita a solução simples que seria dizer “Eu te perdôo” antes de concluir com o conhecido “Vá e não peques mais”.

Embora reconheça a pisada de bola da mulher e recomende que ela não caia mais nessa roubada, o que Jesus diz a respeito da conduta da adúltera é – surpreendentemente, terrivelmente, inconcebivelmente – “Eu também não te condeno”.

O termo grego para condenar pode ser traduzido intercambiavelmente como “julgar”. A postura de Jesus nessa passagem pode ser então reconstruída da seguinte forma: “como vejo que o pecado sexual é coisa tão generalizada e inescapável (‘onde estão os que te acusavam?’), recuso-me a julgar você a partir dela. Agora me deixe em paz escrevendo na areia antes que eu perca o fio da meada. E não me faça mais isso”.

A posição de Jesus a respeito da imoralidade sexual é essencialmente essa: eu não condeno você. Há naturalmente o adendo, “não faça mais isso”, mas esse condição só se torna ao mesmo tempo concebível e atraente quando você absorve a manignanimidade da postura inicial. Esse sujeito saca qual é a minha e mesmo assim não me rejeita. Ele conhece meus impulsos e atos mais “repulsivos e sombrios”, e só pede que eu não ceda a eles por amor à minha integridade, e com a autoridade singular de quem não me condena por eles.

Enquanto isso vejo as imagens de arquivo da congregação da New Life Church chorando diante da leitura da carta em que Ted Haggard confessa sua imoralidade sexual. Nosso grande e querido líder caiu na carne e da forma mais grotesca, é o que sentem e lamentam os membros daquela igreja, convidando-nos assim a sentir e lamentar o mesmo. Porém se choramos por essa razão pré-codificada demonstramos não ter uma sombra da maturidade de Jesus, que sabia que o teor da carta de Haggard poderia permanecer inalterado e se aplicaria ainda assim a todos e a qualquer um. Qualquer membro da New Life Church, qualquer cristão de qualquer época; eu, meu pai, minhas irmãs, todos os papas, Billy Graham, Madre Teresa, Martin Luther King ou Martinho Lutero. Não há um santo sequer, não há um com a ficha limpa em atos e intenções. Deveríamos estar chorando a nossa própria incongruência, e não celebrando com nossas lágrimas a captura de mais um conveniente bode expiatório, em quem projetávamos a santidade que sabemos não ter.

Ainda mais revelador nas lágrimas da New Life Church diante dessa confissão de “imoralidade sexual” é que elas comprovam que os membros da igreja ansiavam por um líder que se definisse essencialmente pela sua castidade – dito de outra forma, ansiavam por um líder espiritual que se definisse pelo sexo. Eles não estariam chorando da mesma forma se Haggard tivesse sido apanhado meramente roubando um banco, transando drogas ou contratando um hitman para apagar Richard Dawkins. Uma igreja obcecada por sexo: é o que dois mil anos de cristianismo conseguiram produzir. Você, caro pastor, precisa ser dispensado e removido da nossa presença por não se mostrar à altura dos padrões que ninguém consegue seguir, mas pelos quais fingimos nos definir. Que venha outro que tenha a decência de manter seus impulsos no campo da intenção.

Eu não condeno você, é o que Jesus teria dito a Ted Haggard.

Não por isso, pelo menos.

Porque o mesmo Jesus que acolhia com paciência prostitutas, adúlteros e reincidentes (setenta vezes sete, e contando) não demonstrava um mínimo de compaixão diante de quem se rebaixava à hipocrisia. Da inconsistência sexual aparentemente ninguém escapa, mas cometer hipocrisia é que era para Jesus pecado particularmente abominável, o impulso “sombrio e repulsivo” por excelência. Ele reservava todo um repertório de imprecações (ninhada de víboras, impostores, carne em decomposição dentro de sepulturas bem pintadas) para condenar (agora sim) os que se alardeavam como santos e exigiam dos outros a postura que não sustentavam nem mesmo para si.

Ai de vós também, intérpretes da Lei! Porque sobrecarregais os homens com fardos superiores às suas forças, mas vós mesmos nem com um dedo os tocais.
Lucas 11:46
O Senhor, porém, lhe disse: Vós, fariseus, limpais o exterior do copo e do prato; mas o vosso interior está cheio de rapina e perversidade.
Lucas 11:39

Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque fechais o reino dos céus diante dos homens; pois vós não entrais, nem deixais entrar os que estão entrando!
Mateus 23:13

Hipócritas! Bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.
Mateus 15:7-9

Guias cegos, que coais o mosquito e engolis o camelo!
Mateus 23:24

Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia!
Mateus 23:27

Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também. Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão.
Mateus 7:1-5


E castigá-lo-á, lançando-lhe a sorte com os hipócritas; ali haverá choro e ranger de dentes.
Mateus 24:51

A queda de Haggard deixou expostas não apenas a fragilidade do discurso evangélico, mas as engrenagens do mais essencial mecanismo psicanalítico: no campo sexual, sentimo-nos estranhamente atraídos e vivemos paradoxalmente obcecados por aquilo que passamos a vida condenando. Talvez seja por isso que a sentença eu-não-condeno-você de Jesus seja tão excepcionalmente rara: porque para proferi-la sem que seja só da boca para fora (e no meu caso é naturalmente apenas da boca para fora) é preciso que o sujeito não tenha ele mesmo nenhuma neura sexual.

O pecado que Haggard e seus amigos deveriam estar lamentando não é a imoralidade sexual, pela qual Jesus recusou-se a julgar, mas a hipocrisia, que ele não se cansava de denunciar. Concentrar nossa atenção no aspecto sexual da transgressão é mero artifício a fim de sustentar a farsa que a conduta insuficiente de Haggard ameaçou por um momento derrubar. Alguém coloque outro depressa no lugar: preciso de um homem para idealizar, e é pra agora.

A grande mancada de Ted Haggard foi a segunda. Não está em ter cometido a gafe de ser apanhado no que outros tomam maiores cuidados para não trazer a público, mas em recusar-se a encarar e expor a extensão da sua hipocrisia e da nossa.

A transgressão que deveria estar sendo exposta e chorada neste momento é a única que tirava do sério o homem que afirmamos seguir: a hipocrisia religiosa. A hipocrisia é uma forma brutal de incredulidade, de tirania e de rebelião. Hipócrita é quem vive gastando recursos para sustentar uma ilusão, porque prefere de longe esse terrível investimento a ter de enfrentar a realidade da sua insuficiência e contradição essencial. É pagar a máscara de sanidade para não ter de encarar a necessidade de recorrer ao médico. É desclassificar os outros por aquilo que nós mesmos não somos capazes de resolver. É projetar sobre os outros a culpa que é essencialmente nossa.

Jesus era conhecido por congraçar-se com pecadores e prostitutas; Ted Haggard, por outro lado, nunca mais será visto entre homossexuais, mesmo que já tenha descoberto que não precisava pagar para desfrutar da companhia deles.



Texto de Paulo Brabo


Graça - Por Bono Vox

Eu nunca tive problemas com Cristo, mas os cristãos sempre me deram dor de cabeça. E eu costumava evita-los se pudesse. Eu sempre os achei completamente desinteressados culturalmente, politicamente. Achava muito difícil ficar à vontade com eles. Eles pareciam tão estranhos para mim, e estou certo de que eu era estranho para eles.

E apesar de tudo isso eu encontrei algumas pessoas na escola que conheciam as Escrituras. Foi um momento bom, quando algumas pessoas se interessaram muito pela igreja primitiva e a possibilidade de imitá-la.

Mas os cristãos podem ser muito críticos, e, particularmente quanto à aparência das pessoas ou o modo como tocam a vida. Eles têm a tendência de julgar as pessoas por seus problemas superficiais. Imoralidade sexual, essas coisas, são a preocupação histórica da igreja, enquanto que a avareza política ou coisas assim nunca são mencionadas.

Estou bem certo de que o universo opera pelas leis do “karma” e que todas as leis físicas mostram que aquilo que você semeia é aquilo que você colhe. E aí a história da Graça entra em cena, que é de fato a história de Cristo e que vira essa visão do universo de cabeça para baixo.

Ela é completamente contra-intuitiva. Quero dizer, é muito difícil para os seres humanos entenderem a Graça. Podemos entender a propiciação, vingança, justiça… Tudo isso pode ser compreendido, mas não entendemos a Graça muito bem.

Estou muito mais interessado na Graça porque dependo dela, preciso dela desesperadamente. Se eu viver por meio do “karma”, estou com grandes problemas.

Jesus foi como Charles Manson, um maluco total, ou, em minha opinião, foi quem ele disse que era [filho de Deus]. E estamos diante de uma escolha muito difícil.

Porque esse homem foi para cruz dizendo que era aquele que havia sido anunciado e que era Deus encarnado e que Deus amou o mundo tanto que ele tentou se explicar ao mundo tornando-se um de nós?



Bono Vox
Em entrevista para Bill Hybels.

Evangelho e Religião

Se você pensa que realmente entende o evangelho − não entende, não. Se você pensa que nem começou a entender verdadeiramente o evangelho − você entende, sim. Por mais importante que seja a nossa “teologização do evangelho”, ela, sozinha, não alcançará nosso mundo. Hoje em dia, as pessoas são inacreditavelmente sensíveis à incoerência e à falsidade.
Elas ouvem que o evangelho ensina, e então olham para as nossas vidas e vêem a diferença. Por que devem crer?

Temos que reconhecer que o evangelho é algo transformador, e nós simplesmente não somos muito transformados por ele. Não é suficiente dizer às pessoas pós-modernas: “Você não gosta de verdade absoluta? Bem, então vamos lhe dar ainda mais verdade absoluta!” Mas as pessoas que se esquivam tanto da verdade absoluta precisarão ver maior santidade de vida, a graça na prática, o caráter evangélico e a virtude se desejarem crer.

Tradicionalmente, este processo de “percepção do evangelho”, de modo especial quando ocorre corporalmente, é chamado de “reavivamento”. A religião opera segundo o princípio: Eu vou obedecer; por isso, sou aceito (por Deus). O evangelho opera segundo o princípio: Eu sou aceito, por meio da preciosa graça de Deus; por isso, vou obedecer. Duas pessoas vivendo nesses dois princípios podem se sentar uma ao lado da outra na igreja no domingo, tentando fazer as mesmas coisas − ler a
Bíblia, obedecer aos Dez Mandamentos, ser ativo na Casa de Deus, e orar − mas por duas motivações completamente diferentes. A religião motiva a pessoa a fazer o que faz por medo, insegurança e virtuosismo, mas o evangelho a motiva a fazer o que faz, cada vez mais, por alegria e gratidão àquele que é o próprio Deus.


Texto de Tim Keller
no livro A Supremacia de Deus em um Mundo Pós-Moderno

Silêncio

Silêncio. Quem o busca intencionalmente? Quem o encontra?

No silêncio discernimos melhor as vozes. Somos tomados de coragem para abandonar a tagarelice e os elogios falsos. Somos animados a buscar palavras verdadeiras, e não discursos eloquentes.

Deveria ser o silêncio o passo seguinte ao som; afinal, são irmãos. Um precisa do outro para que a vida seja compreendida.


No silêncio a alma fala mais alto que a carne.

O silêncio faz parte dos planos de Deus. Após o aguardado e temido sétimo selo (Ap 8), veio um profundo e universal silêncio. O silêncio também é revelação.

Nem perguntas, nem respostas. Há momentos em que o melhor é o silêncio. Ele ilumina as perguntas e as respostas.

Que o silêncio me encontre.



Texto de Fatos e Correlatos

Ele preferia os pecadores!

Um tema um tanto relevante o de hoje. Não estou aqui para ser polêmica, só quero apresentar algo que eu acredito ser o ideal e talvez a solução pra tantos conflitos. Vou contar uma situação que passei um tempo atrás e que fez dessa minha opinião o motivo de muitas causas da minha vida.

Num belo sábado à noite, entrou na igreja eu, uma amiga, e 2 caras pra assistir o culto. Mas estes não eram caras “normais”. Um tinha um moicano enorme e duro, correntes, calça rasgada e uma camiseta de uma banda de metal. O outro usava uma capa preta até os pés, lápis preto, e um crucifixo. Ao colocar os pés dentro da igreja roubamos a atenção de pelo menos metade dela, e quem dera fossem olhares de compaixão. Enquanto caminhávamos em direção ao banco, orava em pensamento pra que eles não percebessem os olhares de reprovação que recebiam, mas foi inevitável. Claro, não são burros. Conclusão: Fiz tudo o que pude naquele dia, e minha amiga também, mas eles nunca mais voltaram na igreja.

Criamos em nós barreiras usando como base o próprio cristianismo, ou melhor, a base doutrinária. A igreja nos impõe seus dogmas e doutrinas e os aceitamos sem ao menos saber o porquê daquilo tudo. E é quando surge o preconceito.

“Por que na casa do Senhor, tem que se vestir com decência, respeito e reverencia.” – Cara, isso é verdade, mas porque é verdade eu tenho que vestir uma burca pra ir ao culto? Ou eu uso saia ou terno, ou não estou respeitando a casa de Deus. Muitas igrejas pararam com isso já, não são tão radicais… mas e nesses casos que contei acima? É algo muito mais sério que só a roupa que visto.

LEGALISMO. É essa a palavra. Crentes tão radicais em tantos assuntos, que na hora de por o amor em prática, parece que se esquecem do 2º maior mandamento. E na moral, to cansada disso tudo. Invés de pontes, a igreja tem construído muros, e isolado cada vez mais os crentes do mundo real. E qual é a real? As esquinas e sua sala estão cheias de prostitutas, os becos e o centro da cidade estão cheios de drogados, nos hospitais e nas grandes empresas tem pessoas sem esperança. E a igreja está lá, lá dentro de quatro paredes.

Punks, hippies, rastas, emos, e todos aqueles gêneros do underground, quando vamos alcançar esse povo Igreja? Jesus preferia a companhia de pecadores a fariseus religiosos.

Paulo foi aquele que se fez um para com todos, a fim de alcançar alguns. Eu quero imitar Paulo porque Ele decidiu imitar Jesus. Eles não queriam ficar dentro dos templos, de terno e com uma bíblia de capa preta debaixo do braço que só servia pra pegar cheiro de desodorante.

Jesus parou tudo pra olhar nos olhos de Bartimeu para que assim ele pudesse olhar os seus. Jesus posou na casa de Zaqueu, o cobrador de impostos. Ele conversou com Nicodemos, o fariseu líder dos judeus, na madrugada. Ele largou a multidão a pedido de Jairo, para ressuscitar uma criança. Jesus percebeu a mulher com hemorragia. Ele deu atenção ao pedido do ladrão na cruz. (sacou os verbos?)

As atitudes de Jesus só tem que trazer VERGONHA a esse povo (no qual, me incluo) que se dizem cristãos (pequenos cristos). Eu acho que temos que ler mais a bíblia e ir mais ao cemitério. Pensar um pouco sabe. As pessoas estão morrendo todos os dias aos poucos perto de nós, e mais, pessoas estão morrendo de verdade perto de nós, e nós dentro de nossas confortáveis igrejas, em nossos confortáveis templos, nos confortáveis bancos. Temos que colocar isso que temos acima do pescoço, dentro da caixa craniana pra funcionar.

Não olhe torto a próxima vez que você ver um punk numa igreja e nem pense em julgar o cara mendigo que entra no seu templo limpinho, são todos seres humanos PODRES, PECADORES e NECESSITADOS DE GRAÇA como você e eu!

Até quando o evangelho do medo vai ser recitado nos palanques gospel? Até quando a igreja vai insistir em questões irrelevantes para a sociedade de hoje? E quando vamos entender que julgar o próximo não vai resolver o problema dele? Quando vai cair a ficha de que ter razão sobre o certo e o errado, não vai resolver a fome de quem não tem o que comer, nem o frio do mendigo sem coberta, nem a falta de escola para a criança do morro, nem a carência do homossexual, muito menos os distúrbios do viciado.


Texto de Camila Zaponi

Onde está Deus - Por Bono Vox




Não preciso dizer mais nada!

Não basta idolatrar, temos de premiar nossos ídolos!

O “Troféu Promessas” se intitula como “a maior premiação da música evangélica”... tendo como principal proposta “reconhecer o trabalho daqueles que exaltam fielmente o nome de Deus por meio da música e o fazem com excelência, influenciando gerações”. Eles querem premiar os “destaques” da música gospel do ano de 2010 e 2011, honrando com a estatueta representantes de nove categorias: Melhor Grupo, Melhor Ministério de Louvor, Melhor Cantor, Melhor Cantora, Artista Revelação, Melhor Música, Melhor DVD/BluRay, Melhor CD e Melhor Evento. (Texto do voltemosaoevangelho)
Pensei muito sobre o que escrever aqui. Mas com o tempo que eu tenho como escritor desse blog aprendi que as pessoas não se interessam por textos extensos. Então, para não me estender muito, vou deixar um pequeno versículo como resposta à esse evento e farei um breve comentário.

"Como podeis vós crer, recebendo honra uns dos outros, e não buscando a honra que vem só de Deus?" (João 5:44)

Um evento "evangélico" (bem entre aspas) foi promovido pela rede de televisão que todos os "evangélicos" (entre aspas) vivem dizendo que é satânica, que persegue os cristãos, ou sei lá mais o que.
No início eu achei muito massa a jogada estratégica da Globo. Pegar um grupo gigante que compõe a maior parte da massa de indivíduos do nosso país, aproveitar que a maioria deles está revoltada com um de seus líderes por atacar seus dogmas e eventos mesmo fazendo parte do mesmo grupo social, e que esse líder é dono da rede de televisão concorrente da rede Globo. "Vamos fazer um evento onde os evangélicos em peso vão apoiar e levantar nossa bola sem falar da audiência que vamos receber. Aproveitaremos também que os líderes das instituições estão querendo ver o bispo quebrar a cara. Dessa forma eles se tornarão grandes patrocinadores desse evento. Com certeza eles incitaram os fieis a ligar a TV e ficar dando ibope até o último 'plin plin'." Essa é a fala que eu usaria para falar aos patrocinadores da TV se eu fosse o diretor de marketing,  da Globo.

Troféu promessas! A única promessa que vi nisso foi para os patrocinadores do evento.
"Prometo que será um evento que vai dar mó audiência. Pode patrocinar que sua marca vai ser bem vista nos comerciais."
"Prometo que se fizermos esse evento, iremos faturar milhões e ainda faremos as pazes com o público que não vai muito com nossa cara."
"Prometo que o inimigo interior de vocês (o bispo) vai quebrar a cara quando ver a propagação desse evento."

"o troféu chama-se 'Promessas' por que 'Deus cumpre as Suas promessas e cuida para que a Sua Palavra seja cumprida', baseando-se corretamente em Jeremias 1:12." (Texto do voltemosaoevangelho)
Agora diga-me: Quais promessas de Deus foram cumpridas nesse evento? Quais cuidados Deus teve para que sua palavra fosse cumprida nesse evento? O de que seus filhos um dia seriam recompensados e louvados e receberiam prêmios dos homens por reconhecimento de seu trabalho?
"Como podeis vós crer, recebendo honra uns dos outros, e não buscando a honra que vem só de Deus?"
O nome "evangélico" e "promessas" foi só uma maquiagem para enganar muito besta que não sabe o que professa. Ou melhor, que professa e defende tudo que for chamado de evangélico ou gospel (paradoxalmente irônico).

Sabe pra quê serviu esse evento? Pra gerar muita grana para os bolsos da TV Globo, e não há nada de errado com isso! Pois é como eu falei no início do post: "eu achei muito massa a jogada estratégica da Globo".
Mas sabe o que me incomodou de verdade? Foi ver "o povo de Deus" exaltando e glorificando seus ídolos. E você pode muito bem dizer: "Você tá viajando, cara! Não precisa de tanto. A galera tá louvando a Deus. As músicas tinham até o nome de Deus, não é? Você não viu no finalzinho todo mundo gritando o nome de Jesus?"

Cara, me poupe! De que adianta um grupo fazer uma festa pra mim, gritar pelo meu nome e dizer que estão ali por mim mas eu não estou naquele meio? Podem falar meu nome a vontade. Isso não vai fazer com que eu apareça por lá. Se o objetivo deles está em antes de me agradar, agradar a si mesmos, eu prefiro não ir.

"Porque o Senhor disse: 'Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca, e com os seus lábios me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim...'" (Isaías 29:13)
"Como você pode usar esse versículo contra esse evento? Você conhece o coração das pessoas, Eliab?"

Não conheço o coração de ninguém. Mas fica fácil entender as intenções de alguém quando seu comportamento entrega tudo.

Analisemos a ideia principal do evento:
O “Troféu Promessas” ... “a maior premiação da música evangélica”... tendo como principal proposta “reconhecer o trabalho daqueles que exaltam fielmente o nome de Deus por meio da música e o fazem com excelência, influenciando gerações”... premiar os “destaques” da música gospel do ano de 2010 e 2011, honrando com a estatueta representantes de nove categorias: Melhor Grupo, Melhor Ministério de Louvor, Melhor Cantor, Melhor Cantora, Artista Revelação, Melhor Música, Melhor DVD/BluRay, Melhor CD e Melhor Evento. (Texto do voltemosaoevangelho)

 Então quer dizer que eu estou indo a um evento que vai HONRAR e GLORIFICAR o nome de Jesus Cristo mas o objetivo do evento é premiar o melhor grupo, melhor ministério de louvor, melhor cantor, artista revelação, melhor música, melhor DVD/BluRay, melhor CD e melhor evento? E esse evento é pra HONRAR e GLORIFICAR o nome de Cristo? Desculpa mas eu tô rindo muito aqui. Sério!

Analise bem as palavras "Honrar" e "Glorificar".

É impressão minha ou a atenção do evento é volta pra tudo, até para o danado do CD, menos pra Deus?
Diga-me uma coisa: Quais lembranças você tem desse evento que te remetem a Deus? Ou será que dizemos: "Cara, nem teve Fruto Sagrado!" "Nada a ver aquele cara ganhar esse prêmio. Quem merecia era o outro carinha que mora logo ali."

Não adianta correr, cara. Esse evento foi feito para honrar e glorificar o nome dos "ídolos gospeis". Esse evento serviu para que alguns nomes fossem promovidos às custas do único nome que deveria ter sido prioridade!
"Ora, se podemos fazer concursos de louvor, por que não fazermos um concurso de oração? Quem orar mais e melhor leva o troféu joelho roxo. Ou melhor, por que não um concurso de pregação? Quem pregar melhor leva o troféu garganta de ouro. Ou, para os pentecostais, um concurso de profecias? O que trouxer a melhor mensagem de Deus leva o troféu ungido de Jeová. Por que esses concursos seriam condenados por qualquer crente e os concursos de louvor são tratados como algo normal?"  (texto de voltemosaoevangelho)
"Como podeis vós crer, recebendo honra uns dos outros, e não buscando a honra que vem só de Deus?" 
(João 5:44)


Ah! receber honra que só vem de Deus? Vem com troféu? Se não vier então eu não quero!

Opa! Ia esquecendo: Alguém ai sabe me dizer quando vai ter algum evento onde vão premiar blogs? Se Deus quiser, e se não quiser também, vamos ganhar! \o/


Abraço,
Eliab Alves Pereira

Escuridão em Caucutá

Já faz algum tempo que a figura franzina e enrugada daquela senhora me fascina. Levanta-se à minha frente como um assombroso exemplo de que é realmente possível lançar o corpo em mar aberto sem ter onde apegar-se. De forma absolutamente inconseqüente, aquela mulher ouviu o grito de “xô” do Mestre e arribou-se gaiola afora para desfrutar a apavorante liberdade que a privaria de toda segurança que a sensatez exige. Exemplo terrível.

Ontem, porém, através das páginas de uma famosa revista (para usuários cadastrados), essa doce senhora deu um salto vertiginoso aos mais altos degraus do meu seleto grupo de discípulos de Cristo que merecem respeito. Para escândalo de alguns e meu deleite pessoal, Madre Tereza, lá num canto escuro de Calcutá, duvidou da presença de Deus. Envolta dela, e de todo o sofrimento humano que a cercava, permaneceu somente densa escuridão. A Providência deu lugar à solene Ausência.


“Eu tenho apenas a alegria de não ter nada –
nem a realidade da presença de Deus”.
Madre Tereza de Calcutá, em carta ao seu confessor, padre Joseph Neumer.

Obviamente, do conforto de suas poltronas de madeira nobre e belos ornamentos, na segurança gélida das catedrais úmidas, padres e bispos aconselharam a moça. Pastores e diáconos não teriam feito diferente. As palavras, no entanto, não dissiparam a escuridão. Como é fácil ter fé dentro da gaiola. Sei bem como é. Solto por aí, vendo fome, miséria, dor, sofrimento, morte, medo, violência e injustiça, não há fé que agüente.

– Onde está Deus? – grita o aflito em sua agonia.

Ao invés de respostas corretas e geladas, deveríamos oferecer o calor e aconchego de nosso peito e dizer, sinceramente:

– Não sei. Mas eu estou aqui.



Minha fé não é aquilo em que acredito

A distinção mais útil que encontrei nesta caminhada foi a que estabeleceu Jacques Ellul entre fé e crença. Crença é aquilo que professamos acreditar; é o contéudo doutrinário peculiar à nossa facção religiosa, expresso com palavras muito bem escolhidas em nossas declarações de fé. Não há, por outro lado, conjunto de palavras suficiente para definir adequadamente a fé. Nossas crenças são passíveis de exposição, mas nossa fé é questão pessoal – seu conteúdo é o mistério tremendo, a tensão superficial entre eu e o universo, entre eu e o desconhecido, entre eu e o futuro, entre eu e a morte, entre eu e o outro, entre eu e Deus.

Os religiosos de todas as estirpes vivem em geral muito mais preocupados com as filigranas da crença do que com a vivência da fé – e posso dizê-lo por experiência própria. As divisões que fazemos questão de estabelecer entre a nossa e as demais facções da cristandade, e entre a cristandade e as outras heranças religiosas, estão fundamentados, naturalmente, em diferenças de crença. Às vezes dizemos que diante de Deus o desafio da fé é o mesmo para todos, mas agimos claramente como se nossa identidade de cristãos e de seres humanos fosse adequadamente definida pelo teor de nossas crenças. Sentimo-nos devidamente legitimados, devidamente representados, pela felicidade de pertencermos ao grupo ou denominação que professa (ao contrário, naturalmente, de todas os outros grupos ou denominações) a crença mais pura, destilada e correta. Fingimos que nos dobramos diante de Deus e de seu Cristo, mas nosso cristianismo é ortodoxolatria.

“A fé”, explica Ellul, “isola o indivíduo; a crença, (qualquer que seja, inclusive a cristã) ajunta pessoas. Na crença nos vemos unidos a outros na mesma corrente institucional, todos orientados em direção ao mesmo objeto de crença, compartilhando das mesmas idéias, seguindo os mesmos rituais, arrolados na mesma organização, falando o mesmo dialeto.”

Diante disso, sinto-me cada vez menos inclinado a responder aos que perguntam em que acredito, ou aos que levantam-se em indignação quando ouvem a temerária confissão de alguma crença minha (“O quê? O Brabo acredita na evolução?” “O quê? O Brabo não condena a fé dos católicos?” “O quê? O Brabo crê que igreja bem-sucedida é a que fecha as portas?” “O quê? O Brabo acredita em [inserir crença arbitrária aqui]“). Sinto-me cada vez menos motivado a responder aos que perguntam sobre minha tradição religiosa, a qual denominação pertenço, se faço parte de alguma igreja, se endosso determinado autor ou se fico devidamente escandalizado diante de determinada barbárie doutrinária.

Não devo iludir a mim mesmo ou a quem quer que seja dando a impressão de que resta algo de importância na vida espiritual (ou na vida) que não seja a fé, e – minha gente – minha fé não é aquilo em que acredito. Minha fé não está naquilo em que acredito, e nem poderia estar. Minha fé não é adequadamente expressa por aquilo em que acredito, e nem poderia ser.

Em primeiro lugar, porque minhas crenças mudam, mesclam-se e transformam-se constantemente. Minhas crenças nascem, reproduzem-se e morrem num plano totalmente independente do desafio que está na fé. Em segundo lugar porque, como lembra Ellul, “toda crença é um obstáculo à fé. As crenças atrapalham porque satisfazem a nossa necessidade de religião”. Quem pergunta aquilo em que acredito está tentando estabelecer comigo a mais rasteira das conexões; está querendo legitimar a sua crença a partir da minha, e isso não tem como ser saudável para ninguém.

Quem se abraça dessa forma à crença está buscando, evidentemente, o conforto do terreno conhecido e palmilhado. “A crença é confortadora”, observa Ellul. “A pessoa que vive no mundo da crença sente-se segura”. A fé, por outro lado, é coisa terrível, a que ninguém em são juízo deveria aspirar. A fé deixa-me sozinho com um Deus que pode não estar lá. A fé convida-me a um grau de liberdade que posso não ter o desejo de experimentar. A fé quer tirar-me da zona de conforto da crença e levar-me para regiões de mim mesmo e dos outros aonde não quero ir. A fé pressupõe a dúvida, a crença exclui a dúvida. A crença explica sensatamente aquilo em que acredito, a fé exige loucamente que eu prove.

Nossas crenças são âncoras de legitimação, que nos mantém seguros no lugar mas nos impedem de seguir adiante – o que, convenhamos, é muito conveniente. Quem iria em sã consciência escolher abandonar o abraço confirmatório da crença comum e dar um passo em direção à vertigem da fé, ao desafio de tornar-se um indivíduo separado, distinto e singular (numa palavra, santo) diante de Deus? Queremos voltar para o Egito, onde havia cebolas; não suportamos o desafio constante, sempre iminente, sempre exigente, do deserto.

Não tenho como recomendar a crença; sua única façanha é nos reunir em agremiações, cada uma crendo-se mais notável do que a outra e chamando o seu próprio ambiente corporativo de espiritualidade. Não tenho como endossar a crença; não devo dar a entender que a espiritualidade pode ser adequadamente transmitida através de argumentos e explicações. Não devo buscar o conforto da crença; o Mestre tremeu de pavor e não tinha onde reclinar a cabeça. Não devo ouvir quem pede a tabulação da minha crença; minha fé não é aquilo em que acredito.

Nunca deixa de me surpreender que para o cristianismo Deus não enviou para nos salvar um apanhado de recomendações ou uma lista suficiente de crenças, mas uma pessoa. Minha espiritualidade não deve ser vivida ou expressa de forma menos revolucionária. Não pergunte em que acredito. Mande um email, pegue uma condução, venha até minha casa, tome um café na minha mesa e aceite o meu abraço. Não devo esperar ato maior de fé, e não tenho fé maior para oferecer.


Em louvor dos pecadores

Em grande parte, depois de conviver por décadas com gente santa, só fui conhecer Jesus pessoalmente através dos pecadores.

Não fui encontrá-lo na igreja, onde insistíamos que ele morava e onde falávamos metade do tempo sobre ele. Na igreja encontrei meus amigos mais bem-intencionados, muito deles assustadoramente queridos e carentes, mas oprimidos como eu debaixo de um sistema fundamentado em medo e desejo. Por mais que eu simpatizasse com o calor da instituição e com o mérito das boas intenções, nada eu testemunhava ou vivia da satisfação inerente, a generosidade, a paixão e a terrível liberdade que os evangelhos atribuíam ao Filho do Homem. Cantávamos, chorávamos e nos abraçávamos debaixo do mesmo teto piedoso, mas ali não estava o espírito de Jesus.

Não encontrei-o nem me afastei dele na Federal, onde meus mentores evangélicos tinham alertado que eu encontraria amigos irresistivelmente devassos e correria o risco incessante de idéias sediciosas, construídos os dois para abalar minhas convicções. As idéias eram ralinhas e as companhias inofensivas, a grande maioria tão ou mais careta, casta e ultraconservadora quanto eu. Havia algum coleguismo e bons parceiros de truco, mas também não pouca competividade, intolerância e altivez (talvez tanto quanto na igreja), e o espírito de Jesus não estava ali.

Mas Deus teve misericórdia de mim, este santo, e permitiu que eu convivesse de perto com pecadores. Isso, em inúmeros sentidos importantes da palavra, me salvou.

Como eu suspeitava, os pecadores não se entregam como nós na igreja a pecados mesquinhos como a hipocrisia, a mentira e o orgulho; abrem eles mão desses amadorismos e tratam da coisa em si, da sem-vergonhice mais vital, sensorial e carnal – sexo, drogas e rock’n’roll.

Finalmente estava eu no mesmo recinto que pecadores de verdade, gente indecorosa, sensual e auto-indulgente; drogados, homossexuais, bêbados, libertinos, prostitutas, poetas; safados, depravados, corruptos, lascivos. Habituei-me ao doce perfume da maconha, visitei os mais variados mocós, vi carreiras de cocaína se armarem e desaparecerem; sentei-me ouvindo Janis Joplin numa sala que eu visitava pela primeira vez, olhando para um homem dormindo onde acabara de cair, enquanto um casal transava e curtia drogas no quarto ao lado e outros faziam churrasco lá atrás. Comprei camisinhas que não eram para mim. Ajudei a pagar um tolete quando o dinheiro faltou. Visitei bares gays porque estavam na moda e meus amigos sabiam por isso que lá seria mais fácil descolar uma pedra de fumo ou, paradoxalmente, uma garota.

É natural que fora uma cervejinha ou outra me mantive sóbrio e casto durante todo esse período – não que, naturalmente, fizesse diferença. Mantive-me um santo – um carola, amado ternamente por eles apesar disso – entre pecadores. Eu me sabia mais ou menos resistente às seduções da carne e talvez estivesse ainda sustentando a ilusão de que poderia “fazer diferença” no meio daquela pobre gente. Talvez estivesse procurando mais um motivo extravagante para me orgulhar, de ser capaz de manter minha integridade à prova de balas mesmo convivendo com os mais baixos e corrompidos. A esta altura, não sei dizer o que esperava.

Mas sei dizer o que não esperava: não esperava encontrar entre os pecadores, e pela primeira vez na vida, a terna experiência do espírito de Jesus.

Não em mim. Neles.

Posso garantir que até aquele momento eu só conhecia a postura de Jesus e dos primeiros cristãos de ouvir falar. Os evangelhos atribuem ao Filho do Homem tremendas paixão, vitalidade, generosidade e independência; o livro de Atos e as cartas falam de cristãos que “tinham tudo em comum” e “eram de um só coração”. Em seus momentos mais idealistas Jesus fala em amar os inimigos, dar a outra face, emprestar sem esperar receber de volta, oferecer um banquete a quem não tem como retribuir. Paulo descreve um mundo sem preconceito de sexo, raça ou classe social. João garante que Deus é amor, e que o amor abre mão de qualquer traço de temor.

Paradoxalmente, este mundo definido em termos positivos poucos cristãos chegam em qualquer medida a experimentar. Escolhemos nos definir não por essas qualidades afirmativas – aquilo que o Apóstolo chama de “fruto do Espírito” – mas pelo que é negativo e paralisante e opressor contra os outros e nós mesmos: a culpa, a mesquinhez, a repressão, a neurose, a negação, o niilismo. O mundo em que todos se aceitam e se amam, embora faça parte da nossa pregação nominal, nos é aterrorizante por natureza. Tudo na nossa postura batalha contra ele. A “gloriosa liberdade dos filhos de Deus” não nos interessa. Alguém me dê depressa um líder carismático e um rol muito claro de mandamentos – é só o que pedimos.

Entre os pecadores encontrei um universo livre da superficialidade de igreja e da irrelevância burguesa da faculdade. Aqui estava um mundo que escolhia se definir, na prática e não a partir de qualquer discurso ou demagogia, pela aceitação e pelo amor. Aqui estava gente que tinha tudo em comum, até mesmo – onde está, Mamom, a tua vitória? – o dinheiro. Gente que ignorava rótulos de classe, sexo e conta bancária para se tratar como gente no sentido mais fundamental da coisa. Gente que se recusava a ser manipulada pelo desejo e pelo temor, e fazia isso entregando-se a um e mandando às favas o outro.

A comunhão que experimentam, descobri, não tem limites; sua generosidade, que não espera recompensa que não o instante, não tem paralelo. Os pecadores abrem suas portas uns para os outros a qualquer momento do dia ou da noite; repartem sua droga, seu dinheiro, sua casa e seu pão sem qualquer trâmite ou transação, seja com um irmão importuno ou com o desconhecido em que acabam de tropeçar. Emprestam, terrivelmente, sem esperar receber de volta. Carregam quem precisam ser carregado, descolam um trampo para quem precisa, tiram a camisa para quem vomitou na roupa, emprestam a chave do carro para quem não tem onde fumar, providenciam o apartamento de alguém na praia para o que foi expulso de casa, repartem sem chiar ou cobrem o tanque de gasolina. Trabalham tanto para os outros quanto para si, acolhem com graça incondicional; são compassivos até para com os que não os toleram, longânimos com os que todos já decidiram ser melhor rejeitar. Convivem sem traumas com a consciência, apavorante para nós, de que não são melhores do que ninguém.

Entre os pecadores não transita apenas a legitimidade de quem recusa-se a ter o que esconder: rola, senhoras e senhores, um amor – e tão forte que lança fora todo o medo. São gente boa no sentido afirmativo da coisa. Gente sensualista, mas raras vezes desonesta. Auto-indulgente, mas sempre generosa. Pecadora, mas não proselitista. Matam-se, mas o que fazem pelos outros é só resgatar. Morrem, mas abraçados.

Não é difícil entender porque Jesus curtia tanto a companhia dos pecadores e não escondia seu orgulho em associar-se a eles. A integridade existe e a verdadeira comunhão não é uma impossibilidade: os pecadores legítimos não as desconhecem. Louvados sejam nas alturas os grandes pecadores, porque uma porção fundamental de Jesus sobrevive na Terra apenas através deles.

Arrependo-me, naturalmente, de não ter pecado tanto quanto devia com meus amigos pecadores. Eu, que não consigo viver nem de longe tão perto da inteireza de Jesus quanto eles, deveria ter lhes dado pelo menos essa satisfação.



A hora da morte

Quando Adão estava à beira da morte, totalmente despreparado que estava para abandonar o mundo quando havia ainda tanto a ser experimentado, o anjo da morte teve pena dele e disse:

– Quero consolá-lo com um milagre que você não conhece; sua vida se perpetuará através dos seus descendentes.

Quando Jesus estava à beira da morte, totalmente despreparado que estava para abandonar o mundo quando havia ainda tanto a ser feito, o anjo da morte, sabendo que Jesus não tinha filhos, teve pena dele e disse:

– Quero consolá-lo com um milagre que você não conhece: sua vida se perpetuará através dos seus seguidores.

Quando eu estiver à beira da morte, totalmente despreparado que estarei para abandonar o mundo quando haverá ainda tanto a ser dito, o anjo da morte dirá:

– Você não teve filhos e não terá seguidores, mas quero consolá-lo com um milagre que você conhece.

E dir-me-á ao ouvido o que eu sempre soube.


Entre a bíblia e uma playboy, prefiro a playboy!

O mais curioso não é o título mas sim a indignação de quem leu e veio conferir a blasfêmia que não deu pra conter aos olhos, na maioria, pessoas que nunca leram ou sequer estudaram as escrituras mas que estão sempre à disposição para lutar e defender O Livro Sagrado (que mal conhecem).
Usamos a bíblia como acessório dominical e só. Mas estamos sempre levantando a espada sobre a cabeça de quem ousar tirar uma onda.
Tratamos todos os outros livro e revistas com mais prioridades do que a bíblia. Inclusive a playboy e a revista do horóscopo ou sei lá o que. Mas para não passar uma imagem feia, vamos mostrar que amamos a bíblia acima de todas as coisas.

Vamos analisar as escrituras mas antes deixa eu ver o twitter, facebook, ler o JovenSapiens, fazer um lanche, jogar uma bolinha, bater perna, ver a novela, filme, seriado, ouvir a nova música que baixei... Agora sim, vou ler! Ops... Tem alguém ligando. Espera ai que eu volto já. Agora tenho de ajudar minha mãe a arrumar a casa, vou cuidar do meu irmão, passear com o cachorro, sair com a galera (de novo). Uffa! Agora vou dormir. O dia foi cheio. Amanhã eu leio um ou dois capítulos.

No outro dia olhando o Jovensapiens:
"Entre a bíblia e uma playboy, prefiro a playboy!"
-Opaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa! Agora eu vou quebrar o barraco!

Ops!


Abraço,
Eliab Alves Pereira

O homenzinho e o deus

A cidade foi atacada por um deus enorme e descalço
que ninguém podia vencer.
Tombaram exércitos e quebraram-se espadas,
morreram centenas,
e nada o fazia parar.

Foi quando um homenzinho inofensivo baixou sua lança e disse à multidão
que venceria o deus sem matá-lo; iria derrubá-lo sem ferir.
O deus riu um riso despreocupado de deus e com um golpe tremendo do braço fez o homem voar;
esmagou o homem com os pés e triturou-o entre as coxas,
despedaçou-o com os dentes e banhou-o em sangue e urina;
cuspiu, xingou e provocou.

Quando o homenzinho mal se podia pôr em pé
o gigante deu-lhe para segurar sua própria espada divina
e ofereceu de peito aberto seu divino coração,
mas o homem abaixou a espada e aquietou.

“Covarde”, disse o deus, e atravessou o homem despedaçado
com a lança que o próprio homem tinha deixado para trás.
Ferido de morte, o homenzinho entoou baixinho uma canção blasfema,
“venha o que vier, amar-te-ei pela eternidade”.
O deus inclinou-se para ouvir e o homem sussurrou-lhe ao ouvido, “sou seu filho”, e morreu.



A verdade e sua metáfora

Em certo país dava-se o nome de metáfora a qualquer recipiente próprio para conter algum líquido. Havia nesse país uma fonte de água cristalina, porém tão amarga que dizia-se bastar um único gole para matar de desgosto um homem adulto; cria-se no entanto que diluída ou em pequenas doses essa água tinha propriedades mágicas ou medicinais, e deu-se a ela o nome de verdade.

Levas de peregrinos acorriam incessantemente à fonte, e partiam para seus lugares de origem levando a verdade em seus vasos metafóricos.

Porém uma rigorosa seita, que cria que a verdade deve ser experenciada sem o auxílio de metáforas, atacava as caravanas de peregrinos. Querendo ensiná-los a obter a verdade em estado puro, os sectários destruíam a pauladas as metáforas que a continham. Quebrados os recipientes, a verdade se derramava e desaparecia no solo, ficando sem ela peregrinos e sectários.

Certa vez um rapaz voltava da fonte levando a verdade em sua metáfora quando viu de longe a aproximação dos sectários. Não querendo ver derramada a verdade que trazia consigo, o rapaz não hesitou e bebeu em goles resolutos toda a água da vasilha.

– Onde está a verdade que você trazia nessa metáfora? – perguntaram os perseguidores.

– Eu bebi – desafiou o rapaz. – Agora a verdade está dentro de mim.

E os sectários mataram-no a pauladas.

Em compensação, começou a correr a notícia de que a verdade, embora amarga, não era mortal, e que o recipiente próprio para conter a verdade era um ser humano. Com o passar do tempo os próprios homens passaram a ser chamados de metáforas, e conta-se que nunca estiveram mais perto da verdade.


A estranha tese de um judeu errante que não errou uma

Há dois mil anos, debaixo deste mesmo sol, um judeu desaforado sustentava a escandalosa noção de que Deus não aceita as pessoas com base em sua herança genética, desempenho moral, pureza sexual, popularidade, capacidade comprovada de empreendimento, consistência na observância religiosa, quociente de inteligência, saldo médio, nível de crédito ou qualquer outro mérito ou demérito curricular usual, mas com base em seu próprio cavalheirismo e graciosidade – aquilo que a Bíblia chama de graça.

Uma característica fundamental do Deus que é Pai, propunha Jesus, é que ele não fazbarganhas. Todas as tentativas pessoais e corporativas de ganhar o seu favor e a sua preferência não são apenas inúteis mas contraproducentes: geram em nós uma falsa impressão de mérito pessoal (que só irá nos prejudicar) e não ajudam em nada a limpar a nossa barra.



PARA OS QUE HAVIAM FEITO DE AGRADAR A DEUS SUA PROFISSÃO, A MENSAGEM DE JESUS ERA IMPENSÁVEL ESCÂNDALO.

O Deus da boa nova requer ao mesmo tempo muito mais e muito menos. Para agradá-lo é preciso abrir mão de qualquer tentativa de agradá-lo – e começar a imitá-lo; para imitá-lo é necessário abrir mão de nossa tendência a enxergar diferenças de mérito entre bons e maus, e passar a conceder a todos o mesmo improvável tratamento e as mesmas chances. É preciso aprender a dispensar nosso sol e nossa chuva sobre justos e injustos, sobre os que nos agradam e sobre os que nos odeiam, sendo nisso singulares como Deus é singular – santos como Deus é santo.

Para as pessoas que haviam feito de agradar a Deus sua vida, sua tese e sua profissão, a mensagem de Jesus era impensável escândalo. Os religiosos do tempo de Jesus acreditavam, como os de hoje, que o homem não deveria ser livre para não ter de agradar a Deus. Os riscos de tal liberdade eram incomensuráveis. O único modo de manter o homem seguro na senda da moral e da salvação, sabiam eles, era debaixo das rédeas seguras da religião.

Jesus por outro lado, não tinha uma palavra de condenação para oferecer aos corruptos, aos promíscuos, aos terroristas, aos militares da ocupação romana, às prostitutas, aos samaritanos, aos vendidos colaboracionistas, aos criminosos de colarinho branco, aos injustos, aos imorais, aos glutões, aos bêbados, aos mendigos, aos preguiçosos, aos violentos, aos pegajosos, aos irritantes e aos irritados e a todos os seus asseclas de todas as estirpes. Jesus não os condenava, não porque simpatizasse particularmente com a sua conduta, mas porque se condenasse a um teria de condenar a todos. Se todos recebessem o que mereciam, conforme refletiria Hamlet, ninguém escaparia ao açoite. Não há um justo, não há ninguém com uma ficha limpa. Nem mesmo um.
SE TODOS RECEBESSEM O QUE MERECIAM NINGUÉM ESCAPARIA AO AÇOITE.

Como não há ninguém que possa levantar a mão dizendo que fez corretamente a lição, todos carecem e recebem o mesmo tratamento paciente do mesmo paciente Pai. Não adianta chamar de lado oferecendo maçãs, propinas, untuosos elogios ou longas orações. Estar na condição humana é estar embarcado num mesmo orgulhoso e precário Titanic, e para encontrar a paz é preciso primeiro reconhecer isso. É requisito encarar a dura e libertadora realidade de que você não é melhor do que ninguém e que carece da mesma misericórdia que todos os outros.

Para os pecadores sem máscaras é, curiosamente, mais fácil.

Significativamente, as palavras de condenação de Jesus estavam reservadas para os que apregoavam que as boas intenções da religião institucional eram a solução para o problema de garantir-se um lugar no bote salva-vidas do Titanic da condição humana – e tentavam impor austeramente essa solução sobre os outros.

Nenhuma noção parecia a Jesus mais odiável do que essa. Para Jesus, acreditar e agir como se a barganha da religiosidade pudesse de alguma forma garantir alguma cumplicidade com Deus não era apenas a maior impenitência de todas. Era a única.

“Aprendam o que quer dizer eu quero misericórdia e não sacrifício”, vociferava ele. E falava sério.


Você só me honra na sua honra?

O pastor Santos (pastor da Bola de Neve em Ponta Negra/Natal) contou uma história uma vez que me fez refletir para escrever esse post.
Quando ele era mais jovem, participou de um campeonato de Jiu Jitsu. Ele contou que mandou confeccionar uma camisa em homenagem a Jesus Cristo, ele queria usar essa camisa quando subisse no 1º lugar do pódio. Pensava em honrar o nome de Deus quando conseguisse a vitória do campeonato e qual seria o melhor lugar se não o 1º? O que acontece é que na última luta ele não conseguiu vencer o adversário. Ficou em segundo lugar no ranking.

Ele pensou: “E agora? Eu ainda devo fazer a homenagem mesmo no 2º lugar? Deixa pra lá. Eu disse que ia fazer uma homenagem se conseguisse o lugar mais alto daqui. Deus não merece ficar em segundo, seu lugar é acima de todos”.

E então ele decidiu não mostrar a camisa que tinha feito para homenagear Jesus com sua vitória. Ele conta que depois de tomar essa decisão sentiu Deus falar com Ele de uma forma que incomodou bastante. Deus fez uma pergunta a ele que deixou uma marca indelével em sua mente: “Você só me honra na sua honra?”.

Aquilo fez com que ele tomasse um golpe tão grande que superava todas as lutas que ele passou. Ele enxergou a burrada que estava prestes a fazer e então mudou de opinião. Mesmo no segundo lugar do pódio ele levantou a camisa para todo o ginásio ver e todos aplaudiram de pé a sua homenagem.

A atitude do pastor Santos não é muito diferente da nossa atitude quando estamos enfrentando qualquer coisa que nos deixe envergonhado diante de Deus. Principalmente quando se trata de pecados.
Nós temos o costume de nos distanciar de Deus por vergonha de nossos atos. Sempre que pecamos nós sentimos tanta vergonha que deixamos de nos relacionar com Deus pensando que isso vai ajudar na nossa recuperação. É como se com um tempo Deus se esquecesse do que fizemos e é esse o tempo de voltar antes que ele se lembre do que fizemos. Isso é bastante infantil. Mas todos nós fazemos isso. Por quê? Bem, explicar o porque disso não é a intenção desse post.

Eu quero fazer com que você entenda que Deus nos faz a mesma pergunta que fez ao pastor Santo quando estamos nessa situação.
Você só me adora quando está certinho?
Você só me busca quando você está limpo?
Você só se relaciona comigo quando está sem pecado?
Você só me honra na sua honra?

As pessoas procuravam Jesus do jeito que elas estavam. Elas não procuravam se consertar para depois procurá-lo. Elas não podiam se ajudar então procuravam quem podia ajuda-las. Se a mulher do fluxo de sangue tentasse se tornar pura antes de procurar Jesus ela ia morrer daquele jeito.

Honre a Deus no seu fracasso. Busque a Deus enquanto peca. Chame por Deus enquanto tudo está afundando. Não tente se consertar pra ficar digno o suficiente para apresentar-se a Ele. Você nunca estará bom o bastante por seus próprios esforços.

Veja o exemplo de Pedro: Quando ele começou a duvidar e não conseguia mais andar sobre as águas, ele gritou por Cristo. Ele não tentou nadar por si mesmo e tentou reforçar a fé a fim de voltar a flutuar. Ele chamou pelo único que podia salvá-lo. Não tente se limpar antes de ir falar com Deus. Isso pode piorar a situação e você pode entrar num caminho sem volta. Venha pra Ele todo machucado, sujo e imperfeito. Ele vai te aceitar mesmo assim e vai cuidar de você. Da mesma forma que o pai cuidou do filho pródigo quando voltou pra casa.



Abraço,
Eliab Alves Pereira

Briga entre irmãos






Quando eu era mais novo, eu e meu irmão vivíamos brigando, discussões, pontapés, provocações, tudo era válido para atingir o outro. Sabe como nós parávamos? Quando nossa mãe chegava, pegava os dois brigões e resolvia tudo com a chinela. 









Um protestante me perguntou qual era a diferença de um católico para um espírita. Perguntei qual era o motivo da questão. Ele me respondeu que achava que eles não tinham nenhuma diferença. Acreditam em reencarnação, e... Só foi esse o argumento.  Só pela quantidade de comparações você já entende onde essa conversa vai parar!


A diferença entre um religioso e outro? O deus (com d minúsculo)! Somente. Nenhum é melhor que o outro. 

Todos estão numa tarefa inútil de fazer algo bom o suficiente para ser reconhecido e premiado com a salvação, ou seja lá como for chamado o prêmio final de sua religião. E no caso dos cristãos, esse esforço é mais inútil ainda, uma vez que Deus apresenta uma salvação por Graça e não por obras.
Mas continuando a conversa...

Essa é uma guerra que vem sendo travada há séculos. Protestantes versus católicos. Quem está com a razão? Seria uma boa pedida para um dos eventos do UFC, heim?

Cada um que mostre argumentos mais afiados que o outro. Cada um que encontre mais passagens do que o outro na bíblia para defender seu ponto de vista. Uma religião, dois tipos de religiosos, milhões de argumentos, vários deuses e nenhum Deus!

De um lado os protestantes atacam os católicos por causa da idolatria a bonecos de barro, gesso, sei lá! Mas esquecem da idolatria que os próprios protestantes têm em relação aos seus pregadores na TV, seus cantores superfamosos, sua doutrina, seus pioneiros, etc... Atacam a fé dos católicos sobre reencarnação, mas alguns dos que estão do lado dos protestantes desconfiam do agir do Espirito Santo, se batiza ou não, se fala em línguas ou não, se profetizam ou não.

De um lado um condena o outro por extorsão, mas esquece dos casos de pedofilia dos seus membros. Uns falam da aceitação exagerada de um lado, mas se esquecem de que eles condenam demais. Um fala que o outro ama demais o dinheiro, mas fala isso com os bolsos cheios. Uns dizem que é proibido ter homossexuais na direção da igreja. Mas seus púlpitos estão cheios de arrogância, orgulho, inveja, idolatria, discórdia, etc.

Enfim, todos apontam para os erros externos do outro e todos se esquecem de sua podridão interior. É como se ao exibir o erro do outro, a atenção se volta pra ele e as pessoas param de reparar em mim.
O tempo que deveria ser investido na propagação do evangelho vem sido gasto com estudos para defender seus pontos de vista, é gasto com festas pra mostrar quem pode mais, o tempo é gasto com cultos que cultuam mais a religião do que ao próprio Deus, há perda de tempo pra ver qual é o melhor político que a igreja deve votar ou qual membro vão colocar no poder. O tempo que deveria ser usado para ensinar as escrituras é jogado fora para satisfazer o ego de muito safado que usa o nome de Deus para popularizar seu próprio nome, que usa a boca para falar asneira e dizem que é a pregação do evangelho, muitos gastam suas energias em tentar passar uma imagem de santo, quer use terno quer use batina. Graças a Deus não são todos assim. Mas a maior parte já contaminou por completo a imagem que a igreja deveria ter.

Católicos e protestantes. Quem está com a razão?
Isso é a mesma coisa que perguntar se uma zebra é preta com listras brancas ou é branca com listras pretas.
Não importa. Todos estão tentando fazer algo da forma mais distante possível de Deus.
Sabe quando essa guerra vai acabar? Talvez no momento em que se cumprir por completo a profecia de Paulo, e em Cristo não houver mais judeu e grego, civilizado e bárbaro, escravo e livre, homem e mulher.

Enquanto isso não acontece, os nossos amigos católicos e protestantes estão confortáveis demais nessa zona de conflito. Pelo menos cada um pode defender-se do outro e do próprio Deus. Mantendo-se afastado o suficiente para que Ele não os incomode.

Por que usei deus (com d minúsculo) no início do post? Porque está mais que claro que o deus que os protestantes e católicos (não todos) adoram é um deus falso. É o deus do dogma, o deus da religiosidade, o deus que condena os argumentos dos outros e que se molda para caber nos meus ideais. Por isso deus com d minúsculo. Por que o Deus com D maiúsculo está bem longe dessa sacanagem.

Quando eu era mais novo, eu e meu irmão vivíamos brigando, discussões, pontapés, provocações, tudo era válido para atingir o outro. Sabe como nós parávamos? Quando nossa mãe chegava, pegava os dois brigões e resolvia tudo com a chinela.


Termino meu post citando Soren Kierkegaard:
“A questão é bem simples. A bíblia é muito fácil de entender. Mas nós, cristãos, somos um bando de vigaristas trapaceiros. Fingimos que não somos capazes de entendê-la porque sabemos muito bem que no minuto em que compreendermos estaremos obrigados a agir em conformidade. Tome qualquer palavra do Novo Testamente e esqueça tudo a não ser o seu comprometimento de agir em conformidade com ela. ‘Meu Deus’, dirá você, ‘se eu fizer isso minha vida estará arruinada. Como vou progredir na vida?’. Aqui jaz o verdadeiro lugar da erudição cristã. A erudição cristã é a prodigiosa invenção da igreja para defender-se da bíblia; para assegurar que continuemos sendo bons cristãos sem que a bíblia chegue perto demais. Ah, erudição sem preço! O que seria de nós sem você? Terrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo. De fato, já é coisa terrível estar sozinho com o Novo Testamento.”

Abraço,
Eliab Alves Pereira

Convertidos pelos outros

Fui almoçar na praia esse ultimo fim de semana. Enquanto eu esperava a conta chegar, tive de ouvir uma conversa sobre a conversão de um dos cozinheiros do restaurante, que é/era homossexual.
Uma das pessoas que estava comigo perguntou se era verdade que o indivíduo realmente tinha aceitado a Jesus.

Pessoa comigo: - Se converteu mesmo?
Garçom: - Sim! Tá até andando de bíblia e usando roupa de pastor.
Pessoa comigo: - Graças a Deus! Tomara que continue assim, né? Só Deus mesmo para mudar a vida de alguém dessa forma.

Depois dessa rápida conversa eu fiquei me perguntando: Será que a conversão foi resumida a tal ponto que agora podemos declarar alguém como nova criatura porque passou a andar com uma bíblia e com roupas compostas?
Não estou duvidando da conversão do camarada, mas estou questionando os critérios que usamos para avaliar algo de tamanha grandeza.

Conversão, pelo pouco que sei, é uma mudança de dentro pra fora. Não o contrário.
Por que intitulamos alguém como nova criatura pelo fato de ele(a) levantar a mão no apelo feito pelo pastor, pela mudança no figurino, por largar as festas e bebidas? Por que para nós se tornou tão importante a estética do túmulo? Por que os vermes que estão por dentro não nos incomodam?

O que estou querendo dizer é que se eu tenho uma vida de pecado e passo a frequentar a igreja e digo que aceito a Jesus, a partir desse momento as pessoas me consideram um irmão, um novo convertido. Mas como eles sabem disso? Como eles sabem como está meu coração? Eles avaliam a mudança do meu interior pela minha mudança exterior. E isso está errado. Se eu largo a farra por causa da igreja, eu estou fazendo isso por amor a igreja ou às suas regras, mas meu coração ainda deseja muito sair com os amigos e encher a cara. E ai? Mesmo assim eu sou considerado um irmão. Mas o que Cristo nos ensinou? “Só em desejar em seu coração, pra Deus é como se você já tivesse feito”. (Parafraseando).

De que adianta eu viver como uma nova criatura exteriormente se meu coração ainda não foi mudado? E como Deus vai mudar meu coração se eu não sei que ele precisa ser mudado? Pra Deus realizar essa mudança eu preciso saber qual é a minha necessidade e pedir a Ele. Mas se eu não sei que estou doente, não vou procurar o médico. E por que eu não sei que estou doente? Porque ficou claro que o que importa é se eu estou usando as roupas certas ou abandonei os pecados visíveis. Fui declarado curado por causa da minha mudança na aparência. Mas por dentro um câncer me consome.

O inferno tá cheio de gente com terno e gravata e corações cheios de inveja, orgulho, preconceito, avareza, hipocrisia e regras.

Espero que o nosso amigo esteja realmente em processo de conversão. Espero que seu coração esteja sendo limpo de toda impureza e que ele esteja reagindo de forma correta contra o pecado. Suas roupas, jeito de falar, lugar que frequenta, não são o que Deus está procurando. Deus está à procura de um coração que precise de mudança, não de um coração que precise de maquiagem. Ele não quer reformar seu coração, Ele quer destruí-lo por completo e colocar outro no lugar. Suas roupas e costumes? Deus pouco se importa com isso. Vai por mim. Ele tem coisa mais importante pra se preocupar.


Abraço
Eliab Alves Pereira