Eu sou invisível

Certa vez ouvi uma história sobre um homem sem-teto em Hollywood Blvd que realmente pensava que ele era invisível. Mas um dia um garoto entregou ao homem um panfleto cristã. O mendigo ficou chocado e espantado, “o quê! Você pode me ver? Como você pode me ver? Eu sou invisível!



Grupo Sociocultural JovenSapiens

Ae povo.. é com muito orgulho que eu venho aqui falar pra vocês de uma ideia que ta dando certo.
Tudo começou com uma conversa de MSN e está se concretizando aos poucos.
O Grupo Sociocultural JovenSapiens é uma extensão do Blog de Eliab(JovenSapiens) e uma ideia independente que pretende colocar em prática todos os conceitos Cristãos de ajuda e amor ou próximo. Nós temos vizinhos que precisam dessa ajuda. Vizinhos que as vezes a gente nem vê por ficarmos acomodados com a vida boa que levamos.
Pretendemos atender a maior quantidade possivel de familias carentes com roupas, alimento e eventos culturais.
Quem tiver interessado em participar entra na nossa comu e deixe contato no tópico ;]
Clique aqui e participe da nossa comunidade.
Valeu galera.. 


Quantos de nós têm feito com que muitas pessoas se sintam invisíveis? Últimamente tenho visto cenas muito ilógicas que às vezes chegam a ser cômicas. Pra que curte humor negro. Cenas de cegueria, exato, cegueira! Esta é a palavra certa. Na porta de alguns restaurantes da cidade onde moro, ao passar pela entrada, vejo pessoas mendigando o pão do lado de fora. Ao lado de supermercados, temos crianças passando fome, semana passada eu vi uma cena curiosa e fiquei inconformado porque estava sem uma máquina pra registrar aquele momento. Tinha um cara dormindo na calçada do supermercado do meu pai, deitado do lado do carro do meu pai, uma "caminhonete do ano". O que eu quero mostrar aqui não é o carro nem a empresa que possou, mas que nem eu, que estou trazendo isso pra vocês, escapo desse panorâma. Quero mostar que muitas vezes nossos gastos são maiores com coisas literalmente sem valor significativo. Pessoas estão passando necessidade, estão precisando de carinho e atenção, e muitas vezes nós não enxergamos isso. E o pior de tudo é que não precisamos ir muito longe pra ver isso. Muitas vezes nosso vizinho está precisando de ajuda, e nós não sabemos. Pra falar a verdade, acho que a palvra correta não é cegueira. É DESUMANIDADE!

Quero convidar você que está lendo isso a fazer algo pra mudar esse quadro, ou tentar mudar. Nenhum de nós está livre disso. Como eu já falei, até eu que estou com essa iniciativa junto com Higor e Paulinho, me encontro nesse grupo desumano que torna muitas pessoas invisíveis.

EU QUERO MUDAR! O QUE VOCÊ QUER?

A realidade é surreal, o nosso ideal ainda não é real!

Abraço, 
Eliab Alves

Cristianismo Puro e Simples [3]


Pediram para que eu lhes dissesse em que os cristãos acreditam, mas vou falar antes sobre uma coisa em que eles não precisam acreditar. Se você é cristão, não preci­sa acreditar que todas as outras religiões estão simples­mente erradas de cabo a rabo. Se você é ateu, é obrigado a acreditar que o ponto de vista central de todas as reli­giões do mundo não passa de um gigantesco erro. Se você é cristão, está livre para pensar que todas as religiões, mes­mo as mais esquisitas, possuem pelo menos um fundo de verdade. Quando eu era ateu, tentei me convencer de que a raça humana sempre estivera enganada sobre o as­sunto que lhe era mais caro; quando me tornei cristão, pude adotar uma opinião mais liberal sobre o assunto.

É claro, no entanto, que, pelo fato de sermos cristãos, nós temos efetivamente o direito de pensar que, onde o cristianismo difere das outras religiões, ele está certo e as outras, erradas. É como na aritmética: para uma de­terminada soma, só existe uma resposta certa, e todas as outras estão erradas; porém, algumas respostas erradas estão mais próximas da certa do que as outras.
A primeira grande divisão da humanidade se dá en­tre a maioria que acredita em alguma espécie de Deus, ou deuses, e a minoria que não acredita. Nesse ponto, os cristãos se juntam à maioria - os gregos e romanos da Antigüidade, os selvagens modernos, os estóicos, os pla­tônicos, os hindus, os maometanos etc, contra o materialismo europeu ocidental moderno.
Passo agora à grande divisão seguinte. As pessoas que acreditam em Deus podem ser agrupadas de acordo com o tipo de Deus em que acreditam. Neste assunto, existem duas concepções bem diferentes uma da outra. Uma delas é a de que ele está acima do Bem e do Mal. Nós, seres humanos, dizemos que uma coisa é má e outra é boa. De acordo com alguns, porém, esse é um mero ponto de vista humano. Essas pessoas diriam que, quanto mais sábios nos tornamos, menos nos interes­samos por classificar as coisas dessa maneira, e nos da­mos conta com clareza cada vez maior de que tudo é bom sob certo ponto de vista e mau sob outro, e que nada poderia ser diferente do que é. Em conseqüência, essas pessoas crêem que, antes mesmo de nos aproximarmos do ponto de vista divino, essa distinção desaparece to­talmente. Nós consideramos o câncer mau, diriam elas, porque ele mata pessoas; mas poderíamos igualmente chamar um cirurgião de mau porque ele mata o câncer. Tudo depende do ponto de vista. A outra idéia, oposta a esta, é de que Deus é definitivamente "bom" ou "jus­to", é um Deus que toma partido, que ama o amor e odeia o ódio, que quer que nos comportemos de uma forma e não de outra. O primeiro ponto de vista - o de um Deus acima do Bem e do Mal - é chamado panteísmo. Foi sustentado por Hegel, o grande filósofo prus­siano, e, na medida em que posso compreendê-los, pe­los hindus. O outro ponto de vista é sustentado pelos judeus, maometanos e cristãos.

Essa grande diferença entre o panteísmo e a idéia cristã de Deus normalmente traz outra a reboque. Os panteístas em geral acreditam que Deus, para usar uma metáfora, anima o universo como nós animamos o cor­po: o universo quase é Deus, de tal modo que, se o uni­verso não existisse, Deus também não existiria, pois todos os seres do universo fazem parte dele. A idéia cristã é bem diferente. Os cristãos pensam que 

Deus inventou e criou o universo como um homem que pinta um quadro ou compõe uma música. Um pintor não é o que ele pinta e não vai morrer se o quadro for destruído. Quando di­zemos que "ele infundiu sua alma na pintura", só que­remos dizer que a beleza e o fascínio que o quadro des­perta vieram da mente dele. A habilidade dele não está presente na tela da mesma forma que está presente em sua cabeça ou mesmo em suas mãos. Acho que você já compreendeu que a diferença entre panteístas e cristãos segue essa mesma linha. Se você não leva muito a sério a distinção entre o Bem e o Mal, é fácil dizer que qual­quer coisa que encontra no mundo é uma parte de Deus. Por outro lado, se acha que certas coisas são realmente más e Deus é realmente bom, já não pode falar dessa ma­neira. Tem de acreditar que existe uma separação entre Deus e o mundo e que certas coisas que vemos são con­trárias à sua vontade. Confrontado com o câncer ou com a miséria, o panteísta pode dizer: "Se pudéssemos ver as coisas do ponto de vista divino, nos daríamos conta de que isso também é Deus." O cristão retruca: "Não diga essa maldita asneira!" O cristianismo é uma religião aguerrida. Para o cristão, Deus criou o mundo - "tirou de sua cabeça" o espaço e o tempo, o calor e o frio, todas as cores e sabores, todos os animais e vegetais, como um homem que cria uma história. Por outro lado, para o cristianismo, muitas das coisas criadas por Deus caíram no erro, e Deus insiste - aliás, de forma enfática - em co­locá-las de volta no lugar.

Com isto, é claro, surge uma pergunta difícil. Se um Deus bom criou o mundo, por que esse mundo deu errado? Por muitos anos, recusei-me a ouvir as respos­tas cristãs à pergunta, pois tinha a sensação persistente de que "o que quer que vocês digam, por mais astutos que sejam seus argumentos, não é muito mais simples e mais fácil afirmar que o mundo não foi feito por um poder dotado de inteligência? As argumentações de vo­cês não são apenas uma complicada tentativa de fugir ao óbvio?" Mas, através disso, acabei deparando com outra dificuldade.
Meu argumento contra Deus era o de que o uni­verso parecia injusto e cruel. No entanto, de onde eu tirara essa idéia de justo e injusto? Um homem não diz que uma linha é torta se não souber o que é uma linha reta. 

Com o que eu comparava o universo quando o cha­mava de injusto? Se o espetáculo inteiro era ruim do começo ao fim, como é que eu, fazendo parte dele, po­dia ter uma reação assim tão violenta? Um homem sen­te o corpo molhado quando entra na água porque não é um animal aquático; um peixe não se sente assim. 

E claro que eu poderia ter desistido da minha idéia de justiça dizendo que ela não passava de uma idéia particular minha. Se procedesse assim, porém, meu argu­mento contra Deus também desmoronaria - pois de­pende da premissa de que o mundo é realmente injusto, e não de que simplesmente não agrada aos meus capri­chos pessoais. Assim, no próprio ato de tentar provar que Deus não existe - ou, por outra, que a realidade como um todo não tem sentido -, vi-me forçado a ad­mitir que uma parte da realidade - a saber, minha idéia de justiça- tem sentido, sim. Ou seja, o ateísmo é uma solução simplista. Se o universo inteiro não tivesse sen­tido, nunca perceberíamos que ele não tem sentido - do mesmo modo que, se não existisse luz no universo e as criaturas não tivessem olhos, nunca nos saberíamos imer­sos na escuridão. A própria palavra escuridão não teria significado.

continua...

Cristianismo Puro e Simples [2]



O cristianismo exorta as pessoas a se arepender e promete-lhes o perdão. Consequentemente (que me conste), ele não tem nada a dizer às pessoas que não têm a consciência de ter feito algo de que devem se arrepender e que não sentem a urgência de ser perdoadas. É quando nos damos conta da existência de uma Lei Moral e de um Poder por trás dessa Lei, e percebemos que nós violamos a Lei e ficamos em dívida para com esse poder - é só então, e nunca antes disso, que o cristianismo começa a falar nossa língua. Quando você está doente, dá ouvidos ao médico. Quando perceber que nossa situação é crítica, começará a entender a respeito do que os Cristãos estão falando. Eles nos oferecem uma explicação de por que nos encontramos em nosso estado atual, de odiar o bem e também de amá-lo; de por que Deus pode ser essa mente impessoal oculta por trás da Lei Moral e, ao mesmo tempo, uma Pessoa. Explicam que as exigências dessa lei, que nem eu nem você conseguimos cumprir, foram cumpridas por Alguém, para o nosso bem; que Deus mesmo se fez homem para salvar os homens de sua própria ira. É uma velha história, e se você quiser esmiuçá-la poderá consultar pessoas que, sem dúvida nenhuma, tê mais autoridade do que eu para falar dela. Tudo que faço é pedi a todos que encarem os fatos - que compreendam as perguntas para as quais o Cristianismo pretende oferecer respostas.

continua...

Tudo Sofre (vídeo)

Cristianismo Puro e Simples [1]

O cristianismo "puro e simples" é como um saguão de entrada que se comunica com as diversas peças da casa. Se eu conseguir trazer alguém até esse saguão, terei cumprido o objetivo a que me propus. Porém, é nos cômodos da casa, e não no saguão, que estão a lareira e as cadeiras e são servidas as refeições. O saguão é uma sala de espera, um lugar a partir do qual se podem abrir as várias portas, e não um lugar de moradia.

É verdade que certas pessoas vão descobrir que terão de esperar no saguão por um tempo considerável, enquanto as outras saberão com certeza e imediatamente em qual das portas deverão bater. Eu não conheço o porquê dessa diferença, mas tenho a convicção de que Deus não deixa ninguém à espera a não ser que a julgue benéfica. Quando você chegar ao seu cômodo, descobrirá que a longa espera lhe fez um bem que não seria alcançável por outros meios. Porém, sua estada no saguão deve ser encarada como uma espera, e não como um acampamento. Você deve perseverar na oração, implorando pela luz; e, claro, mesmo que ainda no saguão, deve começar a tentar obedecer às regras comuns à casa inteira. Acima de tudo, deve se perguntar continuamente qual das portas é a verdadeira; não qual delas tem a pintura mais bonita ou poossui os melhores ornamentos. Em linguagem clara, a pergunta a ser feita não deve ser: "Será que eu gosto desses rituais?", mas sim: "Serão essas doutrinas verdadeiras? O sagrado mora aqui? Será que minha relutância em bater nesta porta não se deve ao orgulho, ou a um gosto pessoal, ou ao capricho de não simpatizar com o seu guardião?"

Quando você chegar ao seu cômodo, seja bondoso com as pessoas que escolheram outras portas, bem como as pessoas que ainda estão no saguão. Se elas estão no erro, precisam ainda mais de suas preces; e, se forem suas inimigas, você, como Cristão, tem o dever de orar por elas. Esta é uma das regras comuns à casa inteira.

C.S. Lewis [Cristianismo Puro e Simples]

Por enquanto é isso galera. "Cristianismo Puro e Simples" vai ser uma série de postagens baseadas nos escritos de C.S. Lewis onde ele nos mostra o que realmente é o Cristianismo puro; sem rituais, dogmas ou costumes. A partir do que for trabalhado aqui você terá a capacidade de escolher qual porta bater (igreja) e se instalar nos cômodos que você julgar corretos.  O objetivo desses posts não é te condizir a uma escolha religiosa, mas de dar ferramentas que te ajudem a escolher o correto.

Então é isso, encare os fatos e faça sua escolha. Espero que essa sequencia de postagens ajude muita gente. Até o próximo post...

Abraço,
Eliab Alves Pereira

Nos último anos amei demais

Nos últimos anos amei demais, pensei de menos. Me apaixonei perdidamente pela cultura imposta por meus catequisadores. Desfaleci de amor por algo que nem mesmo conhecia.
Na verdade o que fora importante para mim outrora, hoje se torna irrelevante. Por que? Comi do fruto. Passei a enxergar com outros olhos. Perdoe-me pastor, mas eu pequei.
Toda a devoção pela figura intocável da igreja instituição, passa a dar lugar à indiferença. Nos últimos anos amei demais com o coração alheio, amei um evangelho que não vivia, um evangelho mecânico que não me satisfaz mais.
Páre e reflita. Você sabe a quem ama? E por que ama? Nos últimos anos amei demais, pensei de menos. Hoje sei a quem amo, e porque amo.
Nos últimos anos amei demais. Amei um amor mentiroso. Amei com o coração dos outros. Amei sem saber o que era amor. Amei um evangelho morto. Amei sem saber que alguém me amou primeiro.
Quantas vezes te ensinaram que precisava amar a Deus, e aí sim Ele te amaria de volta? Você deve estar se perguntando: “Do que ele está falando?”. Tudo bem, talvez não tenham usado essas palavras. Mas quantas vezes te ensinaram que Deus pesaria a mão sobre você se não dizimasse? E se você fizesse algo de errado, estivesse em pecado? Deus o puniria pois o preço do pecado é a morte. Gostaria de fazer uma pergunta. Você deixa de amar seu filho quando ele faz algo errado? Espero que não. Mas por que você acha que Deus deixaria? Entenda bem. Deus te ama, independente do que você faz, inclusive se você não o amar de volta.
Nos últimos anos amei sem experimentar o que é amar. Amei algo que os outros viviam. Hoje amo aquilo que vivo. Amo por que fui amado primeiro. Quantos anos passei engolindo tudo que me era dito, tudo que me era imposto goela abaixo. Por que somos tão preguiçosos a ponto de não procurarmos na única fonte certa, a bíblia, respostas e embasamento para aquilo que nos é pregado domingo após domingo? Por que nós nos enamoramos por algo que nem sabemos se é, de fato, a verdade?
Te convido a refletir, por um minuto, se você tem amado de verdade. Se você tem amado com o próprio coração.
Nos últimos anos amei demais. Hoje prefiro raciocinar. Amar sem entender o por que, tem data para vencer. Você deve se lembrar de amigos que se decepcionaram com o evangelho que lhes era pregado na igreja. Repito: Amar sem entender o por que, tem data para vencer. Mas por que não ensinamos em nossas igrejas o por que de amar verdadeiramente, o evangelho puro e simples? Nos últimos anos me forcei a amar um evangelho mentiroso. Quero viver e raciocinar um evangelho puro e simples. Ouviram? Puro e simples.
Hoje amo não a igreja, mas o Pai. Idolatro não o pastor, mas a mensagem. Amo não a cultura, mas a verdade. Nos últimos anos amei demais, pensei de menos. Hoje prefiro pensar, e pensar com o coração. Pensar sobre o amor verdadeiro, daquele que viveu entre nós e nos amou primeiro.

 Texto de:
Filipe Fernandes

O poder de um pequeno defeito

“Viajando num trem, de repente paramos. O problema foi que um parafuso pequeno havia quebrado e fomos obrigados a seguir lentamente com um pistão só ao em vez de dois funcionando. Somente um pequeno parafuso estava quebrado. Se tivesse sido corrigido o trem teria corrido sua trilha de ferro, mas a ausência daquela peça insignificante atrapalhou tudo. A analogia é perfeita; um homem, em todos os outros aspectos apto para ser útil pode, por causa de um pequeno defeito, ser impedido ou até tornado inútil para o ministério.

C. H. Spurgeon, “Lições Para Meus Estudantes”.

Fábrica de endurecer corações

Igreja. Quando penso nela me vem a idéia de um lugar cheio de pessoas. Pessoas alegres, transformadas por um encontro com Cristo. Pessoas que tiveram uma mudança radical de vida, e encontrando a verdadeira Vida, agora vivem diferentes. Isso tudo é muito bonito na teoria. Na prática quando penso na Igreja, vejo um lugar cheio de pessoas. Mas essas pessoas estão muito aquém do que deveriam ser, longe do ideal proposto pelo Mestre Jesus, o “Senhor da Igreja”. A começar pela minha vida, vejo que somos um amontoado de pessoas falhas que estão tentando acertar o alvo, apesar da presença constante e devastadora do pecado, que destrói boa parte daquilo que vamos construindo nessa jornada da fé. Mas além de todos esses problemas ainda há a presença daqueles que estão entre nós só para “engrossar o caldo”. São pessoas que confundem a essência de tudo: a Igreja é o POVO, e não a INSTITUIÇÃO, O PRÉDIO! Essas pessoas vão tomando os lugares de liderança e com suas vidas amargas deixam de lado os princípios básicos do bom cristianismo (prá não falar da boa educação). E assim a convivência vai se tornando difícil, a ponto de muitos recém-nascidos abandonarem o meio, ou morrerem em meio ás muitas discussões “teológicas” que a nenhum lugar levam.
Quando a Igreja deixa de ser corpo para ser instituição começa a sua derrocada. Os mais insistentes vão tentando, mas os fariseus prosperam a olhos vistos. O que acontece é que as pessoas vão se machucando, se ferindo e para não padecerem de uma “infecção generalizada” espiritual, elas se fecham. Aí começa o processo de endurecimento do coração. Começam a recusar so cargos, começam a fazer apenas o necessário, começam a … deixar de viver a vida da fé em comunidade. Os fariseus, por sua vez, não deixam o osso nem com reza braba!
Hoje entendo porque muitos preferiram “se anular” para poderem sobreviver na fé. Alguma coisa precisa ser feita. Precisamos parar, refletir, e pedir perdão. Precisamos também mudar de vida. Resgatar os princípios bíblicos, estimular a convivência sadia entre os irmãos e derrubar o que precisar ser derrubado prá construirmos algo mais sólido.

Texto de:
Maurício "também tenho culpa nessa história" Boehme

Entrevista com C.S. Lewis

Inglaterra, em 18 de abril de 1944.










 

Pergunta: Qual das religiões do mundo confere a seus seguidores maior felicidade?


Lewis: Qual das religiões do mundo confere a seus seguidores maior felicidade? Enquanto dura, a religião da auto-adoração é a melhor. Tenho um velho conhecido já com seus 80 anos de idade, que vive uma vida de inquebrantável egoísmo e auto-adoração e é, mais ou menos, lamento dizer, um dos homens mais felizes que conheço. Do ponto de vista moral, é muito difícil. Eu não estou abordando o assunto segundo esse ponto de vista. Como vocês talvez saibam, não fui sempre cristão. Não me tornei religioso em busca da felicidade. Eu sempre soube que uma garrafa de vinho do Porto me daria isso. Se você quiser uma religião que te faça feliz, eu não recomendo o cristianismo. Tenho certeza que deve haver algum produto americano no mercado que lhe será de maior utilidade, mas não tenho como lhe ajudar nisso.

Pergunta: Os materialistas e alguns astrônomos sugerem que o sistema solar e a vida como a conhecemos foram criados por uma colisão estelar acidental. Qual é a visão cristã dessa teoria?


Lewis: Se o sistema solar foi criado por uma colisão estelar acidental, então o aparecimento da vida orgânica neste planeta foi também um acidente, e toda a evolução do Homem foi um acidente também. Se é assim, então todos nossos pensamentos atuais são meros acidentes – o subproduto acidental de um movimento de átomos. E isso é verdade para os pensamentos dos materialistas e astrônomos, como para todos nós. Mas se os pensamentos deles – isto é, do Materialismo e da Astronomia – são meros subprodutos acidentais, por que devemos considerá-los verdadeiros? Não vejo razão para acreditarmos que um acidente deva ser capaz de me proporcionar o entendimento sobre todos os outros acidentes. É como esperar que a forma acidental tomada pelo leite esparramado pelo chão, quando você deixa cair a jarra, pudesse explicar como a jarra foi feita e porque ela caiu.

Pergunta: A aplicação dos princípios cristãos daria um fim ou reduziria enormemente o progresso material e científico? Em outras palavras, é errado para um cristão ser ambicioso e lutar por progresso material?
 
Lewis: É mais fácil pensar num exemplo mais simples. Como a aplicação dos princípios cristãos afetaria alguém numa ilha deserta? Seria menos provável que esse cristão isolado construísse uma cabana? A resposta é “Não”. Pode chegar um momento em que o Cristianismo o diga para se preocupar menos com a cabana, isto é, se ele estiver a ponto de considerar a cabana a coisa mais importante do universo. Mas, não há nenhuma evidência de que o Cristianismo o impediria de construir um abrigo. Ambição! Devemos ter cuidado sobre o que queremos dizer com essa palavra. Se for desejo de passar à frente de outras pessoas – que é o que eu penso que quer dizer – então, ela é uma coisa má. Se significar apenas desejo de fazer bem uma coisa, então é boa. Não é errado para um ator querer atuar tão bem quanto possível, mas desejar ter seu nome escrito com uma letra maior do que a de outros atores, isso sim é errado.

Pergunta: Tudo bem em ser General, mas se alguém tiver a ambição de ser General, então não dever ser.

Lewis: O mero evento de se tornar um General não é nem certo, nem errado em si mesmo. O que importa moralmente é sua atitude em relação a isso. O homem pode estar pensando em vencer a guerra; ele pode estar desejando em ser General porque honestamente pensa que tem um bom plano, e ficará feliz em colocá-lo em prática. Isso está ok. Mas, se ele pensa: “O que posso ganhar com esse emprego?” ou “O que devo fazer para aparecer na primeira página do Illustrated News?” então, isso é errado. O que chamamos de ambição, usualmente, significa o desejo de ser mais notável ou mais bem sucedido que outra pessoa. É o elemento competitivo que é nocivo. É perfeitamente razoável querer dançar melhor ou ter uma aparência melhor do que outros – quando você começar a perder o prazer se outros dançarem melhor que você ou tiverem uma melhor aparência, então você está indo na direção errada.

Para quem não o conhece, Clive Staples Lewis, ou simplesmente C.S. Lewis, produziu uma vasta obra literária e é considerado por muitos o maior pensador cristão do século XX – pela sobriedade e lucidez das respostas a seguir dá pra imaginar a razão disto.

Fonte: Glaucia Santana

O mau hábito da minha cachorrinha

Ontem (05/06/2011) eu briguei com minha cachorrinha de estimação. Ela tem um péssimo hábito de se coçar. Semana passada eu tava brincando com ela e vi que ela está cheia de feridas, tudo por causa dessa sua mania horrível. Sempre procuro algum carrapato ou pulga q esteja atormentando a coitada, mas o problema não é esse. Ela que pegou uma mania estranha mesmo.
Ontem eu falei: "Para de se coçar Raika! Parece que é doida. Num tá vendo que isso te deixa toda ferida não?" Lembro dela olhando pra mim como se eu fosse bater nela ou sei lá o que, talvez tenha se assustado por causa do meu tom de voz. Mas é pq eu fico muito aperriado quando a vejo se coçando, eu sei q aquilo vai ferí-la, por isso reclamo, mas mesmo assim ela faz. Depois, eu voltei a chamar a atenção dela pq ela voltou a fazer a mesma coisa.

Você concorda comigo que a coçeira é uma péssima companheira? Aquela sensação incômoda, sempre te obrigando a se livrar dela e que só para de te perturbar quando vc dá alguma atenção pra ela. Já reparou? Quando vc está fazendo algo que exija concentração sempre aparece aquele comichão na ponta do nariz, vc tenta ignorá-lo mas parece que ele fica pior a cada segundo e só sai dali quando você faz o que ele quer.

Agora me diz uma coisa. Você já reparou que o pecado não é diferente? Sempre que você está de boa com tudo e com todos, principalmente com Deus, aquele comichão sempre aparece. Aquela vontade de coçar sobe e desce de nível. Você sabe que não deve dar atenção mas parece que aquilo nunca vai acabar enquanto vc não fizer o q ele quer. Parece que tudo que você faz aumenta a vontade de coçar. E da mesma forma que você faz com a ponta do seu nariz; nós fazemos com o pecado não é verdade? Fazemos o que ele quer, o que ele estava nos obrigando a fazer.
Isso é uma situação muito curiosa. Se eu estivesse todo sujo, coberto de lama ou sejá lá do que for, a última coisa que iria incomodar meu corpo era uma coçeira correto? Talvez seja pelo fato de que meu corpo está tão sujo com outras coisas maiores e mais sujas que não aparece nem um simples comichão

Se eu estou totalmente afogado no pecado, não preciso me coçar já que estou sujo por inteiro, o diabo não precisa mais que eu me coçe. Já estou na dele. Engraçado como ele consegue nos arrastar pra uma poça de lama com coisas tão pequenas não é?
As tentações são iguais a uma oferta de chocolate a um chocólatra diabético. Ele sabe que não deve aceitar, mas se for tentado por muito tempo vai acabar aceitando. Mas essa decisão acaba piorando sua situação e o deixando cada vez mais longe de uma possível melhora.

E ai entra Deus, Ele está vendo que aquilo está acabando conosco, que nós mesmo estamos nos ferindo. E Ele se importa demais conosco para nos deixar numa situação dessa sem chamar nossa atenção. Talvez Ele sussurre pra você por meio da sua consciência, ou grite a ponto de te assustar por meio de uma catástrofe. Mas Ele sempre vai nos avisar sobre o que estamos fazendo. Muitas vezes nós vamos odiar isso, mas Ele vai fazer.

Eu imagino Deus olhando pra nós e dizendo: "Mermão, vocês têm o que na cabeça? Num tá vendo que isso tá acabando contigo não ô? Para com isso, eu tow aqui pra te oferecer alívio e você ainda insiste nessa burrada. Você só sente coçeira pq não Me escolheu ainda. Acha que Me escolheu mas ainda não fez isso da maneira correta."

Pecado é isso. Ele só precisa te incomodar um pouquinho para que vc dê atenção a ele. E a pior notícia que eu tenho pra dar nesse post é: Uma coceira não incomoda quem está limpo. Se sentimos algum incomodo é pq tem algo sujo por ai. E eu penso dessa forma: Se estamos em Cristo e Ele em nós, nós estaremos completamente limpos. Então, como algum comichão poderá nos incomodar se estivermos totalmente limpos?
Isso é um grande problema. Pessoas que pensam estar com Cristo mas na verdade não estão.
Se Cristo diz que com ele nós seremos totalmente purificados e libertos do pecado; mas nós ainda não somos assim, me perdoe, mas só não vou dizer que Ele mentiu. Somo nós que não estamos com Ele.
 Fazemos de tudo por Ele, mas sem a rendição total a Ele, nós não fizemos NADA!

Não pense que isso é normal e que acontece com todo mundo.

Na verdade, é normal sim. Mas, você realmente quer ser normal? Acontece com todo mundo? Sim! Mas você quer ser igual a todo mundo?

Precisamos ser diferentes pra podermos agradar quem nos faz diferente.

Lembre-se: O que é uma coçeira pra quem está jogado na lama? Mas eu conheço alguém que pode nos tirar dessa lama, nos limpar e nos livrar pra sempre desse tipo de incomodo. Jesus Cristo. Só Ele pode fazer isso. E mais uma coisa: Como alguém abandonado pra morrer em um pântano pode se limpar? Veja esse cara aew da foto? Como ele vai conseguir se limpar sozinho ai onde ele está? Desista. Você nunca vai conseguir se limpar sozinho, só Cristo pode fazer isso por você.

Nada que façamos vai nos deixar purificados o bastante pra Deus. Como podemos nos tornar algo que só Ele tem conhecimento do que é? Nosso padrão de perfeição não é o mesmo de Deus. Ele sempre vai querer muito mais do que podemos fazer. E já que não podemos ganhar essa corrida; o melhor a fazer é pedir pra que Ele nos leve junto com Ele. Não corra atrás Dele. Só pessa pra que Ele te carregue. Dessa forma, nos livraremos dessa coçeira infame.
 


Abraço,
Eiab Alves Pereira

Imagina Só> E se fosse Assim?> Sede meus imitadores

Sede meus imitadores

jesusnegao Uma das expressões do apóstolo Paulo que sempre me incomodaram foi sua afirmação enfática e repetida: “Sede meus imitadores como eu sou de Cristo.”
Sempre tive dificuldade para afirmar isto. Na verdade, acho muito presunçoso, talvez até mesmo arrogante, alguém fazer tal declaração.
Aceitá-la da boca de Paulo não me parece tão difícil. Afinal, ele foi um apóstolo, ouviu a voz do Senhor, suas cartas foram inspiradas e estão inseridas no Texto Sagrado, viveu como poucos uma vida de intensa consagração, serviço e dedicação a Cristo, comprometeu-se até a morte com o Reino de Deus.
Uma pessoa com as credenciais de Paulo poderia afirmar com certa segurança: “Sede meus imitadores, como eu sou de Cristo.” Mas como alguém, com minhas credenciais, consegue fazer tal afirmação?
Minha dificuldade não para aí, é um pouco mais grave. Se não consigo fazer uma afirmação assim por falta de coragem, convicção, por achar que não sou uma imitação confiável de Cristo, surge outro problema, certamente mais grave: se não imito a Cristo, a quem imito?
Sabemos que a vida não existe em si mesma, como uma realidade auto-suficiente, auto-criadora.
Fomos criados, gerados. Temos desejos e ansiedades, gostos e vontades, e tudo isso expressa nossa natureza, reflete aquilo que somos.
São nossos desejos que nos impulsionam, determinam escolhas, riscos e rumos. A vida é o reflexo de tudo isso, somos um espelho daquilo que desejamos.
O apóstolo Paulo, ao falar da imitação de Cristo, assume a natureza da imagem de Deus na qual fomos criados.
É a partir desta doutrina que ele afirma sua identidade e reage aos riscos da idolatria.
No Salmo 115, o salmista diz que aqueles que fazem, confiam e adoram ídolos tornam-se semelhantes a eles.
Refletimos aquilo que adoramos. O problema maior da idolatria não são os ídolos, mas a descaracterização daquilo para o que fomos criados.
Paulo, em sua carta aos romanos, descreve com clareza alarmante o estado deplorável dos homens que trocaram a glória de Deus e passaram a adorar outros deuses, ídolos e a si mesmos.
Esses homens, diz Paulo, perderam o juízo, a sanidade, tornaram-se loucos, insensatos, desumanos, depravados e perversos.
Reflexos daquilo que adoravam. Fomos criados para adorar Deus e refletir sua imagem. Isto nos ajuda a rever nossa própria identidade.
Paulo afirma que não pertence a si mesmo, que foi comprado por bom preço (1Co 6.20), que seu corpo é morada do Espírito Santo, que sua vida existe para glorificar Deus.
Ao dizer “sede meus imitadores…”, Paulo não está pretendendo ser melhor, mais santo, mais puro, mais correto do que os outros.
Não se coloca numa posição de destaque com a arrogância comum de líderes narcisistas. Ele apenas reconhece quem adora e diante de quem sua vida é vivida.
A doutrina da imago Dei é fundamental para uma espiritualidade cristã, bíblica e saudável.
Ela nos ajuda a levar a sério o pecado, que é, em última análise, a perversão da imagem, a deformação daquilo para o que fomos criados, a desumanização do ser.
Muitas vezes paramos de crescer porque esquecemos nosso destino, passamos a adorar outros ídolos, perdemos de vista a humanidade perfeita de Cristo, tornamo-nos reflexos de uma glória passageira, da nossa própria vaidade e egoísmo.
É uma doutrina que mostra que a vida cristã é dinâmica, e não estática. Caminhamos em direção a Cristo ou retrocedemos em direção à apostasia.
A compreensão da imago Dei também nos ajuda a construir uma espiritualidade mais pessoal e relacionai.
Ao dizer “sede meus imitadores…”, Paulo expõe sua vida, torna sua fé uma expressão pessoal e comunitária.
Ele convida a Igreja a olhar para as transformações que o Evangelho fez em sua vida.
Ele não é ó tipo de pensador que esconde a dinâmica da vida, ou do teólogo que se esconde atrás da academia.
A mente, para Paulo, não é um substituto para a vida. Ele se oferece como uma carta viva, um exemplo real.
Ele abre sua vida à comunhão e aos afetos. Ele sofre porque vive o que ensina, porque é sincero e verdadeiro em sua pregação.
O convite para imitá-lo é um convite para a comunhão, para andar junto, conhecer e ser conhecido, para seguir em direção a Cristo, amadurecer, amar, perdoar, crescer.
É assim que Paulo entende a dinâmica da fé, aexperiência com Deus, o significado da teologia e a importância da doutrina.
Para ele, tudo isso desemboca numa vida mais humana, mais verdadeira, transparente, pessoal e relacionai.
A imago Dei também nos ajuda a preservar a centralidade de Cristo em nossa experiência pessoal.
O propósito da espiritualidade cristã é o nosso crescimento em Cristo, nossa conformidade com Ele.
O propósito da oração, das Escrituras, dos sacramentos, da comunhão dos santos, da adoração, da vocação e da missão é o de nos tornar mais semelhantes a Cristo.
Ao afirmar “sede meus imitadores…”, Paulo rompe com qualquer forma de idolatria.
Uma vez que imita Cristo, significa que não adora nenhum outro deus, que não reflete nenhuma outra glória, que não espelha nenhuma outra realidade que não seja Cristo.
Para Paulo, a verdadeira experiência espiritual não consiste em sentir-se bem, provar sensações ou emoções arrebatadoras, buscar um ajuste social ou psicológico, mas em ser convertido e transformado por Cristo, em esquecer-se das coisas que ficaram para trás e seguir em direção ao prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus (Fp 3.13,14), em “chegar ao pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4.13).
Para Paulo, não chegava a ser nenhum absurdo afirmar: “Sede meus imitadores como eu sou de Cristo.”
Não havia nenhuma arrogância em suas palavras, nenhuma prepotência, apenas a certeza de que era a Cristo, e a nenhum outro, nem mesmo seus próprios interesses, que seguia.
Tinha a certeza de que sua vida refletia a glória de Cristo, seus sofrimentos, sua alegria e seus propósitos.
A segurança e a serenidade de que podia se expor, ser verdadeiro, pessoal, humano, afetuoso e simples em seus relacionamentos.
Talvez a dificuldade de muitos em fazer esta afirmação é que temos desenvolvido uma espiritualidade menos pessoal e mais institucional, burocrática, acadêmica, racional.
Buscamos mais experiências, informação, estruturas eclesiásticas, programas e sensações espirituais, e menos a Cristo e a transformação n’Ele.
Refletimos mais o mundo com suas ambições, ansiedades, temores e ambigüidades do que a Cristo com seu amor, graça, perdão e salvação.
“Sede meus imitadores como eu sou de Cristo” é a declaração daqueles que amam a Cristo, que seguem no caminho do discipulado, que não se interessam por nenhuma outra coisa que não seja Cristo e sua perfeita humanidade, que não desejam nada a não ser a comunhão com sua vida, sofrimento, alegria e glória.


Ricardo Barbosa de Souza

O grande vício


Existe um vício do qual homem algum está livre, que causa repugnância quando é notado nos outros, mas do qual, com a exceção dos cristãos, ninguém se acha culpado. Não existe nenhum outro defeito que torne alguém tão impopular, e mesmo assim não existe defeito mais difícil de ser detectado em nós mesmos. Quanto mais o temos, menos gostamos de vê-lo nos outros.
O vício de que estou falando é o orgulho. De acordo com os mestres cristãos, o vício fundamental, o mal supremo, é o orgulho. É por causa dele que o diabo se tornou o que é. O orgulho leva a todos os outros vícios; é o estado mental mais oposto a Deus que existe.
O prazer do orgulho não está em se ter algo, mas somente em se ter mais que a pessoa ao lado. É a comparação que torna uma pessoa orgulhosa: o prazer de estar acima do restante dos seres.
Como podem existir pessoas evidentemente cheias de orgulho que declaram acreditar em Deus e se consideram muitíssimo religiosas? Infelizmente, elas adoram um deus imaginário. Na teoria, admitem que não são nada comparadas a esse deus fantasma, mas na prática passam o tempo todo a imaginar o quanto ele as aprova e as tem em melhor conta que ao resto dos comuns mortais. Ou seja, pagam alguns tostões de humildade imaginária para receber uma fortuna de orgulho em relação a seus semelhantes.
Sempre que constatamos que nossa vida religiosa nos faz pensar que somos bons – sobretudo, que somos melhores que os outros -, podemos ter certeza de que estamos agindo como marionetes, não de Deus, mas do
Diabo. O diabo ri às gargalhadas. Fica satisfeitíssimo de nos ver castos, corajosos e controlados desde que, em troca, prepare para nós uma Ditadura do Orgulho. Do mesmo modo, ele ficaria contente de curar frieiras dos nossos pés se pudesse, em troca, nos deixar com câncer. O orgulho é um câncer espiritual: ele corrói a possibilidade mesma do amor, do contentamento e até do bom senso.
Se alguém quer adquirir a humildade, creio poder dizer-lhe qual é o primeiro passo: é reconhecer o próprio orgulho. Aliás, é um grande passo. O mínimo que se pode dizer é que, se ele não for dado, nada mais poderá ser feito. Se você acha que não é presunçoso, isso significa que você é presunçoso demais.

C.S. Lewis em Cristianismo Puro e Simples / Kleber Pessoa
Solomon1

Deus dói

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Mas quando eu acho que vou voar, vem logo uma idéia pesada, como uma âncora, me lembrando que eu sou só um mortal. Um mortal louco pra voar, preso ao medo de cair no chão. Irônico isso, né?
Eu fico pensando em João Batista. Aquele doido varrido, de roupas estranhas e hábitos ainda mais estranhos. Fico pensando em Jonas dentro da baleia, cheio de teimosias, crises, medos. Fico pensando em Noé no fim de um dia cheio de trabalho, com milhões de xingamentos e zombarias nas costas. Paulo com suas feridas, açoites, dores e perseguições. Pedro e seus três nãos, Pedro e seu “sim”. Eu penso em Davi que uma hora era ninguém, outra hora era rei. Davi com o rosto no chão, Davi chorando e sem comer por vários dias. Davi, o menor, o zuado. Eu também fico pensando em Ester, cheia de receios e dúvidas. Tendo que entender que a condição dada por Deus para estar onde estava era lembrar-se todos os dias da pessoa que ela nunca deixaria de ser. Ela era rainha mas aquilo nada tinha a ver com a coroa. Deviam ser dias estranhos dentro daquele palácio.
Todos esses pensamentos na minha cabeça me levam para a mesma conclusão: talvez esteja na hora de sofrer um pouco mais com Deus. Sofrer um pouco mais pelo o que eu desejo ser para Ele, para o que eu posso experimentar dEle, para então, ser de fato, alguma coisa mais real para mim, para Ele, e para quem está do meu lado.
Claro, não estou desabafando aqui nenhuma mensagem religiosa, recomendando que você ajoelhe no milho. Nada disso. Mas se você também parar para pensar, todas essas pessoas aí em cima conheceram Deus de perto porque com tudo o que viveram e passaram, não se deixaram iludir. Não perderam o foco. E o motivo pelo qual isso não rolou é muito simples: Eles sofreram.
A dor definitivamente é um segredo para conhecermos Deus mais a fundo. O problema, é que muitas vezes não entendemos o sinal da dor. Não acreditamos que o sofrimento possa fazer parte da vida de alguém que um dia vai morar numa terra onde não há choro nem lágrima e nem lamento. Mas aí fica a pergunta: Se eu sou salvo, por que eu tenho medo de morrer para algumas coisas? Se Deus é a minha alegria, por que eu evito alguns sofrimentos? Por que então não nos expomos de uma vez por todas para Deus? Por que evitamos tanto a lama na cara, se somos tão cegos quanto aquele cara da bíblia, que nem chegou a ver que Jesus havia misturado saliva com a terra para curá-lo?
Expor seus limites e fraquezas para Deus é muito mais do que um estilo de vida cristão. Não é uma frase de efeito. Não é só um refrão. É uma atitude que na maioria das vezes ninguém verá você ter. É uma experiência individual, intransferível e incomum. Entender o sinal da dor é para quem quer romper padrões de como ser feliz.
Na verdade, esses momentos são os momentos que Deus tanto espera, e que nós as vezes levamos em banho maria.
É por isso que para entrar na presença dEle (onde há de fato a cura), está escrito que é necessário ter ousadia. É preciso ter coragem para se abrir e entrar nesse lugar secreto onde só há você e Deus. Lá não há palpites alheios nem conselhos que você pode jogar fora mais tarde, caso não ache legal ou necessário. Deus sempre vai ter uma opinião relevante para tudo o que você faz. Não aproveitar a opinião de Deus é simplesmente abrir mão de algo que faça sentido nos dias de hoje. E essa é a parte louca do evangelho: se você está rasgado, você pode entrar na presença de Deus exatamente assim, e ainda pode se rasgar ainda mais. Essa é a ousadia. Deus não tem interesse em vitoriosos, mas deve ficar extremamente feliz com os corajosos. Aqueles que entendem que as vezes Deus dói, e que sua grandeza é muito maior do que uma definição só que possa ser dada à Ele.
Em outras palavras, Ele não aplica band-aid nos seus filhos. Ele lava com sabão, desinfeta e limpa por completo. Ele espreme feridas não porque é um Deus mau, mas porque não faz sentido algum viver de anestasias, quando você conhece a injeção da cura. Essa é a dor que faz você se sentir vivo.
Eu fico pensando nisso: A dor é a oportunidade que Deus tanto sonhou para que você pudesse conhecê-lo melhor. E conhecê-lo melhor não é uma exclusividade para as tardes de domingo na igreja. Não precisa ser num culto, não precisa ser quando tudo estiver resolvido para você. Mas é quando você está sozinho. Quando não há quem ore por você, quando não há conexão com a internet, quando você não tem com quem falar, quando seus motivos não convencem ninguém, quando você tem raiva do seu pastor, quando as letras da sua bíblia não fazem muito sentido. Essa é a hora de você ser sincero e trair as etiquetas do relacionamento tradicional com Deus. Quem sofre quase nunca se importa com modos, aparências e formatos. Quem sofre desaba, se derrama, se joga, se entrega.
A hora em que a sua decisão no mundo espiritual é feita você pode entender o que é não ter nada e ter tudo ao mesmo tempo. Mas andar nessa direção é uma escolha. Se você não andar, você nunca saberá como é esse lugar.
Noé construiu um barco quando nem havia chuva no planeta. João Batista era tido como um louco, Ester tinha conflitos, Jonas tinha medo. Davi tinha irmãos mais preparados e mais bonitos. Além disso, ele tinha perseguidores querendo matá-lo a cada momento, e para completar, um coração profundamente sensivel que acumulava angústias e questionamentos do tipo “Deus, por que você me abandonou?”
Paulo tinha a espera. Para ele morrer era lucro, mas ainda assim, tinha a espera, as coisas desta vida, os espinhos na carne. Pedro tinha que retomar suas escolhas.
Nós temos milhões de problemas, questões que não entendemos, erros que conhecemos muito bem e que fingimos não ver, pendências, descasos, roubos que assistimos todos os dias na nossa alma, no nosso corpo, no nosso espírito. Deus não menospreza nada disso. Ele não deixou um versículo sequer dizendo que seria fácil. Essa é a dica para você entender que sim, você vai sofrer, e não, você não poderá cuidar disso sozinho. Se Deus não fizesse você questionar tantas coisas, então Ele não teria o menor valor e a história de cura que ele tanto divulgou por aí não faria o menor sentido. Eu fico pensando em Marcos 15:37.


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Eu quero morrer

“Eu quero morrer”, quantas vezes eu disse essa frase. Quantas vezes planejei efetivar essa ação. Quantas cartas de despedida escrevi. Quantos momentos ponderei qual seria a morte mais dolorosa, a mais rápida, a mais fácil. Perdi as contas de quantas. Perdi as contas dos momentos sem conseguir sair da cama. Pode parecer exagero, mas só quem sente a dor emocional tão grande que destrói a sua força física, sabe o quão pesada e devastadora ela pode ser.
Durante muito tempo e em inúmeros momentos planejei realmente a minha morte. Nunca cheguei perto de finalizar. Passei a ver esse desejo de várias formas. No meu caso, já foi uma vontade profunda de culpar o mundo por algo que acontecia dentro de mim, já foi uma falta de visão, falta da sensação de “amor”, já foi medo por uma perda, medo pelo futuro… Um matiz indescritível de motivos que justificariam o ato para mim, mas não o justificariam para outros.
Hoje, tenho liberdade com muitas pessoas do meu círculo de convivência, e isso me fez des-cobrir muitas coisas. Des-cobrir, pois não só coisas novas apareceram, mas coisas que me tinham uma aparência mostraram-se, nitidamente, outras. Sempre me senti rejeitada, à margem, menos amada, a esquisita, a excluída e etc. Conversando com essas pessoas, vi que, em grande parte, essa sensação de rejeição era uma sensação minha (diria “não muito coerente”). Em um momento de expor situações e fatos, ficaram claras muitas demonstrações de afeto (e uma grande chatice da minha parte – o que é suficiente para afastar algumas pessoas). Independente de rejeições, essas não justificariam um suicídio, não a meu ver (hoje).
Confesso ter mentido demais, falado demais, vivido extremos demais, (muitos “de-mais”), e nesses momentos de extremos, os “eu quero morrer” também eram “demais”. Na minha busca incansável por justificativas, motivos, por aceitações, realizações, palavras, momentos, satisfações, afetos, uma frustração enorme aparecia. E não só pelos extremos ou pelas instabilidades ou quaisquer outras coisas, mas por que NADA era suficiente. Não tinham amigos suficientes, companhias suficientes, tempo suficiente, amor suficiente, cerveja suficiente, eu suficiente. Não tinha EU suficiente para suprir. Não restava eu, nem ao menos eu. E ai, o momento de me encontrar era no egoísmo profundo dos “eu quero morrer” (Egoísmo profundo, novamente ao meu ver).
Acho que muitos já pararam para pensar “como as pessoas ficariam se eu morresse?”. Como já disse, quantas vezes pensei nisso (também). E era uma cena boa de se ver: pessoas reunidas por minha causa, sentindo minha falta, lembrando de momentos bons…mas e se não fosse assim? E se não houvesse alguém para lembrar? O sofrimento gerado por isso era incomparável, e hoje é minha força. Se acho que ninguém se importaria, recobrem-me forças, por que mesmo que não chorem, quero fazer diferença, quero que ao menos meus pais tenham bons motivos para lembrar de mim. Não existe alguém desamparado, todos têm alguém ao lado, as pessoas só não estão a par disso. E digo isso por que muitos suicídios são “provocados” pela solidão. Muitos dos meus planos foram baseados nisso. Mas eu não estava sozinha, nunca estive. E não digo isso como um conselho de “auto-ajuda”, sim como uma verdade que encontrei nos piores instantes.
Alguém me disse e insistiu muito para me mostrar que somos movidos por relacionamentos. A pesar de todos os problemas, PRECISAMOS de pessoas. Os relacionamentos são nossa base, nossa sustentação. Não existe alguém suficientemente bom para viver completamente sozinho. E se consegue o fazer, geralmente não tem “vida longa”.
Eu preciso insistir: SE IMPORTE. Não digo isso só como alguém que já precisou de atenção, também como alguém que já se importou (e a gratificação por isso é incomparável). Falhei muitas vezes, sim… Entretanto pretendo, pelo menos, ajudar a entender que as pessoas não estão sozinhas. Realmente se importe, não deixe para outro abraçar, pois outro pode não chegar, e o abraço que alguém precisava não foi dado, o carinho necessitado não aconteceu. Geralmente as pessoas não querem muito mais que um bom ombro amigo, um carinho. AME. O amor move montanhas, move os amados, move os que amam…
A dor emocional que destrói a força física é terrível, sentir-se rejeitado é terrível, buscar extremos é terrível, não se encaixar é terrível, perder alguém é terrível, descobrir determinadas coisas é terrível, mas todos esses “terríveis” podem não ser “destrutíveis”. Uma companhia ajuda a passar por isso. O amor ajuda a passar por isso.
Encontrei várias companhias, desde estranhos que conheci aleatoriamente na rua, a meus pais. Muitos têm me ajudado a enfrentar esses “terríveis”. Mas eu tive que buscar… Tive que pedir ajuda, tive que aceitar que não viveria sozinha. Incrivelmente, também tive que me doar, tive que amar. E em todas essas idas e vindas, com companhias, sendo ajudada e ajudando… Descobri que, realmente, o único que sempre estará ao meu lado é Deus. Pode soar clichê, mas Ele é a melhor companhia. E quando eu comecei a contar com isso, confiar nisso e me dedicar a isso, até os outros relacionamentos tornaram-se mais fáceis. Sempre digo que não parei de sentir dor, não parei de sofrer, mas Ele é uma “melhor companhia” incrível, Ele ajuda a passar pelas situações como ninguém. Escolhê-Lo como “melhor companhia” não é simples, mas é para sempre.
Cabe a cada um optar.

Cy 
Solomon1

Não quero mais ser evangélico!

“Irmãos, uni-vos! Pastores evangélicos criam sindicato e cobram direitos trabalhistas das Igrejas”. Esse, o título da matéria, chocante, publicada pela revista Veja de 9 de junho de 1999 anunciando formação do “Sindicato dos Pastores Evangélicos no Brasil”.

Foi a gota d’água! Ao ler a matéria acima finalmente me dei conta de que o termo “evangélico” perdeu, por completo, seu conteúdo original. Ser evangélico, pelo menos no Brasil, não significa mais ser praticante e pregador do Evangelho (Boas Novas) de Jesus Cristo, mas, a condição de membro de um segmento do Cristianismo, com cada vez menor relacionamento histórico com a Reforma Protestante – o segmento mais complicado, controverso, dividido e contraditório do Cristianismo. O significado de ser pastor evangélico, então, é melhor nem falar, para não incorrer no risco de ser grosseiro.
Não quero mais ser evangélico! Quero voltar para Jesus Cristo, para a boa notícia que Ele é e ensinou. Voltemos a ser adoradores do Pai porque, segundo Jesus, são estes os que o Pai procura e, não, por mão de obra especializada ou por “profissionais da fé”. Voltemos à consciência de que o Caminho, a Verdade e a Vida é uma Pessoa e não um corpo de doutrinas e/ou tradições, nascidas da tentativa de dissecarmos Deus; de que, estar no caminho, conhecer a verdade e desfrutar a vida é relacionar-se intensamente com essa Pessoa: Jesus de Nazaré, o Cristo, o Filho do Deus vivo. Quero os dogmas que nascem desse encontro: uma leitura bíblica que nos faça ver Jesus Cristo e não uma leitura bibliólatra. Não quero a espiritualidade que se sustenta em prodígios, no mínimo discutíveis, e sim, a que se manifesta no caráter.
Chega dessa “diabose”! Voltemos à graça, à centralidade da cruz, onde tudo foi consumado. Voltemos à consciência de que fomos achados por Ele, que começou em cada filho Seu algo que vai completar: voltemos às orações e jejuns, não como fruto de obrigação ou moeda de troca, mas, como namoro apaixonado com o Ser amado da alma resgatada.

Voltemos ao amor, à convicção de que ser cristão é amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos: voltemos aos irmãos, não como membros de um sindicato, de um clube, ou de uma sociedade anônima, mas, como membros do corpo de Cristo. Quero relacionar-me com eles como as crianças relacionam-se com os que as alimentam – em profundo amor e senso de dependência: quero voltar a ser guardião de meu irmão e não seu juiz. Voltemos ao amor que agasalha no frio, assiste na dor, dessedenta na sede, alimenta na fome, que reparte, que não usa o pronome “meu”, mas, o pronome “nosso”.

Para que os títulos: “pastor”, “reverendo”, “bispo”, “apóstolo”, o que eles significam, se todos são sacerdotes? Quero voltar a ser leigo! Para que o clericalismo? Voltemos, ao sermos servos uns dos outros aos dons do corpo que correm soltos e dão o tom litúrgico da reunião dos santos; ao, “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu lá estarei” de Mateus 18.20. Que o culto seja do povo e não dos dirigentes – chega de show! Voltemos aos presbíteros e diáconos, não como títulos, mas, como função: os que, sob unção da igreja local, cuidam da ministração da Palavra, da vida de oração da comunidade e para que ninguém tenha necessidade, seja material, espiritual ou social. Chega de ministérios megalômanos onde o povo de Deus é mão de obra ou massa de manobra!
Para que os templos, o institucionalismo, o denominacionalismo? Voltemos às catacumbas, à igreja local. Por que o pulpitocentrismo? Voltemos ao “instruí-vos uns aos outros” (Cl 3. 16).

Por que a pressão pelo crescimento? Jesus Cristo não nos ordenou a sermos uma Igreja que cresce, mas, uma Igreja que aparece: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus. “(Mt 5.16). Vamos anunciar com nossa vida, serviço e palavras “todo o Evangelho ao homem… a todos os homens”. Deixemos o crescimento para o Espírito Santo que “acrescenta dia a dia os que haverão de ser salvos”, sem adulterar a mensagem.


O lutador

Há vários anos atrás, Paul Simon e Art Garfunkel nos encantaram com uma canção de um menino pobre que foi para Nova Iorque em sonho e caiu vítima da vida cruel da cidade. Sem dinheiro, tendo apenas estranhos como amigos, ele passava os dias “escondido, procurando os lugares mais pobres onde os mendigos vão, buscando pontos que só eles conhecem “.[1]
É fácil imaginar esse jovenzinho de rosto sujo e roupas velhas, procurando trabalho e não encontrando. Ele se arrasta pelas calçadas, lutando contra o frio e sonhando em ir para algum lugar “onde os invernos da cidade de Nova Iorque não me façam sangrar, levando-me para casa”.
O garoto pensa em desistir. Em voltar para sua cidade. Desistir — algo que nunca pensou que pudesse fazer.
Mas no momento em que pega a toalha para atirá-la ao ringue, encontra um boxeador. Lembra-se destas palavras?
No espaço vazio se acha um lutador profissional levando com ele cada golpe que que o cortou até que gritasse de ira e vergonha – “Vou embora, vou embora!” mas o lutador permanece mesmo assim.[2]
“O lutador permanece.” Existe algo magnético nessa frase. Ela soa autêntica.
Os que permanecem como o lutador são uma espécie rara. Não quero dizer necessariamente vencer, mas apenas permanecer. Ficar agarrado ali. Terminar. Não ir embora até que seja feito. Mas infelizmente muitos poucos de nós fazem isso. Nossa tendência humana é desistir cedo demais. Nossa inclinação é parar antes de cruzar a linha de chegada.
Nossa incapacidade de terminar o que começamos é vista nas menores coisas:
Um jardim com metade da grama cortada.
Um livro lido pela metade.
Cartas começadas, mas inacabadas.
Um regime posto de lado.
Um carro sobre cavaletes.
Ou se mostra nos pontos penosos da vida:
Uma criança abandonada.
Uma fé vacilante.
A pessoa que muda sempre de emprego.
Um casamento falido.
Um mundo não evangelizado.
Estou tocando em algumas feridas abertas? Há qualquer possibilidade de estar me dirigindo a alguém que esteja considerando desistir? Se estou, quero encorajar você a permanecer. Quero encorajá-lo a lembrar a determinação de Jesus na cruz.
Jesus não desistiu. Não pense, porém, nem por um minuto, que não foi tentado a fazê-lo. Observe como ele estremece ao ouvir seus apóstolos caluniarem e discutirem. Olhe para ele quando chora junto ao túmulo de Lázaro ou quando se lamenta ao agarrar-se ao solo de Getsêmani.
Ele jamais quis desistir? Claro que sim!
Essa a razão pela qual suas palavras são tão esplêndidas. “Está consumado.”
Pare e ouça. Você pode imaginar o grito da cruz? O céu está escuro. As outras duas vítimas gemem. As bocas zombeteiras se calaram. Talvez haja trovões. Talvez choro. Talvez silêncio. Jesus inala então profundamente, empurra os pés sobre o prego romano e grita: “Está consumado!”
O que estava consumado?
O plano da redenção do homem, longo como a história, estava consumado. A mensagem de Deus para o homem havia terminado. As palavras de Jesus como homem na terra não mais se repetiriam. A tarefa de escolher e treinar embaixadores terminara. O trabalho estava terminado. A canção fora cantada. O sangue derramado. O sacrifício feito. O aguilhão da morte fora removido. Tudo acabara.
Um grito de derrota? Dificilmente. Se as suas mãos não tivessem sido pregadas, ouso dizer que um punho triunfante teria sido levantado para o céu escuro. Não, não foi um grito de desespero. Mas de realização. Um grito de vitória, de cumprimento. Também um grito de alívio.
O lutador permaneceu. E agradecemos por tê-lo feito. Graças a Deus que Ele suportou.
Você está prestes a desistir? Não faça isso. Está desanimado como pai? Fique firme. Está cansado de fazer o bem? Faça apenas um pouco mais. Está pessimista em relação a seu emprego? Arregace as mangas e persevere. Não existe comunicação em seu casamento? Dê-lhe mais uma injeção. Não consegue resistir às tentações. Aceite o perdão de Deus e continue em frente. Seu dia está cheio de tristeza e desapontamentos? Seus amanhãs estão-se transformando em “nuncas”? A esperança é uma palavra esquecida?
Lembre-se, quem persevera não é aquele que não apresenta ferimentos nem está cansado. Pelo contrário, ele, como o lutador de boxe, está cheio de cicatrizes e sangrando. Estas palavras foram atribuídas a Madre Teresa: “Deus não nos chamou para ser bem-sucedidos, mas fiéis.” O lutador, como nosso Mestre, foi traspassado e está cheio de dores. Ele, como Paulo, pode ter sido até algemado e açoitado. Mas permanece, persevera.
A Terra Prometida, diz Jesus, aguarda os que perseveram.[3] Ela não é apenas para aqueles que alcançam a vitória ou bebem champanhe. Não, de modo algum. A Terra Prometida é para aqueles que simplesmente permanecem até o fim.
Vamos perseverar.
Ouçam este coro de versículos destinados a dar-nos poder para manter-nos firmes:
Meus irmãos, tende por motivo de toda a alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança.[4]
Por isso restabelecei as mãos descaídas e os joelhos trôpegos; e fazei caminhos retos para os vossos pés, para que não se extravie o que é manco, antes seja curado.’[5]
E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos.’[6]
Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda.’[7]
Bem-aventurado o homem que suporta com perseverança a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam.’[8]
Obrigado, Paul Simon. Obrigado, apóstolo Paulo. Obrigado, apóstolo Tiago. Mas, obrigado mais que tudo ao Senhor Jesus, por nos ensinar a perseverar, a nos manter firmes e, no final, a terminar.
1. “The Boxer” por Paul Simon (c) 1968.
2. Idem.
3. Mateus 10:22
4. Tiago 1:2,3
5. Hebreus 12:12,13
6. Gálatas 6:9
7. 2 Timóteo 4:7,8
8. Tiago 1:12.

Copyright © 2005 Editora Vida Cristã. Todos os direitos reservados. Reproduzido com a devida autorização.

O livro de Max Lucado do qual este capítulo foi extraído,
“Seu Nome É Salvador”, pode ser encomendado da Editora Vida Cristã

Fonte: Hermenêutica

Chore o quanto quiser

Chore o quanto quiser, mas não brigue com Deus por Ele haver me levado.
Se não quiser chorar, não chore.
Se não conseguir chorar, não se preocupe.
Se tiver vontade de rir, ria.
Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão. Se me elogiarem demais, corrija o exagero. Se me criticarem demais, defenda-me.
Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser o santo que me pintam.
Se me quiserem fazer um demônio, mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo. Se falarem mais de mim do que de Jesus Cristo, chame a atenção deles.
Se sentir saudade e quiser falar comigo, fale com Jesus e eu ouvirei. Espero estar com Ele o suficiente para continuar sendo útil a você, lá onde estiver. E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase : ‘ Foi meu amigo, acreditou em mim e me quis mais perto de Deus !’
Aí, então derrame uma lágrima.
Eu não estarei presente para enxuga-la, mas não faz mal. Outros amigos farão isso no meu lugar. E, vendo-me bem substituído, irei cuidar de minha nova tarefa no céu.
Mas, de vez em quando, dê uma espiadinha na direção de Deus.
Você não me verá, mas eu ficaria muito feliz vendo você olhar para Ele.
E, quando chegar a sua vez de ir para o Pai, aí, sem nenhum véu a separar a gente, vamos viver, em Deus, a amizade que aqui nos preparou para Ele.
Você acredita nessas coisas ? Sim??? Então ore para que nós dois vivamos como quem sabe que vai morrer um dia, e que morramos como quem soube viver direito. Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo. Eu não vou estranhar o céu . . .
Sabe porque ? Porque… Ser seu amigo já é um pedaço dele!

Vinícius de Moraes
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Convite à loucura

No início da história cristã, Agostinho acusou: ‘Muitos que chegam perto do caminho da fé afastam-se amedrontados pela vida perversa dos maus e falsos cristãos. Quantos, meus irmãos, vocês acham que são os que querem ser tornar cristãos, mas são repelidos pelos maus modos dos cristãos?’.
Se aquele que está atrás da verdade descobre que os cristãos estão do mesmo modo ensimesmados, repletos de culpa, desesperados, inseguros de seus fundamentos e assombrados pelos mesmos medos – semelhantes a muitos que, no mar, se sentem num ambiente hostil e, assim, vêem-se desorientados -, não é de admirar que tal indivíduo não sinta atração pela igreja. Uma mulher de 23 anos, fazendo um trabalho acadêmico na Universidade de Paris, escreveu o seguinte:
Para mim, um cristão é ou um homem que vive em Cristo ou um impostor. Vocês, cristãos, não percebem que é com relação a isto – ao testemunho quase superficial que vocês dão de Deus – que nós os julgamos. Vocês deveriam irradiar Cristo. Sua fé deveria fluir pra nós como um rio de vida. Deveriam nos contaminar com seu amor por Ele. É assim, então, que Deus, que era impossível, se tornaria possível para o ateu e para aqueles de nós cuja fé oscila. Não podemos evitar o choque, o transtorno e a confusão que sentimos ao ver um cristão que seja, de fato, como Cristo. E não perdoamos quando ele não o é.

Brennan Manning – Convite à loucura

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