Caminhar


É entre o canto de alegria dos pássaros e o uivo solitário de um lobo 
que se esconde o tesouro enterrado no fundo da bela alma humana. 

De um lado, um abismo profundo; à outra margem, um belo jardim.
A estrada que os divide nos leva até nós! 

O abismo nos ajuda a conhecer nossos demônios;
o jardim, nossas belezas.

O abismo nos mantém acordados,
o jardim nos mantém sonhadores.

O tesouro? Caminhar!

É entre medos e sonhos que descubro quem sou.
Até lá, caminhar!


Eliab Alves Pereira

AS FACES FRÁGEIS DA IDENTIDADE

A noção de pessoa inclui a imagem que temos de nós mesmos. A ideia da nossa identidade, do nosso status na vida, está profundamente enraizada em nossa mente, e influencia de modo constante as nossas relações com os outros. A menor palavra que ameace a imagem que temos de nós mesmos é intolerável, mesmo que não tenhamos o menor problema em ver qualificativo idêntico aplicado a outra pessoa, em circunstâncias diferentes. Se você grita insultos ou bajulações na direção de um rochedo, as palavras ecoam de volta a você, que em nada se afeta com isso. Mas se outra pessoa o insulta com as mesmas palavras, isso lhe traz uma perturbação profunda… Se temos uma imagem forte de nós mesmos, tentaremos nos assegurar de que ela seja reconhecida e aceita. Nada é mais doloroso do que vê-la posta em dúvida.

Mas que valor tem essa identidade? É interessante lembrar que a palavra “personalidade” vem de persona, que significa “máscara” em latim – a máscara através da qual (per) a voz do ator faz ressoar (sonat) sua fala. Mas enquanto o ator sabe que usa uma máscara, nós costumamos esquecer de separar entre o papel que desempenhamos na sociedade e a nossa verdadeira natureza.

Se nos acontece de ter a experiência de encontrar, em países longínquos, pessoas em condições mais ou menos difíceis como uma caminhada na montanha, uma travessia pelo mar, sentimos que nesses dias de aventura partilhada, tudo o que importa é que elas são nossas companheiras de viagem, tendo como bagagem somente as qualidades e os defeitos que manifestam ao longo das peripécias conjuntamente vividas. Pouco importa “quem” elas são, a profissão que exercem, a importância da fortuna que possuem ou a posição que ocupam na sociedade. No entanto, se depois da aventura esses companheiros se reencontram, a espontaneidade muitas vezes desaparece, porque todos recolocam a sua “máscara”, endossam o seu papel e o seu status social de pai de família, pintor de paredes ou dono de indústria. O encanto se rompe, desaparece a espontaneidade. Essa profusão de etiquetas e rótulos distorce os relacionamentos humanos porque, em vez de vivermos os acontecimentos da forma mais sincera possível, comportamo-nos com afetação para preservar a nossa imagem.

Em geral temos medo de lidar com o mundo sem pontos de referência e somos acometidos por vertigens sempre que as máscaras e os epítetos desabam. Se não sou mais músico, escritor, funcionário, educado, bonito ou forte, quem sou eu? No entanto, não portar nenhum rótulo é a melhor garantia de liberdade e a maneira mais flexível, leve e alegre de passar por este mundo. Recusar-se a ser vítima da impostura do ego não nos impede em nada de nutrir uma potente determinação em atingir os objetivos que definimos para nós mesmos e de usufruir a cada instante da riqueza das nossas relações com o mundo e os seres. O efeito, na realidade, é justamente o oposto.

ATRAVÉS DO MURO INVISÍVEL

Como posso utilizar essa análise que vai na direção contrária à das concepções e dos pressupostos ocidentais? Até agora, bem ou mal, funcionei com essa ideia, ainda que vaga, de que existe um eu central. Em que medida essa compreensão da natureza ilusória do ego me coloca diante do risco de mudar as relações com a minha família e com o mundo ao meu redor? Uma virada de cento e oitenta graus como essa não seria desestabilizadora, perturbadora?

A essas perguntas pode-se responder: a experiência mostra que essa virada só fará bem a você. De fato, quando o ego predomina, a mente é como um pássaro que se fere ao chocar-se contra uma vidraça, a da crença nesse ego, confinando nosso universo a limites muito estreitos. Perplexa e atordoada pela barreira, a mente não sabe como atravessá-la. Essa barreira é invisível porque não tem existência verdadeira, não passa de um construto da mente. No entanto, funciona como um muro ao fragmentar o nosso mundo interior e interromper o fluxo do nosso altruísmo e da nossa alegria de viver. Se não tivéssemos fabricado o vidro do ego, esse muro não existiria e não teria nenhuma razão de ser. O apego ao ego está ligado aos sofrimentos que sentimos e aos que infligimos aos outros. Abandonar a fixação na nossa imagem pessoal e deixar de dar tanta importância ao ego significa ganhar uma enorme liberdade interior. Isso permite que abordemos todos os seres e todas as situações com naturalidade, benevolência, força de espírito e serenidade. Não esperando ganhar e sem o temor de perder, somos livres para dar e receber. Não há mais o menor motivo para pensar, falar ou agir de maneira afetada, egoísta ou inapropriada.

Agarrando-nos ao confinado universo do ego, temos a tendência a nos preocupar unicamente conosco. A menor contrariedade nos perturba e nos desencoraja. Somos obcecados pelos nossos sucessos, nossas derrotas, nossas esperanças e nossas inquietudes, sendo assim quase impossível alcançar a felicidade. O mundo estreito do ego é como um copo d’água em que jogamos uma pitada de sal: a água se torna impossível de beber. Se, por outro lado, rompemos as barreiras do ego e a mente se torna como um grande lago, a mesma pitada de sal não altera o seu sabor em absolutamente nada.

Quando o ego deixa de ser considerado como a coisa mais importante do mundo, é muito mais fácil sentirmos interesse por outras pessoas. Perceber os sofrimentos dos outros redobra a nossa coragem e determinação para trabalharmos para o bem deles.

Se o ego constituísse realmente a nossa essência profunda, seria fácil compreender a nossa inquietação diante da ideia de nos livrarmos dele. Mas se ele não é outra coisa senão ilusão, libertar-se do ego não é extirpar o coração do nosso ser, mas simplesmente abrir os olhos.

Assim, vale a pena dedicar alguns momentos da nossa existência para deixar a mente repousar na calma interior, isso permitirá que compreendamos melhor, por meio da análise e da experiência direta, o lugar que o ego ocupa na nossa vida. Enquanto o sentimento de que o ego é importante detiver as rédeas do nosso ser, jamais conheceremos uma paz duradoura. A própria fonte da dor permanecerá intacta no mais profundo de nós e nos privará da mais essencial das liberdades.


Trecho do livro Felicidade A pratica do Bem Estar

Ativistas...

O problema não é você professar a sua fé! O problema é tentar fazer com que todo mundo acredite nela como única verdade e caminho a ser seguido! Por mais que você acredite nisso, quem você pensa que é pra empurrar goela a baixo o que você acredita ser correto? A sociedade realmente precisa se curvar diante do que você pensa? Quem é você?

O problema não é você ser homossexual! O problema é você provocar e desrespeitar a fé ou principios morais de religiosos ou não religiosos! Por mais que você saiba que seu comportamento é normal e queira ser respeitado, quem você pensa que é para exigir mais direitos que todo mundo e provocar as pessoas que discordam de você? A sociedade realmente precisa se curvar diante do que você pensa? Quem é você?

Ativistas religiosos e homoafetivos, o problema não é o que vocês são! O problema é que vocês exigem respeito desrespeitando! O problema é que vocês, diante de suas atitudes extremas, não fazem por merecer o que exigem tanto! 

Quem são vocês?

Vocês se comportam como alguém que pede um copo com água e, antes de beber, jogam a água na cara de quem está pedindo a mesma coisa do outro lado. 

Quem são vocês?

Vocês não percebem que estão sujando suas próprias mãos quando pegam na lama para jogá-la no outro?

Vocês tentam calar o outro para que apenas sua voz seja ouvida. Como o tolo que aumenta sua voz ao invés de melhorar seus argumentos!


Eliab Alves Pereira

Comentário irrelevante sobre a questão do aborto

Sinceramente não tenho posições definidas sobre a temática do aborto, mas estive lendo o blog do Joselito Muller e fiquei intrigado com um texto que, em dado momento, fala "sobre a proposta de reforma do Código Penal, que quer punição mais rígida para quem pescar cetáceos em época de gestação, ao passo que torna o aborto de um ser humano um crime de menor potencial ofensivo, cuja pena máxima seria de dois anos de detenção e jamais teria o condão de colocar ninguém na cadeia."

Presidente Dilma baixa Medida Provisória proibindo blogueiros de mentirem e serem irônicos

A presidente Dilma Rousseff assinou na manhã de hoje (16 de maio de 2013) uma Medida Provisória proibindo o uso de “mentiras, bem como qualquer tipo de astúcia que possa levar o leitor a confundir os sentidos denotativos e conotativos de postagens na internet”.

Segundo informou o site do Planalto, o que motivou a presidente a tomar tal medida, foi a má repercussão do texto do blogueiro Joselito Müller (http://joselitomuller.wordpress.com/2013/05/10/senado-aprova-pagamento-de-bolsa-mensal-de-r-2-00000-para-garotas-de-programa/) no qual afirmava que o Senado havia aprovado pagamento de bolsa mensal de R$ 2.000,00 para garotas de programa.
Na referida postagem, o blogueiro atribuiu a autoria do projeto à senadora Ana Rita, do PT do Espírito Santo, mas depois modificou o nome da suposta autora para “Maria Rita”, que não existe.

Para a presidente, “esse tipo de conteúdo é muito perigoso, pois grande parte da população não sabe diferenciar a ironia da verdade, e pode levar uma camada considerável de brasileiros a repercutirem inverdades”.
A Medida Provisória, que ainda não tem data para entrar em vigor, ressalva que somente os grandes meios de comunicação tem o direito de veicular mentiras nos jornais escritos, televisionados ou por meio de rádio-difusão.


Fonte:

Dicionário feito por crianças revela a adultos um mundo que já esqueceram

Um professor colombiano passou dez anos coletando definições de seus alunos e, como resultado, obteve um dicionário com verbetes ao mesmo tempo puros, lógicos e reais.

São definições cheia de poesia e sabedoria, apesar da pouca idade de seus autores. Ou talvez por isso mesmo. Vão desde A de adulto (“Pessoa que em toda coisa que fala, fala primeiro de si“, segundo Andrés Felipe Bedoya, de 8 anos), até V de violência (“A parte ruim da paz“, na definição de Sara Martínez, de 7 anos).
O dicionário está no livro “Casa das estrelas: o universo contado pelas crianças”, uma obra que surpreendeu ao se tornar o maior sucesso da Feira Internacional do Livro de Bogotá, no final do mês de abril. A surpresa aconteceu especialmente porque o livro foi publicado pela primeira vez na Colômbia em 1999 e reeditado no início desse ano.
“Isso me faz pensar que o livro continua revelando, continua falando sobre as pequenas coisas”, disse à BBC MundoJavier Naranjo, que compilou as definições feitas por crianças colombianas.
“Eles têm uma lógica diferente, outra maneira de entender o mundo, outra maneira de habitar a realidade e de nos revelar muitas coisas que esquecemos”, diz.

É assim que, no peculiar dicionário, a água é uma “transparência que se pode tomar”, um camponês “não tem casa, nem dinheiro. Somente seus filhos” e a Colômbia é “uma partida de futebol”.
Além disso, uma das definições de Deus passa a ser “o amor com cabelo grande e poderes”, a escuridão “é como o frescor da noite” e a solidão é a “tristeza que a pessoa tem às vezes”.
‘Outra visão do mundo’
As definições – quase 500, para um total de 133 palavras diferentes – foram compiladas durante um período “entre oito e dez anos”, enquanto Naranjo trabalhava como professor em diversas escolas rurais do Estado de Antioquía, no leste do país.
“Na criação literária fazíamos jogos de palavras, inventávamos histórias. E a gênese do livro é um dos exercícios que fazíamos”, conta ele, que agora é diretor da biblioteca e centro comunitário rural Laboratório do Espírito.
Ele diz que teve a ideia de pedir aos alunos uma definição do que era uma criança, em uma comemoração do dia das crianças.
“Me lembro de uma definição que era: ‘uma criança é um amigo que tem o cabelo curtinho, não toma rum e vai dormir mais cedo’. Eu adorei, me pareceu perfeita.”
“As crianças escolheram algumas palavras e eu também: palavras que me interessavam, sobre as quais eu me perguntava. Mas não fugi de nenhum”, afirma Naranjo.
No dicionário aparecem temas do cotidiano da Colômbia, como guerra e “desplazado”, pessoa que se desloca pelo país, geralmente fugindo de conflitos. Um dos alunos definiu a palavra criança como “um prejudicado pela violência”.
Confira abaixo algumas definições

Adulto: Pessoa que em toda coisa que fala, fala primeiro dela mesma (Andrés Felipe Bedoya, 8 anos)
Ancião: É um homem que fica sentado o dia todo (Maryluz Arbeláez, 9 anos)
Água: Transparência que se pode tomar (Tatiana Ramírez, 7 anos)
Branco: O branco é uma cor que não pinta (Jonathan Ramírez, 11 anos)
Camponês: um camponês não tem casa, nem dinheiro. Somente seus filhos (Luis Alberto Ortiz, 8 anos)
Céu: De onde sai o dia (Duván Arnulfo Arango, 8 anos)
Colômbia: É uma partida de futebol (Diego Giraldo, 8 anos)
Dinheiro: Coisa de interesse para os outros com a qual se faz amigos e, sem ela, se faz inimigos (Ana María Noreña, 12 anos)
Deus: É o amor com cabelo grande e poderes (Ana Milena Hurtado, 5 anos)
Escuridão: É como o frescor da noite (Ana Cristina Henao, 8 anos)
Guerra: Gente que se mata por um pedaço de terra ou de paz (Juan Carlos Mejía, 11 anos)
Inveja: Atirar pedras nos amigos (Alejandro Tobón, 7 anos)
Igreja: Onde a pessoa vai perdoar Deus (Natalia Bueno, 7 anos)
Lua: É o que nos dá a noite (Leidy Johanna García, 8 anos)
Mãe: Mãe entende e depois vai dormir (Juan Alzate, 6 anos)
Paz: Quando a pessoa se perdoa (Juan Camilo Hurtado, 8 anos)
Sexo: É uma pessoa que se beija em cima da outra (Luisa Pates, 8 anos)
SolidãoTristeza que dá na pessoa às vezes (Iván Darío López, 10 anos)
TempoCoisa que passa para lembrar (Jorge Armando, 8 anos)
UniversoCasa das estrelas (Carlos Gómez, 12 anos)
ViolênciaParte ruim da paz (Sara Martínez, 7 anos)
Fonte: livro Casa das estrelas: o universo contado pelas crianças, de Javier Naranjo

Em busca!

Tornei-me incapaz de dar início a um simples texto que compartilhe meus novos pensamentos. Limitei-me a mim! Não consigo superar-me. Ou, talvez, não queira. Sentar na calçada e ouvir bocas reclamando de tudo, falando da mesma coisa com palavras diferentes, cansou minha paciência! Não quero ser só mais uma voz que reclama de tudo. Não quero falar do que todo mundo, um dia, já falou. Não quero me limitar à reproduzir; antes, produzir. Todo dia banho meus olhos com uma imensurável quantidade de lixo informativo. E minha mente seca ao sol da inutilidade desse conteúdo.

Por que as pessoas se prendem tanto a discutir assuntos tão pequenos? Por que elas perdem tempo impondo seus pontos de vistas sobre assuntos que não lhe cabem? Por que sempre falamos sobre as mesmas coisas? Já reclamamos da política, da religião, da sociedade. O que nos falta? Não seria esse o momento de buscarmos novas aventuras? Por que continuar circulando pelo pedacinho de terra que construímos? Por que não sair em busca das índias torcendo para perder-se no mar? 

Temo ficar acomodado à crítica pela crítica. Temo ser como a criança que chora pelo leite hoje, amanhã e depois. Essa vida minúscula e sufocante aperta minha garganta! Quero voar, mas não para outra gaiola! Quero voar fora da asa, como disse o Manoel de Barros. E lá vem eu com a mania de reproduzir! É disso que estou falando...

O que sobrou depois dos filósofos? O que sobrou depois dos compositores? O que sobrou depois de ontem?

O que sobrou foi eco. Busco as paredes que fazem o som repetir-se em várias vozes. Busco destruí-las. Ou escalá-las!



Eliab Alves Pereira

Aos religiosos e homoafetivos

Gostaria da ajuda de vocês para tirar algumas dúvidas que tenho sobre o posicionamento da vertente evangélica em relação a homoafetividade!


Me parece que os ativista religiosos têm bastante interesse pela causa homoafetiva. O que me intriga é que esse interesse revela-se em uma incansável luta pela "cura" das pessoas que compõem a classe homossexual. De certa forma, o esforço empreendido pelos religiosos têm sido caracterizados pela tentativa de mudar, de alguma forma, o jeito de ser dos gays.

Até aí eu entendo o que eles querem. Discordo, mas entendo!

O que me dá nó na cabeça é uma simples pergunta: "Por que?"

Vou ilustrar uma simples situação para que possamos compreender melhor o que se passa na minha cabeça quando me deparo com esse comportamento:

"Um homem está andando pela rua com a mais nova invenção da ciência: comprimidos que curam a homoafetividade. Basta 1 comprimido e o homossexual tranforma-se em heterossexual. Um pouco mais a frente esse homem encontra um homossexual. O que ele faz? Tenta, de todas as formas, 'curar' o gay."

Pergunta: "Por que?"

O que leva um ser humano a impor um mudança a outro ser humano simplesmente pelo fato de acreditar que o outro precisa de sua "solução"?

Sendo assim, o que nos impediria de impor uma suposta cura aos ativista religiosos para o seu comportamento?

Como no conto do sábio chinês, que não sabia se era um sábio chinês que sonhou que era uma borboleta, ou se era uma borboleta sonhando que era um sábio chinês; será que o homossexual precisa da "cura gay" apresentada pelos religiosos ou será que é o religioso que precisa de uma cura para se tornar tolerante? 

O sábio chinês talvez tenha vivido toda a sua vida sem uma resposta para seu enigma, mas acredito que ele nunca tentou transformar a borboleta em sábio chinês. Afinal, ao que parece, ele era sábio!

A questão aqui não é impor um posicionamento ou contar histórias, o ponto máximo aqui é a pergunta: "Quem precisa de cura?"



Eliab Alves Pereira

Poupem-me!

Somos um bando de desenformados falando com a boca cheia de razões que não temos. Razões que caem e sujam nossas roupas "limpas" enquanto regurgitamos nosso moralismo mesquinho aos quatro cantos do mundo! 

Sim, é exatamente isso que estou fazendo agora!

Eliab Alves Pereira

Afinal...



Todo belo jardim já passou uma noite na chuva!


Eliab Alves Pereira

Razão de ser

Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?


Paulo Leminski


Diga-me:




Não seria muita prepotência da minha parte falar em nome de um Deus? Como seria, por exemplo, se alguém falasse por você sobre sua pessoa para outros indivíduos?

Profecias











Os profetas viram a vida a caminho do calvário.
"Um dia" - disseram - "abriremos os olhos e veremos o nosso mundo sendo ceifado pela morte."
Alguns profetizaram que um novo mundo seria criado. 
Um novo mundo nos aguarda.
Seria isso verdade?

Ontem, conversando com as estrelas, elas me mostraram o que aconteceria:

Os rios faltarão aos encontros com o mar. 
O sol castigará a terra. 
Os pássaros cantarão canções tristes. 
As flores murcharão e perderão as cores. 
A lua soluçará ao ver o sol se pôr pela última vez.

Vi-me em um mundo tomado pela dor. 
Pelo fim. 
Fechei meus olhos. 
Não quis observar esse quadro. 
Essa obra da morte.

De repente uma brisa suave passou por meu ouvido esquerdo. Uma brisa que eu não acreditava mais existir naquele mundo. A última brisa. O último vento fresco ao fim da tarde. Ele lembrou-me do antigo mundo. Lembrou-me da praia beijando o mar. Lembrou-me das belas canções das aves. Lembrou-me dos casais abraçados declamando poemas.

O vento fresco disse-me baixinho: "abra os olhos!..."

Ao abrir, tu estavas à minha frente, olhando meu rosto, contemplando meu medo. 
Tua face tomou conta de todo meu campo de visão.

Já não enxergava mais a morte do mundo. Ao ver-te, lembrei-me do antigo mundo, dos belos jardins. Lembrei-me das sinfonias dos grandes autores. Lembrei-me das noites de lua cheia, do banho do sol ao fim da tarde. Ao ver-te lembrei da dança das árvores com o vento, lembrei-me das crianças dormindo no colo quente da mãe.

Esqueci que o mundo estava descendo a sepultura. Não vi mais a dor, mas te vi.

Amor!

O último vento que passara pelo mundo deixou-me. 
Seguiu viagem, declamou seu último poema: "abra os olhos!..."

Mas antes de ir, ele confessou-me uma última coisa. 
O último segredo da humanidade. 
O quinto evangelho. 
A estrofe que faltava. 
A última página do livro. 
Suas palavras foram: "Abra os olhos!..." - deixou que as palavras ecoassem... e continuou: - "...os profetas tinham razão! Há um novo mundo à sua espera."

E então abri meus olhos. E vi você! Meu novo mundo. Minha salvação para além da morte. 
E então abri meus olhos e te vi contemplando minha face. Olhei no fundo dos teus olhos e enxerguei tua alma. 
E ela dizia: "Vem comigo! Sou teu novo mundo."

E então acordei! Meus olhos tremiam, minha boca estava seca. A noite estava calada, triste. Alguns pingos anunciavam a chuva que viria.

Fiquei parado. Deitado olhando para o teto. Olhos fixos, distantes... 

Compreendi:

Tu és a última confissão do vento. 
És o último segredo da humanidade. 
Meu quinto evangelho, 
a estrofe que faltava em minha sinfonia. 
És a última página do meu livro!

És o novo mundo que os profetas anunciaram. 
És o meu paraíso após a morte. 
És a minha segunda chance.

Minha vida eterna!


Eliab Alves Pereira


O quarto dos horrores!

Barba Azul era rico. Morava num castelo que tinha cem quartos. O que não estava bem explicado eram seus múltiplos casamentos e suas esposas desaparecidas, caso semelhante ao sultão das Mil e uma noites.

Uma jovem se apaixonou por Barba Azul e se casou com ele. A festa foi linda. A vida, uma felicidade. Chegou, entretanto, um dia quando Barba Azul precisou viajar. Ao se despedir, ele tirou da cintura um molho de cem chaves.

"Eis as chaves do meu castelo", ele disse para a sua adorada esposa. "Você pode entrar em todos os quartos - menos um, o centésimo, o mais distante. Nesse quarto, não entre, pois será terrível se você fizer isso." E partiu.

A esposa se pôs alegremente a visitar todos os quartos, todos maravilhosos, mais que suficientes para a sua felicidade. Mas, visitado o quarto de número 99, ficou ela com a chave proibida na mão.

É natural que se pense: "Se era proibida a entrada, Barba Azul não deveria ter deixado a chave...". Note que essa estória é uma variação sobre o mito da queda: Deus enche o jardim de árvores maravilhosas e diz: "Daquela árvore não comereis, porque no dia em que dela comerdes certamente morrereis". Se a árvore não era pra ser comida, por que a plantou? Quem faz essas perguntas ainda não entrou no mundo de faz de conta, pensa que se trata de "história". Mas as "estórias" acontecem na alma, e na alma não há formas de se guardarem as chaves.

Ela abriu o quarto. E o que ela viu a horrorizou. Corpos mortos. Sangue. O susto foi tão grande que ela deixou a chave cair no chão. A chave ficou suja de sangue. Tentou limpar a mancha. Inutilmente. A mancha resistiu a todos os sabões e lixas.

Volta o marido. Pede as chaves. Vê a chave manchada. Ela deveria se juntar às outras antigas esposas, mortas.

A estória, em sua versão original, deve ter terminado aqui. Mas algum redator posterior escreveu um fim idiota no qual os irmãos da curiosa a salvam. Com o final feliz perde-se a sabedoria da estória. É sempre assim. Os finais felizes sempre fazem parar o pensamento.

O castelo de cem quartos é metáfora do corpo humano. Noventa e nove quartos abertos à visitação do público. Ali, com os visitantes estranhos, tudo são sorrisos e conversa cordial. Mas o ultimo quarto é o quarto que odiamos; ali mora nossa parte monstruosa. Gostaríamos de nunca mais visitá-lo. Gostaríamos de perder a sua chave. Na verdade - isso a estória não teve jeito de contar -, o dono da casa não possui sua chave. Nós não podemos, mesmo querendo, abrir o nosso quarto de horrores. Não queremos ver o que está lá dentro: nós mesmos - o retrato de Dorian Gray -, nossa face deformada, horrenda, monstruosa. Você já teve um ataque de ódio e fúria? Já se viu no espelho assim?

O trágico é que, se nós mesmos não podemos abrir o nosso quarto dos horrores, é a pessoa amada, a mais íntima, que possui a chave. E nem é preciso que ela lhe seja dada. E nem é preciso que seja roubada. A chave aparece, miraculosamente, na sua mão.

Os inimigos podem atacar a casa. A batalha com eles me torna mais bonito. Quanto mais luto, mais feliz fico com minha imagem. O que me torna horrendo é a visão daquela imagem que mora naquele quarto, e que somente a pessoa mais íntima tem o poder de soltar.

A chave não pode ser limpa: a imagem, depois de vista, não pode ser esquecida. No momento em que ela entrou no quarto, ela assassinou o seu amado Barba Azul. Aos seus olhos, ele se transformou em outro - aquele que ele mesmo odiava. 

No momento em que Barba Azul viu a chave manchada, ele compreendeu que ela já vira o seu lado horrendo. Olhando nos olhos dela, espelho, ele se viu da forma como se detestava ver. Dali para frente sempre que olhasse nos olhos dela ele se veria horrendo.

E a odiaria por aquilo. A estória termina com a morte. Não a morte física, seja da esposa, seja do marido. O trágico da estória é a morte do amor: o amor não sobrevive depois que a pessoa amada abre o quarto dos horrores.

Rubem Alves

De olhos fechados

No princípio, as trevas cobriam o mundo. Ninguém conseguia enxergar absolutamente nada. No escuro não dá pra saber a cor do outro, o sexo ou a religião. No escuro não dá pra ver as tatuagens, as imperfeições estéticas ou a marca da roupa. Lá fora era tudo escuro, mas dentro de cada um de nós havia sol. Andávamos todos de mãos dadas pelo mesmo caminho. Mas um dia uma luz foi acesa, e passamos a perceber a cor do outro, o sexo e a religião; suas roupas, estilos e imperfeições. Soltamos as mãos. Tomamos caminhos diferentes. Alguém acendeu as luzes para que víssemos a beleza de estarmos juntos, mas não entendemos o recado. Internamos as trevas. Apagamos nosso sol. Não somos mais iguais. Achávamos melhor quando tudo era igual. Preferimos a escuridão. Odiamos o diferente! Mas quem acendeu as luzes nos deu o poder de fechar os olhos. Na luz vemos que somos diferentes, através das trevas, aprendemos que apesar da diferença, somos todos iguais. E mesmo que não quiséssemos fechar os olhos para lembrar disso, nasceu o dia e a noite para contar essa história.

Eliab Alves Pereira

O barco e o cais

Ó, pobre barco velejante, há dor pior do que ser preso ao cais depois de provar da liberdade do mar? Onde estão teus remos? Pra onde foram seus navegadores? Miseráveis, preferem a segurança do porto! Abandonaram-te. Prenderam-te às margens do teu lar. Monstros! Quem merece tal castigo? Teu corpo ainda pode ser acariciado pela águas mornas. Consegues enxergá-las como um adolescente que olha para sua amada sendo arrancada de seus braços, e quando tenta segurá-la, alguém puxa-lhe pela mão. Prendem-no ao cais. Ela está tão perto, mas alguém não permite que ele a toque. Antes de ser puxado, a última coisa que sentiu foi o delicado toque de seu amor. Assim com tu sentes as carícias suaves do teu amante beijando tua proa. 

Sou navegante. Navego para dentro de mim, onde não há espaço para terra seca. Lembro-me de acenar para todos que ficaram me olhando enquanto me afastava. Eles não quiseram viajar comigo. Temiam o mar. Temiam amar. Preferem o cais. Desejam o que consegue prender os navios. O carrasco dos velejantes! Escolhem a terra pois conseguem dominá-la. No mar, só conseguimos dominar nosso barco. 

Sou navegante sem cais. Sou levado pelo meu barco para onde os ventos decidirem. Não sou dono de onde estou, e a cada onda vencida, encontro mais caminhos para seguir. 

Meu barco está livre. Dentro de mim há muitos mares ansiosos para tocá-lo. Estou numa viagem sem volta. Escolhi velejar, remar, mergulhar. Velejo para longe da terra, não quero segurança. Remo para vencer as ondas, não quero que elas me levem de volta ao porto. Mergulho em busca de ar, aqui dentro respiro melhor. 

Ó, pobre cais, há dor pior do que estar preso à sua segurança enquanto vês o barco velejante beber da liberdade do mar? És como a criança que não pode brincar porque teme a liberdade de estar longe do colo da mãe. Lembro-me de como é tua visão. Já estive onde estais. Já vi os mares convidarem os barcos para dançar. Sei que tua dor é como a dor da gaiola que vê seus pássaros fugirem de si, e não pode fazer nada porque não foi feita para ser livre, mas para aprisionar os que preferem a segurança das grades mesmo com as portas abertas.


Eliab Alves Pereira

Quem somos nós?

Você sabia que existem estrelas um bilhão de vezes maior do que o nosso sol? Sabia que nossa galáxia, a via láctea, é apenas um borrão de luzes entre outros milhões de borrões espalhados pelo universo? Sabia que o nosso universo pode ser apenas um dentre vários outros universos espalhados dentro de um super-universo? 

Há fenômenos tão grandes que deixariam a explosão do nosso sol como um pequeno grão de areia tentando ser percebido dentro do mar. Há ocorrências tão espetaculares a ponto de deixarem qualquer chuva de meteoros parecida com o espirro de um cachorro. Há constelações tão ricas que deixariam a existência de toda a nossa galáxia semelhante a menor faísca produzida pelo atrito entre duas pedras. Já ouvi falar de fatos tão únicos que superam até mesmo a complexidade da existência da vida. 

Tudo isso me faz perguntar: Quem somos nós? 

Partículas de grãos de poeira cósmica juntas num determinado ponto de um vasto espaço de tamanho incalculável. Se nosso planeta explodisse nesse momento, o universo nem sequer perceberia. Toda a sua existência independe de nós. Sua grandeza nem sequer nota que existe algum ser vivo ou pensante. E nem precisa notar. Cada espaço impenetrável do cosmo existe sem a necessidade de conhecer o homem. 

Nossa existência, para o universo, é como a neblina que cai num fim de noite que molha a grama de leve comparada ao vasto oceano. É como uma lanterna de bolso colocada ao lado do sol. Nossa existência, ao lado de toda a existência, é como uma gaiola num mundo onde não há pássaros: desnecessária. 

Somos menores do que o tamanho que demos a nós mesmos. 

Quem somos nós? 

Quem somos nós diante da existência para dizer o que é certo e errado? Quem somo nós para dizer quem deve viver ou morrer? Quem somos nós para definir o Deus correto? Quem somos nós para julgar, mentir, humilhar, escravizar e apedrejar nossos semelhantes? Quem somos nós para guerrear? Quem somos nós para possuir mais do que os outros? Quem somos nós para chamar o universo, o sol, a galáxia, o planeta de nosso? Quem somos nós? 

Somos o nada que pensa ser tudo! 


Eliab Alves Pereira

Eu poderia...

Eu poderia conhecer o mundo inteiro. Eu poderia apreciar as montanhas do Congo, poderia brincar no Cubo D’água em Pequim, tomaria banho na piscina infinita num resort de Cingapura. Eu poderia conhecer as luzes de Nova York, poderia sentir o frio da Antártida e o calor do Saara. Eu poderia conhecer as belezas da Abadia de Westminster, abraçar as árvores da Amazônia, banhar-me no mar morto. Eu poderia apreciar as nuvens de fim de verão sobre o lago Garnet. Eu viajaria até o Cânion Claustral para vislumbrar suas gigantescas samambaias, iria até o Xingu conhecer o cacique Aritana. Eu iria até o vale Rift conhecer os leões e o vulcão Nyiragongo, mergulharia para conhecer os tubarões das Maldivas. Eu poderia ir a Africa conhecer os elefantes e girafas. Poderia desbravar o Yosemite nos EUA. Eu poderia ir ao Egito conhecer as pirâmides e apostar corrida de camelo. Poderia aprender Krav Maga com os israelenses e a meditar com os monges Tibetanos. Eu iria a França conhecer a Torre Eiffel. Treinaria Kung Fu na China, mergulharia nas cavernas das Bahamas, iria ao paraíso dos rinocerontes na Índia. Eu poderia dançar flamingo com as espanholas, tango com as argentinas e samba com as cariocas. Poderia surfar no Hawaii, esquiar no Canadá e comer pizza na Itália. Eu poderia rezar no vaticano, tirar foto em Petra. Eu poderia apostar todas as fichas em Las Vegas, tentaria fazer algum soldado real perder a postura, poderia escalar o Everest. Eu poderia tomar tequila no México. Poderia ajudar uma aldeia africana. Eu poderia dançar na chuva em qualquer lugar do mundo. Eu esperaria pelo trem, ouviria a música que gosto um milhão de vezes seguidas. Eu sentaria na mesa pra jantar com minha família, leria todos os livros da estante, assistiria a todos os filmes do armário. Eu diria menos “faça” e mais “vamos”. Eu escreveria mais poemas e comporia algumas músicas. Eu não ficaria calado quando deveria dizer “Eu te amo.” Eu poderia fazer tudo isso, e mais. Mas estou aqui! 

Abaixo dessa citação encontrei: Aqui jaz Homem arrependido, 01/01/1990 - 01/01/2013. 

Pena que todos os seus “poderia”, “iria” e “faria” não se tornaram “consegui”, “fui”, “fiz”! A vida só acontece uma vez. Não viva como se você fosse ter outra chance. Até as grandes histórias terminam com um mero ponto final. O que as torna grandes é o que acontece antes dele. O mesmo vale para a vida!


Eliab Alves Pereira

A morte de Deus

Ele foi morto. Seu corpo foi destruído. O profeta avisou que ele seria ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades. O calvário foi testemunha do que os homens podem fazer se conseguirem tocar no amor. Ele era puro de coração, manso e humilde. Sua pregação olhava para dentro do homem. Ele se importava com a sujeira de dentro, não com as belas pinturas de fora. Ele negou o poder, abriu mão de sua glória, perdoou na hora da morte.

O Cristo crucificado ensina muita coisa se pararmos para pensar em cada palavra sua e comportamento desde o sinédrio até o calvário. Desde o beijo da traição até o "Está consumado!". Mas os relatos de sua ressurreição também podem nos ensinar algo de extremo valor; Algo que foge das mãos da morte, algo que superar as más interpretações, os mitos, as heresias.

Imaginemos que sua morte e ressurreição sejam metáforas.

Imaginemos que a cruz seja nosso coração, lugar onde desprezamos e assassinamos o amor. Lugar onde guardamos para um Deus morto. Lugar de dor e angústia onde o próprio Deus chorou. Imaginemos nosso coração, corrupto, orgulhoso, narcisista, prepotente, cruel. E se ele fosse a cruz que matou Deus dentro de nós?

A forma de Deus interagir com nosso mundo é através de sua criação. E isso nos inclui. Como um avatar. Como uma cápsula. Deus, para interagir em nosso mundo, precisa de nós assim como um astronauta precisa de sua roupa especial para visitar outros planetas.

Deus veio ao mundo através da pessoa de Cristo para ensinar que cada um de nós pode ser como Cristo foi: expressão de Deus na terra. Cristo foi prova de que a roupa especial do astronauta funciona.

Nosso eu interior foi transformado num calvário por causa de nossa corrupção. O que tínhamos de Deus dentro de nós, foi crucificado por nossa humanidade doentia.

É aí que aprendo com a ressurreição do Cristo.

Nossa missão é ressuscitar o Cristo dentro de nós!

Mesmo depois de matar qualquer vestígio de Deus aqui dentro, aprendi que a vida de Cristo foi para ensinar como ressuscitá-lo em mim.

Tudo que me faz ser uma pessoa má, tudo que me faz olhar apenas pra mim e esquecer o próximo, tudo que eu faço para destruir o mundo em que vivo, tudo isso são chicotadas no corpo de um Deus amarrado dentro do meu ser. O momento em que decido abandoná-lo, esquecer o que ele pode me ensinar, a partir do momento em que escolho a mim em vez do próximo, é nesse momento que Cristo grita: "Pai, perdoa-o, pois ele não sabe o que faz!" E, depois de todo sofrimento, toda dor e angústia, Ele morre. Mas antes de sua morte, Ele brada: "Está consumado!" Foi feito. Sua missão acabou. Combateu o bom combate e guardou a fé. Entregou-se aos necessitados e feridos de almas surradas. Não viveu conforme a sua vontade, mas conforme a necessidade dos seus semelhantes. Consumou-se! 

O que está consumado dentro de nós? Seus ensinos ou sua morte?

Seus ensinos que dizem: "Perdoa, ama, atira se não tiver pecado"; ou sua morte que diz: "Persigam, condenem, discriminem, matem"?


Eliab Alves