Temos uma dúvida:

O que é o pecado?

Você pode deixar sua resposta como comentário logo abaixo. Se não quiser se identificar, fique a vontade. Estamos perguntando isso porque precisamos da sua resposta para construir nosso próximo artigo.
Então, pra você, o que é o pecado? O que você considera pecado e por quê? Qual a sua definição de pecado?
Não precisa seguir essa ordem, o que queremos mesmo é que você compartilhe conosco seu conhecimento sobre o pecado. Como você o vê e como reage a ele, etc. Estou citando exemplos mas você tem total liberdade pra falar da forma que quiser.


Abraço,
Eliab Alves

Sobre sucatas

Isto porque a gente foi criada em lugar onde não tinha brinquedo fabricado. Isso porque a gente havia que fabricar os nosso próprios brinquedos. Eram boizinhos de osso, bolas de meia, automóveis de lata. Também a gente fazia de conta que sapo era boi de cela e viajava de sapo. Outra era ouvir nas conchas as origens do mundo.
Estranhei muito quando, mais tarde, precisei de morar na cidade. Na cidade, um dia, contei a minha mãe que vira na praça um homem sentado num cavalo de pedra a apontar uma faca comprida pro alto. Minha mãe me corrigiu que não era uma faca, era uma espada. E que o homem era um herói da nossa história. Claro que eu não tinha educação de cidade pra entender que um homem sentado num cavalo de pedra era herói. Eram pessoas antigas da história que um dia salvaram a nossa Pátria. Pra mim aqueles homens em cima da pedra não passavam de sucata. Eram a grande sucata da história. Porque eu achava que uma vez no vento esses homens seriam como trastes, como pedaços de camisa ao vento. Lembrava dos espantalhos vestindo as minhas camisas. O mundo era um pedaço complicado para um menino que viera da roça.
Não vi nenhuma coisa mais bonita na cidade do que um passarinho. Vi que tudo que o homem fabrica vira sucata: automóvel, avião, televisão. E o que não vira sucata é árvore, rã, pedra. Até nave espacial vira sucata. Agora eu penso que até uma garça branca de brejo é mais bonita que uma nave espacial. Peço desculpas por cometer essa verdade.

Manoel de Barros (Memórias inventadas para crianças)

Lacraia

Um trem de ferro com vinte vagões quando descarrila,ele sozinho não se recompõe. A cabeça do trem ou seja a máquina, sendo de ferro não age. Ela fica no lugar. Porque a máquina é uma geringonça fabricada pelo homem. E não tem ser. Não tem destinação de Deus. Ela não tem alma. É máquina. Mas isso não acontece com a lacraia. Eu tive na infância uma experiência que comprova o que falo. Em criança a lacraia sempre me pareceu um trem. A lacraia parece que puxava vagões. E todos os vagões da lacraia se mexiam como os vagões do trem. E ondulavam e faziam curvas como os vagões do trem. Um dia a gente teve a má ideia de descarrilar a lacraia. E fizemos essa malvadeza. Essa peraltagem. Cortamos todos os gomos da lacraia e os deixamos no terreiro. Os gomos separados como os vagões da máquina. E os gomos da lacraia começaram a se mexer. O que é a natureza! Eu não estava preparado pra assistir aquela coisa estranha. Os gomos da lacraia começaram a se mexer e e se encostar um no outro para se emendarem. A gente, nós , os meninos não estávamos preparados para assistir àquela coisa estranha. Pois a lacraia estava se recompondo. Um gomo da lacraia procurava o seu parceiro parece que pelo cheiro. A gente como que reconhecia a força de Deus. A cabeça da lacraia estava na frente e esperava os outros vagões se emendarem. Depois, bem mais tarde eu escrevi este everso: Com pedaços de mim eu monto um ser atônito. Agora me indago se esse verso não veio da peraltagem do menino. Agora quem está atônito sou eu.


Manoel de Barros (Memórias inventadas para crianças)

Oração de Nietzsche

Muitos só conhecem de Nitzsche a frase “Deus está morto”. Não se trata do Deus vivo que é imortal. Mas do Deus da metafísica, das representações religiosas e culturais, feitas apenas para acalmar as pessoas e impedir que se confrontem com os desafios da condição humana. Esse Deus é somente uma representação e uma imagem. É bom que morra para liberar o Deus vivo. Mas não devemos confundir imagem de Deus com Deus como realidade essencial. Nietzsche estudou teologia. Eu pude dar uma palestra na Universidade de Basel na sala em que ele dava aulas, quando fui professor visitante em 1998 lá. Essa oração que aqui se publica é desconhecida por muitos, até por estudiosos do filósofo. Por isso no final indico as fontes em alemão de onde fiz a tradução. No original, com rimas, é de grande beleza. (Leonardo Boff)

Oração ao Deus desconhecido

Antes de prosseguir no meu caminho
E lançar o meu olhar para frente
Uma vez mais elevo, só, minhas mãos a Ti,
Na direção de quem eu fujo.
A Ti, das profundezas do meu coração,
Tenho dedicado altares festivos,
Para que em cada momento
Tua voz me possa chamar.

Sobre esses altares está gravada em fogo
Esta palavra: “ao Deus desconhecido”
Eu sou teu, embora até o presente
Me tenha associado aos sacrílegos.
Eu sou teu, não obstante os laços
Me puxarem para o abismo.
Mesmo querendo fugir
Sinto-me forçado a servi-Te.

Eu quero Te conhecer, ó Desconhecido!
Tu que que me penetras a alma
E qual turbilhão invades minha vida.
Tu, o Incompreensível, meu Semelhante.
Quero Te conhecer e a Ti servir.



Friedrich Nietzsche (1844-1900) em Lyrisches und Spruchhaftes (1858-1888). O texto em alemão pode ser encontrado em Die schönsten Gedichte von Friederich Nietzsche, Diogenes Taschenbuch, Zürich 2000, 11-12 ou em F.Nietzsche, Gedichte, Diogenes Verlag, Zurich 1994.

A fé de Herodes

O mundinho evangélico segue enfeitiçado por milagres. A fé é um show, portanto precisa de visibilidade. Estranhamente, no entanto, a fé da bíblia já foi atrelada à coisas que não se vêem. Era a fé que lançava o indivíduo na confiança inabalável de que um dia as coisas vão se ajeitar e, portanto, vale a pena lutar com todas as forças, contra tudo e todos, por um mundo melhor. Mas hoje, aqui, a coisa é complicada, doída, atribulada, sofrida.

Os crentes de hoje, no entento, seguem o Cristo milagreiro.

Herodes, o governador da galiléia, onde Jesus passou a maior parte dos seus três curtos e intensos anos de 'vida pública', já ouvira falar muito no estranho profeta vindo de Nazaré. As notícias que chegavam vinham carregadas de assombros místicos, mágicos e poderosos. O homem curava cegos, aleijados, leprosos, alimentava multidões com um punhadinho de pães e peixes, desafiava os figurões do templo e levantava menininhas mortas do seu leito. Era esse homem que vinha sendo trazido até ele naquela manhã. "Finalmente vou conhecê-lo", pensava o governador, ansioso e excitado. "O fazedor de milagres vem aí. De certo há de me agraciar com algum prodígio". E lhe foi entregue o milagreiro surrado. Não há nada no texto que indique falta de fé da parte de Herodes. Ele cria! Ele queria! Tinha fé! E ordenou o milagre, como ordenam os crentes de hoje. "Eu quero, eu posso, eu creio... em nome de Jesus eu ordeno..."; não são assim as orações cheias de fé da maioria dos evangélicos?

O Cristo milagreiro, no entanto, naquela mesma madrugada, algumas horas atrás, orava baixinho entre lágrimas, joelho no chão: "se for possível, afasta de mim esse cálice. Mas seja feita sua vontade."

Herodes não conseguiu o milagre que queria. Não rolou o show da fé. A cena que descortinou-se diante do governante abestalhado foi a cena mais repetida em toda a história da humanidade, em todos os momentos em que alguém buscou algo de Deus. Seja qual for a busca, a resposta mais comum é a que recebeu Herodes. O silêncio.

Somos diariamente brindados com o silêncio divino e, a não ser que aprendamos a reconhecê-lo em sua ausência, em sua aparente deserção, em seu abandono, jamais seguiremos com ele o caminho da cruz. Evidentemente, os crentes modernos dos milagres extravagantes nada querem com cruz alguma. A esses, resta agir como Herodes e encaminhar o profeta sozinho à morte.


O anarquista de Nazaré

Para alguns, Jesus é um anarquista, pois não tem nenhuma noção de governo civil. O governo lhe parece pura e simplesmente um abuso. Ele fala disso em termos vagos e como uma pessoa do povo, que não tem idéia alguma de política. Todo magistrado lhe parece um inimigo natural dos homens de Deus; anuncia aos seus discípulos rixas com a polícia, sem imaginar sequer que isso fosse motivo para se envergonhar. Mas nunca se nota nele a intensão de tomar o lugar dos poderosos e ricos. Ele quer aniquilar a riqueza e o poder, e não se apoderar deles. Prediz a seus discípulos perseguições e suplícios, mas não deixa entrever uma única vez o pensamento de uma resistência armada (...). Os fundadores do reino de Deus serão simples. Nada de ricos, nada de doutores, nada de padres: apenas mulheres, homens do povo, humildes, crianças. O grande sinal do messias é a “boa nova anunciada aos pobres” A natureza idílica e doce de Jesus chegava aqui ao seu auge. Uma imensa revolução social, em que as classes serão alteradas, em que tudo quanto é oficial neste mundo será humilhado, eis seu sonho. O mundo não acreditará nele; o mundo o matará. (Renan, 2004) 



Como diria Manoel de Barros...

"Criança erra na gramática e acerta na poesia."

E algumas pessoas ainda dizem que gostam dos meus textos. Olha só o que as crianças lá da roda de leitura do GruSoC escreveram:










"Amar é bonito, disse o peixe ao passarinho depois de ter lido um livro.
A história é gostosa igual a sorvete. 
Lixo descarrega o lixo que estava debaixo da cama.
Lanche é bom. Eu fiz quando estava voando até a nuvem azul. 
E quando eu acordei, ganhei um cachorro de presente 
e depois fui me olhar no espelho 
e lembrei do caçador que estava na floresta."


Geovana da Silva Lima (7 anos) e Ana Clara Soares da Silva (7 anos) escreveram esses trechos numa atividade da Roda de Leitura do GruSoC JovenSapiens. Esse poema foi resultado da união dos textos de cada uma delas numa atividade diferenciada que fizemos.

Como diria Manoel de Barros: "Criança erra na gramática e acerta na poesia."

Amor sem aspas. Sem tudo! Só ele!


Algumas pessoas me jugam frio e insensível. Tudo isso baseado na observação de que não me entrego aos “amores” que me buscam. Tudo isso porque eu não dou valor aquilo que as pessoas chamam de Eu te amo.  Tudo isso porque eu não rio das piadas contadas, não choro nos velórios, não dou minha opinião para por fim numa briga. Algumas pessoas me jugam frio e insensível porque eu não digo que amo alguém. Me jugam assim porque eu não sei abraçar nem beijar. Mal sabem que quase toda noite, antes de dormir, eu choro por amor. Perguntem ao meu travesseiro. Mal sabem elas que meu coração pulsa de sensibilidade e de compaixão pelas pessoas. O problema é que ninguém quer saber disso. Todos estão mais satisfeitos com as “declarações de amor” mais visíveis possíveis. Todos estão de ouvidos atentos apenas para ouvir o mais alto “Eu te amo”. Todos estão de olhos bem abertos para ver o abraço mais apertado. Ninguém quer saber do cara chorando sozinho por uma sociedade que não tem objetivos, que valoriza mais um barril de óleo do que uma amizade. Ninguém quer saber do cara que não valoriza as fúteis e ilusórias declarações de “amor”.
Um dia vocês aprenderam que amar é dizer que ama. E isso acomodou vocês. Minha alma grita por socorro quando eu vejo a vida de vocês sendo jogada num esgoto fétido de merda. Suas mentes foram tão cauterizadas que vocês ainda acreditam naquele amor que vemos na novela ou no filme. Vocês não acreditam no amor silencioso. Vocês não acreditam no cuidado oculto. Vocês nem sequer acreditam no amor verdadeiro. Amor verdadeiro, pra vocês, é aquele dos casais correndo na praia. É aquele dos grandes sorrisos e abraços. Isso me dói na alma. Sabe o que acontece quando pensamos que amor é isso? Nós trocamos amor e amantes por momentos e desejos. Quando choramos, é decepção. Quando nos calamos, é intriga. Quando não beijamos, o amor se foi. Qual é?!
O choro é o grito de um amante que não se conforma com o caminho sem destino que o seu amado tomou. O silêncio é a forma de dizer: “Olha nos meus olhos e entenda o que eu quero dizer”. A falta de beijo é quando um “Ei, olha pra mim. Para com isso e seja forte” vale mais do que as bocas se encontrando. Isso não seria amor? Se você sorri com a situação precária do seu amado, se você fala quando deveria silenciar, se você beija quando deveria dizer a verdade, não venha me dizer que ama o outro.
Vocês precisam aprender que o amor que grita mais alto é aquele que ninguém pode ouvir. E você o sente como se ele fosse te rasgar de dentro pra fora. Aquela sensação de: “Porra! O que está acontecendo com todo mundo? O mundo inteiro reclama de algo e quando fazemos algo pra mudar, ninguém ajuda.” O amor que eu sinto é aquela voz que não me deixa dormir me incomodando com a estagnação dos que estão ao meu redor.
O maior grito de amor que aconteceu na história ainda não foi ouvido por aqueles que foram amados. Até hoje as pessoas pensam que “Deus amou o mundo de tal maneira” apanhando e sendo destruído numa cruz. Tá vendo nossa mania de achar que amor é aquilo que podemos ver? O amor de Deus pela humanidade foi bem mais sutil do que uma surra e uma cruz. O suor de sangue, o cálice esmagando seu coração, sua alma sendo destruída pela sua própria ira, a perfeição suprema sendo entregue à imundícia dos homens, a entrega do Deus Criador no lugar da criatura. Essa foi a prova de amor de Deus. Mas quem vê isso? Só vemos as pessoas pregando a coroa de espinhos, os pregos, os açoites. Se o amor fosse provado pelo que podemos ver, então André amou mais do que Deus. A maior prova de amor que já aconteceu foi feita onde nenhum mortal pode ver. O maior poema de amor já declarado não foi citado numa cruz, foi citado na alma do Próprio Amor. Onde ninguém pode ver. Mas Ele sentiu. Ele sabe que existe. Ele sabe que aconteceu. Mas como não podemos ver, não pode ser amor, correto?
Liberte-se dessa prisão. Fuja dessas correntes que te amarraram nos conceitos alheios. Onde estão aqueles jovens que deveriam provar a existência do amor? Cara, esquece esses bilhetes, essas notas, esquece essas declarações eloquentes. Entenda que você só vai amar alguém de verdade quando você sentir primeiro esse amor. E o amor não é aquele sentimento tão bom que nos foi apresentado. O amor de Deus por nós pôs tanto medo nele que gotas de sangue escorreram na sua pele. Talvez não cheguemos a amar tanto assim. Mas o que eu quero dizer é que, se você ama mesmo alguém, antes de declarar isso, você precisa se angustiar com tudo aquilo que impede que aquela pessoa seja útil. Se eu amo alguém e não me importo com aquilo que vai destruí-la, então não é amor. Eu só quero alguém comigo e pronto. Não estou nem ai com o que essa pessoa está fazendo com sua vida. Não me importa se ela está jogando a vida fora. O que importa é que eu “a amo” e estamos juntos. Fique sabendo que se você pensa assim, consciente ou inconscientemente, você é o mais miserável dos seres. Seus ossos merecem ser jogados aos cães, seus olhos devem ser jogados num caldeirão de água fervente, sua pele deve ser arrancada e rasgada pelos ratos.
O que você pensou? Que amor é um rio de flores? O primeiro passo na estrada para amar é mais doloroso que a perda de um membro. Se você não sentir isso, não é amor. Se você não sentir isso, você não merece o que vem logo depois.
É fácil “amar” com palavras, é fácil “amar” com beijos e abraços. Difícil é amar quando ninguém acredita que você ama. Mas você chora por aquelas pessoas não saberem que o que elas estão dizendo prova que elas não conhecem o amor. E isso vai custar caro. Na verdade, já custou muito. Não suportamos opiniões diferentes, não suportamos o silêncio, não suportamos um mau humor. Tudo que queremos são rosas. Quer saber? Se o amor é só isso, não vale a pena amar. Se amar não custa nada, então o amor não tem valor. Isso é óbvio. Ou você nunca enxergou isso? Ou será que você pensa que esse custo é não ser correspondido? Faça-me o favor. Enquanto Deus provava ao mundo seu amor, o mundo o julgava. Você não vê? O amor verdadeiro está atrás das cortinas, não estendido numa página na internet. Os frutos desse amor é que são visíveis. Não o próprio sentimento. O amor precisa se ocultar para o resto aparecer. Assim como uma raiz precisa estar escondida para que a árvore cresça.
É por isso que não considero verdadeiro as palavras jogadas ao vento. Todas aquelas declarações de amor e sei lá mais o que. Tudo isso não passa de ilusões que vocês permitiram infectar suas mentes. “Amor é fogo que arde sem se ver.” Essa frase não poderia ser mais verdadeira.
Não faça do amor um sentimento ralo. Entenda que amor só é amor quando nos sentimos mal com algo de errado na outra pessoa mas não abrimos mão dela por causa dessa sensação.
Talvez você diga que não concorda comigo. Eu não me importo. É assim que eu amo. Se o seu amor não é assim, eu prefiro ficar com o meu. Cada louco com suas escolhas. Não quero julgar sua forma de sentir o que você diz que sente (mentira. Quero sim!) mas o que eu quero é que seja verdadeiro, infinito e valioso. O que eu quero é que o amor seja realmente sentido ao invés de ser desvalorizado por palavras cuspidas por uma boca influenciada ou uma mente poluída pela mídia. O que eu quero é amor sem aspas. Sem tudo! Só ele!


Eliab Alves

Deusas do cotidiano

De todos os hinos entoados em louvor às revoluções nos campos de batalhas, nenhum, por mais belo que seja, tem a força das canções de ninar cantada no colo das mães.
O nome dessas mulheres eu não sei, não lembro e nem preciso saber. São nomes comuns em meio a tantos outros espalhados por esse chão duro chamado Brasil.
Mas a maioria delas eu conheço bem, são donas de um mesmo destino: as miseráveis que roubam remédios para aliviar as angústias dos filhos. É quando a pobreza não é dor, é angústia também. São as ladras de Victor Hugo.
Donas da insustentável leveza do ser, as infantes guerreiras enfrentam a lei da gravidade. Permanecem de pé ante aos dragões comedores de sonhos que escondem na gravidade da lei.Das trincheiras do ninho enfrentam moinhos de mós afiadas para protegerem a pança dos pequeninos. São as Quixotes de Miguel de Cervantes.
Místicas, não raro, estão sempre nuas em sentimentos. Quando precisam, cruas, esmolam com o corpo, e se postam à espera do punhal do prazer que cravam no seu ventre. È quando o prazer humilha. São as habitantes do inferno de Dante.
Rainhas de castelos de madeiras, sustentam os filhos como príncipes, e os protegem da fome, do frio, e da vida dura e cruel que insiste em bater na porta das mulheres de panela vazia. Quanto aos reis, também são os mesmos: os covardes dos vinhos da ira.
Mágicas, esses anjos se transformam em rochas, quando a vida pede grão de areia. Em flores quando rastejam, em espinhos quando protegem.
Essas mulheres são aquelas que limpam tapetes, mas não admitem serem pisadas.
Riscam papéis, limpam máquinas e consertam crianças que nascem com o sonho quebrado.
São domésticas, mas não admitem serem domesticadas.
E riem quando suam sob lágrimas e sangram o perfume da violeta impune estampada no rosto, que de rosa, não tem nada.
Sim, elas são presidentas, e são as deusas do dia a dia.

Escrito por 
Tatiana Ivanovici

Não eram as horas

Quinze horas e dois minutos. Oito minutos esperando o ônibus. E nada. Uma garota atravessa a rua driblando o trânsito. Chega na parada. Ajeita a bolsa no ombro direito. Estou sentado. Desenhando ou escrevendo em meu bloquinho. Ela se aproxima de mim. Fica em pé do meu lado evitando o sol e aproveitando a sombra. Estou de mau humor. Não ofereço o lugar pra ela sentar. Percebo que ela está olhando para o que escrevo ou desenho. Paro de rabiscar. Levanto a cabeça e olho se o ônibus vem vindo. E nada. Ela tira o olhar como se não quisesse ser pega curiando meus desenhos ou escritos. Olho pra ela sem disfarçar. Ela olha pra mim. Baixo a cabeça e continuo a escrever ou desenhar. Dessa vez escrevo “Beautiful girl at bus stop. Write about it later” torcendo para que ela não entenda. Deveria estar fazendo alemão. Penso. 

Lá vem o ônibus. Levanto. Arrasto minha mochila. Estendo a mão direita segurando o bloquinho de desenhos ou anotações. O ônibus para pra mim. Caminho até a porta dianteira. Olho para trás e a garota está mais perto do que antes. Ela vai comigo. Subo as escadas. Pago a tarifa. Recebo oitenta centavos de troco. Passo a catraca. Procuro um lugar pra sentar mas não acho assento vago. Me encosto na barra de ferro próxima ao assento preferencial. E lá vem ela. Fica em pé atrás de mim. Não tem mais ninguém pra subir. O ônibus sai. Na próxima parada sobe muita gente. O espaço se encurta e nossos corpos ficam mais próximos. Olhou pra mim. Disfarcei. Olhei depois. Ela virou o rosto. Nos olhamos pelo reflexo da janela. Tirei o celular do bolso para ver as horas. Ela perguntou se eu poderia emprestá-lo por um segundo. Era algo importante e devolveria logo. Receoso, emprestei. Ela agradeceu. Olhou pra ele. Não olhei. Me devolveu e agradeceu novamente. Guardei o aparelho no bolso. O ônibus parou. Quatro pessoas desceram. Umas oito subiram. E cada vez ficava mais apertado. E nós, próximos. Ficamos tão próximos que consegui sentir o cheiro do seu cabelo. Um cheiro neutro. Não fedia mas não cheirava a cosméticos. Neutro. Mas bom. Olhei para baixo e vi que ela estava usando um tênis branco. Daqueles que as garotas costumam usar pra jogar handball. Pelo tamanho e estilo do short que ela estava usando, era isso que ela estava treinando. Ou estava indo ao treino. Olhei para a janela e vi que ela estava me observando pelo reflexo. Fiquei com vergonha. Mas encarei. Analisei a cena e sorri. Achei motivo pra rir no nosso comportamento. Olhou pra mim. Disfarcei. Olhei depois. Nos olhamos pelo reflexo da janela. Vou descer na próxima. Ela sorriu. Baixei a cabeça. Sorri. Sai. 

Desci do ônibus. Ajeitei minha mochila nas costas. Saí pela calçada no sentido de quem vai para a dianteira do ônibus sem olhar pra ela. Algumas pessoas passaram correndo por mim para não perder a vez. E continuei. O ônibus saiu e passou por mim. Olhei para dentro. Ela estava olhando pra mim. E sorriu. Uma leve contração nos lábios. Um sorriso tímido, infantil e doce. Acenei com a cabeça. E ela se foi. Tirei o celular do bolso para ver as horas mais uma vez. Quando desbloqueei a tela, vi uma sequencia de números. Mas não eram as horas.

Eliab Alves Pereira

Versos versus nós

Os pássaros da minha vizinhança não param de cantar
Ou estão apaixonados
Ou estão recitando poemas
Um não seria a causa do outro?

Quando estamos apaixonados,
Não recitamos poemas
Nossos poemas passam a pegar na mão,
Caminhar na praia, trocar olhares,
Dormir abraçado e sorrir sem motivo

O outro deixa de sair da nossa boca como versos
E tenta voltar para nós por ela através de beijos

Tudo que um dia foi palavras
Hoje é a personificação da minha poesia
Na verdade, pra alguns de vocês.
Pra mim, ainda será
Será?

Uns fazem como os pássaros
Se apaixonam,
Recitam,
Outros,
Só desejam voar
Recitar sem se apaixonar
E se apaixonar pelo que recitam

Os pássaros da minha vizinhança pararam de cantar.
A essa hora
O canto chegou em casa
O poema arrastou uma asa

Tudo agora é silêncio
Silêncio:
O maior grito de um casal
Capaz de resumir uma conversa em olhares
É o que vem depois das palavras duras
O que se ouve quando estamos abraçados

O silêncio
É o que convida uma boca se aproximar da outra
Maior que ele é o estalo de beijos molhados
Respiração pesada
Amasso da camisa
E então para!
Corta o clima
Afastam-se as bocas
Olham-se nos olhos
E sorriem



Mover-se é viver

Estou numa festa de São João, com barraquinhas, tiro ao alvo, comida caseira. A única coisa curiosa é que, de determinado angulo da rua de casas de dois andares, podemos ver os edifícios mais altos do mundo; a festa do interior está acontecendo em plena Nova York.
De repente, um palhaço começa a imitar todos os meus gestos. As pessoas riem, e eu também me divirto. No final, convido-o para tomar um café.
“Comprometa-se com a vida”, diz o palhaço. “Se você está vivo, você tem que sacudir os braços, pular, fazer barulho, rir e falar com as pessoas, porque a vida é exatamente o oposto da morte”.
“Morrer é ficar sempre na mesma posição. Se você está muito quieto, você não esta vivendo”.



Paulo Coelho - Para coluna do G1

A moita onde Deus se esconde

No desenrolar do tocante livro de Enio R. Mueller (Caminho de Reconciliação - a mensagem da bíblia | editora Grafar), o autor vai descortinando aos poucos aquela que é a desconcertante forma que Deus parece ter escolhido para revelar-se através daquilo que viria a ser conhecido como Bíblia.
[ No velho testamento ] Uma análise atenta do movimento geral da narrativa bíblica mostra um gradual desaparecimento de Deus. No Sinai, Moisés ainda vê Deus face a face, embora seja o único a quem é dado este privilégio, e ainda que tenhamos que pensar na nuvem que envolve Deus neste encontro. Mais adiante, Deus diz a Moisés que ocultará o seu rosto; como vimos Moisés só pode ver Deus pelas costas. A última alusão, na narrativa bíblica, de que Deus tenha se revelado a um ser humano foi com Samuel (1Sm 3.21). A última vez em que é dito que Deus "aparece" a um ser humano foi com Salomão (1Rs 9.2). O último milagre público é registrado em 1 Reis 18-19, onde Deus também não aparece a Elias, a não ser na brisa leve que sopra. O último milagre particular é registrado em 2 Reis 20:1-11, com o caso da sombra que muda de lugar diante de Isaías e Ezequias. Por fim, no livro de Ester, já no pós-exílio, Deus não é mencionado sequer uma vez. 
(...)
[ Na vinda do messias ] A necessidade de uma revelação especial para perceber que aquele era o Messias [não foi carne nem sangue que te revelou...], deve levar a pensar. Sua manifestação era ao mesmo tempo sua ocultação. Vários elementos o sugerem. Seus pais ainda não eram formalmente casados. Em sua genealogia são mencionadas quatro mulheres de reputação duvidosa. E quem imaginaria o rei messiânico nascendo numa estrebaria? "De Nazaré pode sair alguma coisa boa?", chegou a se perguntar um potencial discípulo (Jo 1.46). E de que serve um messias morto numa cruz?
 
(...)
[ No surgimento do Espírito Santo ] Deus revelado num ser humano é o lugar em que Deus melhor pode se esconder. A vinda de Deus no Espírito representa uma radical ocultação de Deus. Agora Ele se esconde nos subterrâneos do nosso espírito.

O esvaziamento, a ocultação, a dissolução de Deus em algo cada vez menos palpável, observável e analisável evidencia-se ainda de forma definitivamente assombrosa quando nos lembramos que o mandamento do Deus 'escondido' em Cristo é de que nós, que somos agora a derradeira moita onde Deus se oculta, devemos nos dissolver como sal que se dispersa e some para temperar. 

Quando "Deus" está em evidência, e parece ser esse o sonho de todos os cristãos na sua correria por visibilidade, representatividade, milagre, poder e glória, é certamente de um outro deus que estamos falando, que não o Deus da Bíblia. O Deus revelado no imprevisível e cativante livro sagrado, está disperso, escondido, diluído e desaparecido, epecialmente nos cantos onde menos se espera.


A trilha

Território ocupado pelo inimigo

Uma das coisas que me surpreenderam quando li o Novo Testamento pela primeira vez foi o fato de ele falar tanto a respeito de um poder das trevas no universo: um poderoso espírito do mal que se esconde por trás da morte, da doença e do pecado. A diferença é que o cristianismo afirma que esse poder das trevas foi criado por Deus, que havia sido bom por ocasião da sua criação, e que só depois se tornou errado. O cristianismo concorda com o dualismo, que diz que esse universo está em guerra. Porém, ele não acha que essa guerra se processa entre poderes independentes. O que o cristianismo propõe é que se trata de uma guerra civil, uma rebelião, e que estamos vivendo em uma parte do universo que está ocupada por um rebelde.
Território ocupado - isso é o mundo. O cristianismo é a história de como um rei justo retornou a suas terras (diríamos até, disfarçado) e está nos chamando para fazer parte de uma grande campanha de sabotagem. Quando vamos à igreja, na verdade, estamos nos dispondo a ouvir os planos secretos dos nossos amigos: eis por que o inimigo fica tão ansioso em evitar a nossa ida até lá. Ele tenta fazer isso apelando para os nossos preconceitos, nossa preguiça e nossa prepotência intelectual. Sei que alguém vai me perguntar: "Você está querendo mesmo, a essa hora do dia, reintroduzir o nosso velho amigo de chifres e patas?". Bem, o que a hora do dia tem a ver com isso, não sei. E não falei nada específico sobre chifres e patas. Porém, em certo sentido, minha resposta seria: "Sim, eu quero". Nao estou alegando saber qualquer coisa sobre sua aparência pessoal. Se alguém realmente estiver interessado em conhecê-lo melhor, eu diria a essa pessoa: "Não se preocupe. Se você quer mesmo, então, pode ter certeza de que vai conhecê-lo. Se vai gostar de ter sido apresentado a ele ou não é outra história".
C.S. Lewis (Cristianismo Puro e Simples)

Nota: Por favor, não leia igreja apenas como aquele prédio onde você vai aos domingos.

Tears of the Saints (Legendado)

O maior segredo da humanidade (REVELADO)

Por milhares e milhares de anos todo ser humano experimentou nem que por um curto espaço de tempo na sua vida a curiosidade ou a necessidade de saber se existe Um Ser Superior que deu origem a tudo e que é a resposta pra tudo.
Por falta de provas, conhecimento suficiente ou acontecimentos catastróficos alguns preferiram abandonar a esperança de que alguém lá em cima se importa e que ama cada uma de suas criaturas. É difícil imaginar um ser que ama sua criação mas não impede que milhoes de pessoas morram de fome por dia. Como pode existir um Ser Amoroso que permite que catástrofes destruam vidas e civilizações? Mesmo com Ele permitindo tudo isso, se Ele apenas se mostrasse, calaria nossas bocas e a falta de fé desapareceria. Se Ele existe, porque permite que tanta coisa má aconteça no mundo? Ou melhor, se Deus existe, porque Ele não se mostra assim como, segundo a bíblia, Ele aparecia no Antigo Testamento? Os Israelitas tinham no que acreditar, eles viram o mar se abrir, cair comida do céu, um monte tremer com a descida do Grande Adonai, muralhas ruírem, viram a terra se abrir pra engolir os homens que blasfemaram contra o Deus Todo Poderoso. Os judeus tiveram a prova de que nossa sociedade mais exige: uma visão de Deus. Se Ele apareceu naquele tempo, porque não aparece agora?
Não basta palavras de um livro. Nós precisamos de algo visível e palpável, não é? Quem quer saber que um dia Ele vai se mostrar a toda a humanidade? Que sua aparição vai fazer com que os homens maus implorem para que as montanhas caiam em cima deles? Quem quer saber que os céus serão rasgados o Toda a Glória dele será revelada à humanidade?

Ou, quem quer saber o que A Bíblia diz : Meu Rei é o Rei dos judeus / Ele é o Rei de Israel / Ele é o Rei de justiça / Ele é o Rei da historia / Ele é o Rei do Céu / Ele é o Rei da glória / Ele é o Rei dos reis / e Ele é o Senhor dos senhores / Este é o meu Rei! / Me pergunto se você O conhece / Meu Rei é um rei soberano / Nenhum tipo de medida pode definir Seu amor ilimitado / Ele é continuamante
forte / Ele é inteiramente sincero / Ele permanece para sempre /Ele é imortalmente gracioso / Ele é imperialmente poderoso / Ele é imparcialmente misericordioso / Este é o meu Rei! Yeshua / Ele é o
Filho de Deus / Ele é o salvador do pecador / Ele é a peça central da civilização / Ele vive em Si mesmo / Ele é augusto / Ele é único /Ele é sem paralelo / Ele é sem precedentes / Ele é supremo /
Ele é pré-eminente / Ele é a sublime idéia na literatura / Ele é a mais alta personalidade na filosofia / Ele é o problema supremo na alta crítica / Ele é a doutrina fundamental da teologia
verdadeira /Ele é o único qualificado para ser um salvador totalmente suficiente / Me pergunto se você conhece hoje!/ Ele é o milagre do século / Ele é o único capaz de suprir todas as nossas
necessidades simultaneamente / Ele supre força para o fraco / Ele está disponível ao tentado e o atribulado /Ele se compadece e salva / Ele guarda e guia / Ele cura o doente / Ele limpa o
leproso / Ele perdoa pecadores / Ele absolve devedores / Ele liberta os cativos / Ele defende o fraco / Ele abençoa o jovem / Ele serve ao desafortunado / Ele honra ao velho / Ele recompensa ao
diligente e Ele embeleza o humilde / Você o conhece? / Meu Rei é a chave do conhecimento / Ele é a fonte da sabedoria / Ele é a entrada da libertação / Ele é o caminho da paz / Ele é a estrada
da justiça / Ele é a vereda da santidade / Ele é o portão da glória / Ele é o mestre dos poderosos / Ele é o capitão dos conquistadores / Ele é o cabeça dos heróis / Ele é o líder dos legisladores /
Ele é o superintendente dos vencedores / Ele é o governador dos governadores / Ele é o príncipe dos príncipes / Ele é o Rei dos reis e Ele é o Senhor dos senhores / Este é o meu Rei! / Meu
Rei... / Seu ofício é múltiplo / Sua promessa é certa / Sua luz é inigualável / Sua bondade não tem limites / Sua misericórdia é eterna / Seu amor nunca muda / Sua Palavra é plena / Sua graça é
suficiente / Seu reino é justo / Seu fardo é leve e o Seu jugo é suave / Bem.../ Eu desejaria poder descrevê-lo para você... mas Ele é indescritível... Ele é indescritível/ Ele.../ Ele é
incompreensível / Ele é invencível / Ele é irresistível / Estou tentando lhe dizer que os céus dos céus não podem contê-lo, muito menos um homem explicá-lo / Você não pode tirá-lo de sua
mente / Você não pode afastá-lo de suas mãos / Você não pode prolongar os Seus dias e não pode viver sem Ele / Os fariseus não O suportaram, mas descobriram que não podiam para-lo /
Pilatos não achou falha nele / As testemunhas não conseguiram fazer com que seus testemunhos concordassem sobre Ele / Herodes não pôde matá-lo / A morte não pôde lidar com Ele, e a
sepultura não pôde contê-lo / Este é o meu Rei! / Ele sempre foi e Ele sempre será / Estou falando sobre... [o fato que] Ele não teve predecessor... e não terá nenhum sucessor / Não havia
ninguém antes dele... e não haverá ninguém após Ele / Você não pode depô-lo... e Ele não irá renunciar / Este é o meu Rei! / Louve ao Senhor.../ Este é o meu Rei! / Teu, teu é o reino... e o
poder... e a glória / todo o poder pertence ao meu Rei / Nós ouvimos falar por aqui de poder negro e poder branco e poder verde / mas o poder é de Deus / Teu é o poder e a glória / Tentamos
conseguir prestígio e honra e glória para nós mesmos / mas a glória é toda dele / Teu é o reino... e o poder... e a glória... para sempre... e sempre... e sempre... e sempre / Quão longo é isso? / E
sempre... e sempre... e sempre... e sempre / E quando você passar por todos os para sempre... então Amém! Yeshua, Yeshua
Yeshua, Esse É o Meu Rei (Khorus)
Obrigado por me apresentar a 
esse texto, Aquiles Melo. 


Mas se depois de ver essa pequeníssima descrição de um prefácio de uma simples dedicatória do Yeshua à humanidade, você ainda tem dúvidas quanto a existência dEle, não se preocupe, você ainda tem mais uma opção. Se palavras não são o bastante para te fazer crer e você precisa de uma visão desse tal Yeshua. Então se prepare e anota ai o dia, horário e local de onde, eu, Eliab Alves Pereira, me responsabilizo de te mostrar quem você sempre procurou. Eu te garanto que você, seja lá quem for, vai VER Deus.

Sábado, às 7h da manhã na Lagoa do Poço (Goianinha) na Escola Municipal João Carvalho de Barbalho. Me comprometo em te MOSTRAR Deus.

Estarei te esperando...
E Ele também!


Abraço,
Até breve!
Eliab Alves

OBS: Traga sua câmera!

O mestre e o escorpião

Um mestre do Oriente viu quando um escorpião estava se afogando e decidiu tirá-lo da água, mas quando o fez, o escorpião o picou. Pela reação de dor, o mestre o soltou e o animal caiu de novo na água e estava se afogando de novo. O mestre tentou tirá-lo novamente e novamente o animal o picou. Alguém que estava observando se aproximou do mestre e lhe disse:
— Desculpe-me, mas você é teimoso! Não entende que todas às vezes que tentar tirá-lo da água ele irá picá-lo?
O mestre respondeu:
— A natureza do escorpião é picar, e isto não vai mudar a minha, que é ajudar.
Então, com a ajuda de uma folha o mestre tirou o escorpião da água e salvou sua vida.

Não mude sua natureza se alguém te faz algum mal; apenas tome precauções. Alguns perseguem a felicidade, outros a criam. Preocupe-se mais com sua consciência do que com a sua reputação. Porque sua consciência é o que você é, e sua reputação é o que os outros pensam de você. E o que os outros pensam, não é problema nosso... é problema deles.

O castigo dos prisioneiros de Cronos

Um dia eu fiz uma escolha
Hoje essa escolha faz os meus dias

Prometo que no meu leito de morte eu contarei a tu que escolha foi essa
Mas como eu saberei se é a tu que eu estou contando?

Sabe, se eu acreditasse no futuro
Tu estaria sabendo da minha escolha agora
Mas agora eu nao estou no meu leito de morte
Como eu poderia estar morrendo agora no futuro?
Não morri! Afinal, ainda estou escrevendo

O futuro é como um passo prestes a ser dado
Pensar nele não o traz a existência
Ele só passa a existir quando acontece

Seria como planejar essa frase e a próxima
Tá vendo? Ela só existiu quando eu a escrevi

Se meu futuro já está escrito, fui eu que escrevi
Da mesma forma que um dia eu fiz uma escolha
E hoje essa escolha faz os meus dias

Se eu acreditasse no futuro, neste momento eu estaria terminando esse artigo
Mas também estaria começando agora. No passado.
E o meu agora seria o futuro do que ainda vou escrever
A minha escolha me trouxe até aqui
Mas se eu, no meu passado, escolher desligar o notebook e ir dormir?
O que acontecerá com o meu agora do futuro?

Fico mais aliviado em saber que o futuro e o presente são, na verdade, a mesma coisa
Do que imaginar a vida como um filme que já foi rodado
Independente do que eu escolher, minha escolha não será livre
Mas será fruto de uma escolha que precisa ser feita para coincidir com o final

Quando Deus disse que é o Alfa e o Omega, será
Que o omega é o agora, e agora, e agora, e agora, e agora, e agora...?

O tempo está passando...

Tudo é o fim de um ciclo e o inicio de outro.

O fim chegou quantas vezes desde que tu está lendo esse artigo?
E o inicio?

Para cada inicio, um fim. Para cada fim, um recomeço.

E assim é a vida. Um dia teve inicio. De lá pra cá foi construída por fins e recomeços.
E a vida nunca terá fim. Ela "acaba" e recomeça aqui.
Um dia, ela acabará aqui e recomeçará em outro lugar.

Um dia teu dia será construído pela escolha que tu fez
A questão é:
Onde teu dia será construído?

Escrevi a estrofe anterior no dia
03/03/2012 e o relógio marcava 1h44 da manhã.
Mas essa estrofe está sendo escrita no dia 04/04/2012 às 19h44.

Há uma diferença de quarenta e três horas entre uma estrofe e outra.
Mas tu não precisou esperar esse tempo todo pra ler essa estrofe. Mas eu precisei.

O tempo passou diferente para tu e o texto.

O castigo de nós, prisioneiros, é saber que o que acontecerá conosco, redundantemente, ainda vai acontecer. E o mais tenebroso é a duvida que fica no ar: Se o meu futuro não é culpa minha, de quem é?

A sensação é de caminhar num quarto escuro sem saber o que tem pela frente.

Mas deixa isso pra depois
Quer saber?
Talvez eu acorde pensando diferente sobre o futuro
Talvez, no futuro, minha opinião seja outra
Talvez esse mesmo texto tenha uma frase que mude minha opinião

Talvez, talvez, talvez...
A palavra que anda de mãos dadas com a incerteza

Quer saber?
Esqueçamos o futuro
E nos preocupemos com o agora!

Deixe que me preocuparei com o amanhã
Amanhã







Eliab Alves

Sozinho?

Tudo que um dia desejei
É tudo que eu menos preciso agora
Abri as portas para outros mundos
Onde o desnecessário tem valor
Onde poetas s
ão reis
Soldados s
ão mitos
E amigos s
ão tesouros
Escondidos
(Igual petróleo)



Eliab Alves

O espinho que incomoda o cacto

Cheguei à conclusão de que tentei amar o mundo inteiro
Mas esqueci de amar quem está ao meu lado o tempo todo.
Não me importo com as pessoas!
Essa decisão fez com que eu me importasse ainda mais.

Agora entendi porque Ele disse para amar
O próximo!
É fácil amar quem está longe,
É fácil amar quem não dá dor de cabeça,
É fácil amar quem não discorda.

Difícil é amar quem te trata como criança
Quando você está pior que velho rabugento,
Difícil é amar quem reclama do seu jeito,
Difícil é amar quem tá perto como se ama quem está longe.

Quero ver o sorriso de quem tá longe
Mas não me importo com as lágrimas
De quem tá perto
E chora por minha causa

Nessa vida de olhar só pra mim
Vi que...
Deixa pra lá!

Talvez um dia eu aprenda a amar
Quem tá perto
Da mesma forma que acho que amo
Quem tá longe

Minha consciência me obriga a escrever isso
Mas minha boca não sabe dizer:
Desculpa!

“Ele não se importa”
Todos dizem
Com razão
Eu não me importo
Eles não importam

Mas a importância que eles têm me fez escrever isso.
Talvez eu os ame
Do meu jeito

Mas com esse jeito de amar
Sobra decepções
E falta espaço para conjugar
Com o próximo

Talvez o melhor a fazer
É pedir que se afastem.
Meu jeito não os afastou
Quem sabe as palavras o faça

Talvez eles sejam burros de mais pra perceber
Que quem abraça um cacto não sai sorrindo.

Olhem de longe.
Não chegue muito perto pra não se machucar.
Mas o pior de tudo não é ferir os outros,
É saber que eles não se aproximam
Por causa do espinhos
Que eu plantei

E pior ainda é saber
Que se quiser mudar isso
Preciso engolir cada espinho
E morrer secando ao sol

Mas quem precisa de uma planta morta?
Talvez o destino do cacto
Seja ser temido
Viver solitário
Isolado
Reclamando dos próprios espinhos
Até que o sol queime cada um deles

E ele fique
Mais uma vez
Imprestável
Solitário
E...

Deixa pra lá!



Eliab Alves

Terra de Oz

Nossos maiores sonhos acontecem antes de dormirmos. Porém, os mais poéticos são depois que entramos no mundo de Oz. Já fiz do teto meu chão. Já fiz da cor minha saudade. Ontem conjugarei o verbo amar no presente. Hoje, repito a oração anterior. Amanhã... Não cabe a eu dizer o que farei. Não tenho o poder de pegar o tempo pela orelha. Se tivesse... Ah se tivesse! Ia puxar pela orelha até ele me trazer de volta os momentos com você. Esqueci que pra me lembrar de você preciso esquecer o que queria lembrar.

Preciso de uma pessoa pra continuar a história. Uma pessoa melhor que eu e melhor que você. Só pode ser a primeira do plural.

Na terra de Oz você ainda é minha. Na terra de Oz quem manda é a poesia. Já tentei voltar pro mesmo sonho. Já tentei voltar pra você. E o que aconteceu? Acordaram-me. Na verdade, me acordei! Se eu continuasse sonhando, você teria pesadelos. Prefiro ver você dormindo a dormir enquanto você não deita. Vem cá! Deita aqui. Sonha por mim que eu acordo por você.

Tive de fugir de Oz. Estava sem coração quando te magoei. Sem cérebro, quando te larguei. Faltou coragem, então fugi! Vi um cara viajando num balão. Ele estava voltando pra Oz. Mandei meu coração, meu cérebro e minha coragem por ele. Espero que ele te entregue. Use o coração pra amar alguém melhor que eu. Se você fizer isso, usou o cérebro. Aproveite a coragem pra usar essas coisas que saíram de mim. Você vai precisar!

Quero-te ver dormindo. Quero te ver sonhar. Quero viver acordado sabendo que durmo em seu colo na terra de Oz. Nessa terra eu casei com você, nossos filhos nos tiveram, e nossos netos salvaram nossos filhos das bruxas da floresta. Se não fossem nossos netos não teríamos nascido!

Estou ficando com sono! Não posso dormir. Se eu for pra junto de você, seu pesadelo vai te acordar. Vou continuar acordado, por você, por mim e pela terra de Oz. Vou continuar te contando histórias pra você ficar ai.

Vamos lá... Há muito tempo, antes de nossos netos nascerem de nós, antes mesmo das estrelas se acenderem e das formigas começarem a trabalhar, um casal se conheceu na terra de nÓz...



Eliab Alves 

Se ele era inocente

Jesus era do ponto de vista do Sumo Sacerdote um herege e um impostor, do ponto de vista dos comerciantes um agitador e um comunista. Do ponto de vista imperialista dos romanos era um traidor, do ponto de vista do senso comum um louco perigoso. Do ponto de vista do esnobe, que exerce sempre grande influência, era um vagabundo sem um tostão.
Do ponto de vista da polícia ele era obstruidor das vias públicas, pedinte, aliado de prostitutas, apologista de pecadores e depreciador de juízes; seus companheiros eram vadios que tinham sido seduzidos de seus ofícios regulares para uma vida de vagabundagem. Do ponto de vista dos devotos Jesus era um violador do sábado, negador da eficácia da circuncisão, advogado do rito estranho do batismo, glutão e bebedor de vinho. Era odiado pela classe médica por praticar a medicina sem qualificação, curando as pessoas por curandeirismo e sem cobrar pelo tratamento.
Ele era contra os sacerdotes, contra o judiciário, contra os militares, contra a cidade (tendo declarado que era inconcebível que um rico entrasse no reino do céu), contra todos os interesses, classes, principados e potestades, convidando a todos que abandonassem essas categorias e o seguissem.
Por todos os argumentos legais, políticos, religiosos, do costume e da polidez, Jesus foi o maior inimigo da sociedade do seu tempo já colocado atrás das grades. Era culpado de cada acusação feita contra ele, e de muitas outras que não ocorreu a seus acusadores levantar. Se ele era inocente, o mundo inteiro era culpado. Inocentá-lo seria atirar pela janela a civilização e todas as suas instituições. A história confirma o litígio contra ele, pois nenhum Estado jamais constitui-se sobre os seus princípios ou tornou possível viver de acordo com os seus mandamentos; os Estados que assumiram o nome dele foi para usá-lo como credencial que os habilitasse a perseguir os seus seguidores de modo mais plausível.


Bernard Shaw, no prefácio de On the rocks (1933)

O divino litígio


Porque há esperança para a árvore,
que, se for cortada, ainda torne a brotar,
e que não cessem os seus renovos.
Ainda que envelheça a sua raiz na terra,
e morra o seu tronco no pó,
contudo ao cheiro das águas brotará,
e lançará ramos como uma planta nova.
O homem, porém, morre e se desfaz;
sim, rende o homem o espírito, e então onde está?
Como as águas se retiram de um lago,
e um rio se esgota e seca,
assim o homem se deita, e não se levanta;
até que não haja mais céus não acordará
nem será despertado de seu sono.

Jó 14:7-12


Terra, longevidade, descendentes e uma vida feliz é o que a aliança promete aos israelitas. Os profetas transmitem o mesmo conceito. Amós lembra seus ouvintes que Israel estabeleceu um contrato com YHWH, selado por um juramento. Ele está descrevendo o que se pode chamar de uma ação judicial divina, iniciada para preservar um acordo não honrado por uma das partes. Oséias usa a metáfora de um casamento que se deteriorou; trata-se evidentemente de uma outra obrigação contratual selada por um juramento. Deus contempla periodicamente a ideia A resposta que Jó recebe não é que os caminhos de Deus são inescrutáveis; isso ele já sabia.de processar o seu cônjuge adúltero e de pedir o divórcio.
É só no livro de Jó que é articulada a noção oposta, a de que seres humanos podem legitimamente processar Deus pela falha de cumprimento de suas obrigações contratuais. Para que esse argumento seja logicamente convincente, não pode existir a ideia de uma vida de natureza substancial depois da morte. Se houvesse vida de natureza substancial depois da morte, o sofrimento de Jó não bastaria para uma ação judicial legítima e válida contra a divindade. Se houvesse vida depois da morte, Jó estaria justificado em dizer que está sendo falsamente acusado por seus amigos e que sua aflição é dolorosa, mas não poderia colocar em dúvida a justiça divina, porque o resultado não estaria completo nesta vida. É por isso que a noção de sheol está presente no livro de Jó – não uma recompensa ou punição pós-morte, mas a mera eliminação final de almas.
[...]
O leitor contemporâneo reage muito mal ao modo como dominador Deus aparece e silencia Jó atestando a sua insignificância. Queremos uma resposta justa, igualitária, democrática em que todos tenham os mesmos direitos, poderes e possibilidade de resposta. Exigimos uma resposta de Deus ao seu tratamento inclemente da inocência de Jó. Queremos ouvir que a família de Jó não sofreu por causa dele. Queremos saber porque Deus permite o mal neste mundo.
Jó, no entanto, tem objetivos menos ambiciosos. O que ele quer é apenas chamar Deus ao tribunal. Não somos capazes de apreender quão vertiginoso é esse seu pedido: a presença de Deus enquanto Jó está vivo.
E esse vertiginoso pedido é exatamente aquilo que é concedido a Jó. A resposta é precisamente aquela que ele tinha esperança de ter, mas não tinha o direito de esperar. A resposta que Jó recebe não é que os caminhos de Deus são inescrutáveis; isso ele já sabia. A resposta é que Deus é tão misericordioso que se permite ser levado ao tribunal e processado. Deus na verdade comparece voluntariamente ao seu próprio tribunal a fim de dar testemunho, e mostra-se mais misericordioso do que qualquer monarca do Oriente Médio.
A Jó é permitido ver Deus – se não diretamente, a partir do redemoinho, – e ele não precisa sequer ascender ao céu para fazê-lo. Ao contrário os outros viajantes celestes do antigo Oriente Médio, é Deus que vem até Jó. Assim, embora fique aterrorizado e assombrado diante do poder de Deus, Jó sai do tribunal justificado. E o texto sustenta que pelo menos um inocente teve suas reinvidicações ouvidas depois de seu sofrimento, e nesta terra. Esperamos tanta coisa mais que acabamos perdendo de vista a afirmação que o texto faz.

Alan F. Segal, em Life After Death