AUSÊNCIA

Ela chegou em casa - naquela cabaninha que construiu com seu amor. Um cantinho longe de tudo. Bem no meio da mata. Cercada de árvores, pra guardar as lembranças que só eram deles. A cabaninha era de madeira de carvalho. Carvalho que ficava depois do riacho. E tinha cheiro da chuva que cai de manhã cedinho e molha a grama. 

Já era tarde da noite e era noite chuvosa. Mas ainda dava pra ver um pedacinho da lua. 

Quando ela chegou em casa, não tinha abraço de boas vindas. Só o silêncio passeava pela sala vazia. Havia uma cadeira de balanço no cantinho. Ainda estava balançando...

Estava escuro. Apenas um pouco da luz da lua atravessava a janela de vidro. Era pouca luz pra muita escuridão. Ainda dava pra ver a poeira no ar. A poeira do casaco sacudido de quem saiu. 

E estava frio. Ou seria ausência? Talvez só lembranças! 

Às vezes falta alguém pra dançar no ritmo da tristeza que a gente sente. Às vezes só falta alguém que dê colo para um corpo cansado de tudo. Alguém que entende nosso choro e chora junto. Alguém que silencie os gritos que ouvimos do mundo. Às vezes só falta alguém pra escutar nossa dor. Às vezes só falta alguém que traga um cobertor quentinho pra quem tá chegando da chuva. Alguém que diga que está lá esperando por você.

Às vezes só falta alguém que não era pra faltar. 

Que já está lá...

Mas não está!



ELIAB ALVES PEREIRA