Os crentes de hoje, no entento, seguem o Cristo milagreiro.
Herodes, o governador da galiléia, onde Jesus passou a maior parte dos seus três curtos e intensos anos de 'vida pública', já ouvira falar muito no estranho profeta vindo de Nazaré. As notícias que chegavam vinham carregadas de assombros místicos, mágicos e poderosos. O homem curava cegos, aleijados, leprosos, alimentava multidões com um punhadinho de pães e peixes, desafiava os figurões do templo e levantava menininhas mortas do seu leito. Era esse homem que vinha sendo trazido até ele naquela manhã. "Finalmente vou conhecê-lo", pensava o governador, ansioso e excitado. "O fazedor de milagres vem aí. De certo há de me agraciar com algum prodígio". E lhe foi entregue o milagreiro surrado. Não há nada no texto que indique falta de fé da parte de Herodes. Ele cria! Ele queria! Tinha fé! E ordenou o milagre, como ordenam os crentes de hoje. "Eu quero, eu posso, eu creio... em nome de Jesus eu ordeno..."; não são assim as orações cheias de fé da maioria dos evangélicos?
O Cristo milagreiro, no entanto, naquela mesma madrugada, algumas horas atrás, orava baixinho entre lágrimas, joelho no chão: "se for possível, afasta de mim esse cálice. Mas seja feita sua vontade."
Herodes não conseguiu o milagre que queria. Não rolou o show da fé. A cena que descortinou-se diante do governante abestalhado foi a cena mais repetida em toda a história da humanidade, em todos os momentos em que alguém buscou algo de Deus. Seja qual for a busca, a resposta mais comum é a que recebeu Herodes. O silêncio.
Somos diariamente brindados com o silêncio divino e, a não ser que aprendamos a reconhecê-lo em sua ausência, em sua aparente deserção, em seu abandono, jamais seguiremos com ele o caminho da cruz. Evidentemente, os crentes modernos dos milagres extravagantes nada querem com cruz alguma. A esses, resta agir como Herodes e encaminhar o profeta sozinho à morte.
Via: A trilha
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