Evangelho e Religião

Se você pensa que realmente entende o evangelho − não entende, não. Se você pensa que nem começou a entender verdadeiramente o evangelho − você entende, sim. Por mais importante que seja a nossa “teologização do evangelho”, ela, sozinha, não alcançará nosso mundo. Hoje em dia, as pessoas são inacreditavelmente sensíveis à incoerência e à falsidade.
Elas ouvem que o evangelho ensina, e então olham para as nossas vidas e vêem a diferença. Por que devem crer?

Temos que reconhecer que o evangelho é algo transformador, e nós simplesmente não somos muito transformados por ele. Não é suficiente dizer às pessoas pós-modernas: “Você não gosta de verdade absoluta? Bem, então vamos lhe dar ainda mais verdade absoluta!” Mas as pessoas que se esquivam tanto da verdade absoluta precisarão ver maior santidade de vida, a graça na prática, o caráter evangélico e a virtude se desejarem crer.

Tradicionalmente, este processo de “percepção do evangelho”, de modo especial quando ocorre corporalmente, é chamado de “reavivamento”. A religião opera segundo o princípio: Eu vou obedecer; por isso, sou aceito (por Deus). O evangelho opera segundo o princípio: Eu sou aceito, por meio da preciosa graça de Deus; por isso, vou obedecer. Duas pessoas vivendo nesses dois princípios podem se sentar uma ao lado da outra na igreja no domingo, tentando fazer as mesmas coisas − ler a
Bíblia, obedecer aos Dez Mandamentos, ser ativo na Casa de Deus, e orar − mas por duas motivações completamente diferentes. A religião motiva a pessoa a fazer o que faz por medo, insegurança e virtuosismo, mas o evangelho a motiva a fazer o que faz, cada vez mais, por alegria e gratidão àquele que é o próprio Deus.


Texto de Tim Keller
no livro A Supremacia de Deus em um Mundo Pós-Moderno

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