De olhos fechados

No princípio, as trevas cobriam o mundo. Ninguém conseguia enxergar absolutamente nada. No escuro não dá pra saber a cor do outro, o sexo ou a religião. No escuro não dá pra ver as tatuagens, as imperfeições estéticas ou a marca da roupa. Lá fora era tudo escuro, mas dentro de cada um de nós havia sol. Andávamos todos de mãos dadas pelo mesmo caminho. Mas um dia uma luz foi acesa, e passamos a perceber a cor do outro, o sexo e a religião; suas roupas, estilos e imperfeições. Soltamos as mãos. Tomamos caminhos diferentes. Alguém acendeu as luzes para que víssemos a beleza de estarmos juntos, mas não entendemos o recado. Internamos as trevas. Apagamos nosso sol. Não somos mais iguais. Achávamos melhor quando tudo era igual. Preferimos a escuridão. Odiamos o diferente! Mas quem acendeu as luzes nos deu o poder de fechar os olhos. Na luz vemos que somos diferentes, através das trevas, aprendemos que apesar da diferença, somos todos iguais. E mesmo que não quiséssemos fechar os olhos para lembrar disso, nasceu o dia e a noite para contar essa história.

Eliab Alves Pereira

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