Eu quero morrer

“Eu quero morrer”, quantas vezes eu disse essa frase. Quantas vezes planejei efetivar essa ação. Quantas cartas de despedida escrevi. Quantos momentos ponderei qual seria a morte mais dolorosa, a mais rápida, a mais fácil. Perdi as contas de quantas. Perdi as contas dos momentos sem conseguir sair da cama. Pode parecer exagero, mas só quem sente a dor emocional tão grande que destrói a sua força física, sabe o quão pesada e devastadora ela pode ser.
Durante muito tempo e em inúmeros momentos planejei realmente a minha morte. Nunca cheguei perto de finalizar. Passei a ver esse desejo de várias formas. No meu caso, já foi uma vontade profunda de culpar o mundo por algo que acontecia dentro de mim, já foi uma falta de visão, falta da sensação de “amor”, já foi medo por uma perda, medo pelo futuro… Um matiz indescritível de motivos que justificariam o ato para mim, mas não o justificariam para outros.
Hoje, tenho liberdade com muitas pessoas do meu círculo de convivência, e isso me fez des-cobrir muitas coisas. Des-cobrir, pois não só coisas novas apareceram, mas coisas que me tinham uma aparência mostraram-se, nitidamente, outras. Sempre me senti rejeitada, à margem, menos amada, a esquisita, a excluída e etc. Conversando com essas pessoas, vi que, em grande parte, essa sensação de rejeição era uma sensação minha (diria “não muito coerente”). Em um momento de expor situações e fatos, ficaram claras muitas demonstrações de afeto (e uma grande chatice da minha parte – o que é suficiente para afastar algumas pessoas). Independente de rejeições, essas não justificariam um suicídio, não a meu ver (hoje).
Confesso ter mentido demais, falado demais, vivido extremos demais, (muitos “de-mais”), e nesses momentos de extremos, os “eu quero morrer” também eram “demais”. Na minha busca incansável por justificativas, motivos, por aceitações, realizações, palavras, momentos, satisfações, afetos, uma frustração enorme aparecia. E não só pelos extremos ou pelas instabilidades ou quaisquer outras coisas, mas por que NADA era suficiente. Não tinham amigos suficientes, companhias suficientes, tempo suficiente, amor suficiente, cerveja suficiente, eu suficiente. Não tinha EU suficiente para suprir. Não restava eu, nem ao menos eu. E ai, o momento de me encontrar era no egoísmo profundo dos “eu quero morrer” (Egoísmo profundo, novamente ao meu ver).
Acho que muitos já pararam para pensar “como as pessoas ficariam se eu morresse?”. Como já disse, quantas vezes pensei nisso (também). E era uma cena boa de se ver: pessoas reunidas por minha causa, sentindo minha falta, lembrando de momentos bons…mas e se não fosse assim? E se não houvesse alguém para lembrar? O sofrimento gerado por isso era incomparável, e hoje é minha força. Se acho que ninguém se importaria, recobrem-me forças, por que mesmo que não chorem, quero fazer diferença, quero que ao menos meus pais tenham bons motivos para lembrar de mim. Não existe alguém desamparado, todos têm alguém ao lado, as pessoas só não estão a par disso. E digo isso por que muitos suicídios são “provocados” pela solidão. Muitos dos meus planos foram baseados nisso. Mas eu não estava sozinha, nunca estive. E não digo isso como um conselho de “auto-ajuda”, sim como uma verdade que encontrei nos piores instantes.
Alguém me disse e insistiu muito para me mostrar que somos movidos por relacionamentos. A pesar de todos os problemas, PRECISAMOS de pessoas. Os relacionamentos são nossa base, nossa sustentação. Não existe alguém suficientemente bom para viver completamente sozinho. E se consegue o fazer, geralmente não tem “vida longa”.
Eu preciso insistir: SE IMPORTE. Não digo isso só como alguém que já precisou de atenção, também como alguém que já se importou (e a gratificação por isso é incomparável). Falhei muitas vezes, sim… Entretanto pretendo, pelo menos, ajudar a entender que as pessoas não estão sozinhas. Realmente se importe, não deixe para outro abraçar, pois outro pode não chegar, e o abraço que alguém precisava não foi dado, o carinho necessitado não aconteceu. Geralmente as pessoas não querem muito mais que um bom ombro amigo, um carinho. AME. O amor move montanhas, move os amados, move os que amam…
A dor emocional que destrói a força física é terrível, sentir-se rejeitado é terrível, buscar extremos é terrível, não se encaixar é terrível, perder alguém é terrível, descobrir determinadas coisas é terrível, mas todos esses “terríveis” podem não ser “destrutíveis”. Uma companhia ajuda a passar por isso. O amor ajuda a passar por isso.
Encontrei várias companhias, desde estranhos que conheci aleatoriamente na rua, a meus pais. Muitos têm me ajudado a enfrentar esses “terríveis”. Mas eu tive que buscar… Tive que pedir ajuda, tive que aceitar que não viveria sozinha. Incrivelmente, também tive que me doar, tive que amar. E em todas essas idas e vindas, com companhias, sendo ajudada e ajudando… Descobri que, realmente, o único que sempre estará ao meu lado é Deus. Pode soar clichê, mas Ele é a melhor companhia. E quando eu comecei a contar com isso, confiar nisso e me dedicar a isso, até os outros relacionamentos tornaram-se mais fáceis. Sempre digo que não parei de sentir dor, não parei de sofrer, mas Ele é uma “melhor companhia” incrível, Ele ajuda a passar pelas situações como ninguém. Escolhê-Lo como “melhor companhia” não é simples, mas é para sempre.
Cabe a cada um optar.

Cy 
Solomon1

2 comentários:

  1. acho que voce é esagerado deveria amar mas sua vida,so quem pode tira uma vida é aquele que morreu pela sua.existe pessoas com muitos mais problemas lutando pela vida. ache uma maneira de agradecer a Deus pela sua.

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  2. kkkkkkkkkkkkkk... cara, eu AMO minha vida. Só uma coisa. Esse post não fui eu que escrevi. Tah aew o nome do cara que escreveu tah?

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