Maravilhosa Graça

Em meu livro O Jesus que eu nunca conheci, contei uma história verídica que muito tempo depois continuou me perseguindo. Eu a ouvi de um amigo que trabalha com pessoas marginalizadas em Chicago:

Uma prostituta veio falar comigo e contou que passava por terríveis dificuldades: sem lar, doente, incapaz de comprar comida para sim e para a filha de 2 anos de idade. Entre soluços e lágrimas, contou-me que estivera alugando a filha - de apenas 2 anos de idade! - a homens interessados em sexo pervertido. Ela ganhava mais alugando a menina por uma hora do que poderia ganhar ela mesma em uma noite. Tinha de fazê-lo, dizia, para sustentar o vício das drogas. Eu mal aguentava ouvir sua história sórdida. Em primeiro lugar porque me sentia legalmente responsáel, tendo de denunciar casos de abuso contra crianças. Mas naquele momento eu não tinha ideia do que dizer àquela mulher.

Finalmente, perguntei a ela se nunca havia pensado em ir a uma igreja para pedir ajuda. Nunca me esquecerei do olhar assuatado que vi em seu rosto. "Igreja!", ela exclamou. "Por que eu iria a uma igreja? Eu já me sinto terrível o suficiente. Eles vão me fazer sentir ainda pior.
"

O que me impressionou na história de meu amigo é que mulheres muito parecidas com aquela prostituta procuraram Jesus, não fugiram dele. Por pior que uma pessoa se sentisse a respeito de si mesma, ela sempre o procurava como um refúgio. Será que a igreja perdeu esse dom? Evidentemente, os desvalidos que recorriam a ele quando vivia na Terra já não se sentem bem-vindos entre os seus discípulos. O que aconteceu?

Philip Yancey - Maravilhosa Graça

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