Alforria-me


Como agradar ao meu senhor, se minha conduta contrapõe os meus pensamentos?
Pode haver um agir correto proveniente de uma mentalidade não convertida?
Meus pensamentos não são Teus, antes fossem, e aí sim seria um escravo submisso, mas por ser feito livre pra pensar, percebo que minha mente ainda não foi cativada a ti, meu Senhor.
Sendo assim tornei-me o mais hipócrita dos servos, pois sujeitei a ti o meu corpo, mas tornei minha mente rebelde. Aquilo que aparento ser eu te entreguei, mas aquilo que sou na verdade ainda não abri mão.
Por isso escrevo-lhe esta carta, peço por alforria.
Não quero ser livre de ti, mas sim de mim. Quero libertar-me das correntes que me prendem e que me fazem ter a sensação de andar com um peso em meus ombros. Quero liberdade daquilo que me prende e me impede de ser totalmente preso a Ti.
Quero ser preso eternamente em seu amor, em sua bondade, em sua mansidão, em seu juízo e em sua graça. Não quero outro dono, senão o Senhor. Não quero outro reino, senão o seu e não quero outra vida, senão a sua vida em mim.
Carrego em meu coração a vergonha de não ser um servo submisso, vergonha de por tantas vezes fugir de Ti. Fujo daquilo que quero, mas daquilo que desejo fugir prendo-me cada vez mais. Quando me ofereces vida quero morte, quando percebo a morte clamo por sua vida.
Por que me fizeste livre se o segredo da vida é tornar-se preso ao seu amor?
Meu coração descansa sabendo que observarás não as palavras de minha carta, mas sim os sentimentos contidos por trás de cada letra.
Fizeste-me preso ao amor, porque tornastes a vida livre o seu segredo!
Liberta-me, mas não de Ti e sim de mim.
Livra-me de ser livre, se liberdade for se afastar do teu amor.
Converta minha mente, para que seja teu por completo e não por aparência.
Sou teu escravo e só Tu és meu Senhor!

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